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Sweet & Sour: Filme sul-coreano de comédia romântica explora a relação entre trabalho e fases do relacionamento
Para quem gosta de comédias românticas que não se aprofundam no drama, o filme sul-coreano Sweet & Sour proporciona um bom entretenimento, mas deixa a desejar nas questões que poderiam ser mais exploradas. Dirigido por Kae-Byeok Lee, com roteiro de Lee Gye-Wook que foi baseado no livro Initiation Love, de Kurumi Inui, o filme de 2021 foi um dos lançamentos de junho de 2021 pela Netflix.
A exaustão de sul-coreanos por causa do trabalho é algo bem presente nas produções audiovisuais do país. Logo no início da história, uma das personagens principais do filme surge em cena: Da-eun (Chae Soo-bin), uma enfermeira que parece gostar do seu trabalho, embora não esconda a insatisfação com os plantões e acabe tentando encontrar brechas para recarregar as energias.
O roteirista consegue entreter bem o telespectador, brincando com a linha do tempo e pelas coincidências artificiais ou espontâneas que vão surgindo ao longo do filme, dando um toque mais emocional – porém, mesmo que seja uma comédia romântica, diferente dos dramas coreanos que se aprofundam na parte dramática, Sweet & Sour acaba pecando ao não mergulhar fundo nas emoções diante de eventos tão marcantes na vida de um indivíduo.
Por outro lado, esse distanciamento das emoções pode ser visto como uma crítica à vida adulta nas sociedades que hipervalorizam os aspectos profissionais e acabam negligenciando a própria vida pessoal, pensando tanto no futuro que bloqueiam as emoções do presente. Sem mencionar a questão do esgotamento que fica bem evidenciada no filme, das promessas profissionais e de como para tentar se encaixar, mesmo sem energia, os funcionários são incentivados a interagir com o resto da equipe e a linha ética acaba sendo cruzada.
Devido à primeira parte do filme, os comportamentos de Jang-hyuk (Jang Ki-Yong) causam estranhamento no telespectador, mas tudo vai se esclarecendo ao longo do filme. A presença de uma terceira personagem, Bo-young (Krystal Jung), também torna o filme mais dinâmico, que envolve até o final, mas mais uma vez, falha no aprofundamento das emoções, seja pela relação que se constrói entre os personagens e suas intenções, ou por não explorar tanto os históricos dos personagens.
Como o próprio título do filme lembra ‘Doce e Azedo’, o roteiro trabalha os pontos de viradas em um relacionamento amoroso, a transição em que o amor vai da parte adorável e acaba se tornando indesejável. Embora fique bem claro quem é o responsável por acelerar o fim do relacionamento, há pontos que também poderiam ser discutidos sobre os diferentes funcionamentos mentais e dos diferentes contextos sociais – sem o aprofundamento, as atitudes dos personagens despertam críticas de ambos lados, fazendo um parecer extremamente frio, sem especular até mesmo um possível burnout e a outra tão carente a ponto de emular um relacionamento de substituição, procurando a pessoa no outro.
Nos momentos doces, Sweet & Sour consegue passar um toque de nostalgia conferindo episódios-chave nos primeiros passos de um casal, e nos momentos mais azedos, nos lembra o quanto a vida adulta pode empurrar pessoas para diferentes direções, muitas vezes, vencidas pelas diferenças de horários, pelo cansaço constante e acentuando o desencontro entre expectativas, personalidades e realidades.
Uma comédia romântica, com um toque de realismo, de quem não floreia tanto os relacionamentos amorosos na sociedade moderna, porém que deixa a relação um tanto superficial e gelada.
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