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Destaques

Navillera: Drama coreano sobre o amor pelo balé na terceira idade

Quanto tempo dura um sonho de infância? Após uma vida inteira sonhando com o balé, um homem na terceira idade decide finalmente tornar realidade, com a ajuda de um jovem bailarino apaixonado pela dança. O telespectador acompanha essa não tão improvável amizade e união por uma paixão em comum no drama coreano Navillera , dirigido por Dong-Hwa Han em 2021, adaptado pelo roteirista Lee Eun-Mi em uma webtoon. Por ter mais de 70 anos, além de ter que lidar com as próprias limitações do corpo, como a flexibilidade e dificuldades de equilíbrio, o Sr. Shim (In-hwan Park) se arrisca em algo mesmo com o preconceito por parte da família em relação ao balé e à idade em que ele decidiu começar a praticar.  Do outro lado, ao mesmo tempo em que treina balé para um concurso, Chae Rok (Song Kang) assume a missão de ensinar Shim o básico sobre a dança clássica. O que se inicia como uma estranha relação adquire novos contornos conforme eles vão se aproximando e criando um vínculo que vai além das aulas

You Are My Spring: Série coreana de romance e suspense sobre as transformações pelas dores e afetos

You Are My Spring (Você É Minha Primavera) é uma série de drama de muitas camadas, que apresenta personagens com passado tristes e sombrios, cujas histórias de vidas contrastam com o título da obra e, ao mesmo tempo, revelam a capacidade do ser humano de reescrever o presente e o futuro ainda que a personalidade tenha sido moldada nos períodos difíceis da infância.

Do diretor Jung Ji-Hyun e roteirista Lee Mi-Na, a série que estreou originalmente na tvN, agora está disponível em vários países por meio da Netflix. Dá para perceber que houve esforço na construção dos personagens, conectando suas infâncias e presentes de forma consistente: o que torna ainda mais interessante, graças a um dos protagonistas, Joo Yeong-do (Kim Dong-wook), um psiquiatra com uma visão mais humanizada sobre saúde mental e que tem compaixão pelos que sofrem – bem diferente de muitos profissionais representados na ficção e que existem na vida real, muitas vezes com uma abordagem tão focada para medicação que não dão a devida atenção para as questões pessoais.

Funcionária de um hotel, Kang Da Jeong (Hyeon-jin Seo) vê sua vida cruzar com a de outros personagens que consciente ou subconscientemente sabem que estão unidos por episódios do passado. Este elo entre esses eventos faz com que a história se torne mais gostosa de acompanhar, com um roteiro que sabe brincar com diferentes elementos da narrativa e proporciona momentos de suspense e tensão com a doçura e ansiedade dos encontros e desencontros dos personagens.

Balancear uma história com momentos de romance e de suspense, sem ficar água com açúcar demais ou tornar a história do relacionamento superficial demais ao se focar em excesso nos mistérios pode ser desafiador, mas You Are My Spring consegue cativar ambos lados, mantendo o telespectador curioso para saber mais sobre quem está por trás dos assassinatos e a história de fundo que afetou a infância de inúmeras crianças e o lento desabrochar de um relacionamento marcado pelas inseguranças do passado, mas também pelo excesso de cuidado e temor de um machucar o outro.

Além de traumas relacionados à violência e à negligência, a série também aborda a questão do luto e da saúde mental – como algumas pessoas têm uma visão distorcida sobre como devem lidar com as emoções, tentando suprimi-las em vez de senti-las ou ignorando a necessidade de buscar ajuda por vergonha, ignorância ou orgulho.

Não dá para revelar muito sobre o suspense da série sem dar spoiler, mas o roteiro consegue amarrar bem a relação entre causa e consequência para o comportamento humano, tanto dos momentos de dores e solidão, como dos momentos de amor e alegria compartilhada. 

No final das contas, embora o título traga primavera, remetendo à noção da importância da luz e sombra para que as plantas possam florescer, também explora esse conceito na natureza humana: o excesso de cuidado pode revelar o medo de ferir e trazer à tona um egoísmo superprotetor, mas no amadurecimento pessoal e dos relacionamentos, os personagens encaram suas emoções e tentam encontrar no equilíbrio a sintonia necessária para que possam seguir em frente.

Para quem gosta da indústria cultural da Coreia do Sul, como uma das personagens é atriz e outro é um idol – algo recorrente em alguns dramas coreanos –, dá para conhecer um pouco a pressão que os artistas vivem relacionados às vidas pessoais e um cuidado quase que obsessivo para não desagradarem seus fãs, muitas vezes, abrindo mão da própria felicidade e de momentos de intimidade. Ao mesmo tempo em que serve como uma crítica ao modo que esse mundo funciona, também reforça a crítica ao sistema um tanto problemático no qual alguns fãs não percebem como suas atitudes também afetam a saúde mental daqueles que eles admiram. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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