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Grimório das Bruxas: Livro do historiador Ronald Hutton traça origens e transformações da bruxaria nas sociedades
Para quem gosta de curiosidades históricas e a temática da bruxaria, o livro Grimório das Bruxas (The Witch: A History of Fear, from Ancient Times to the Present) é uma ótima indicação de leitura sobre as diferentes origens e visões sobre bruxas, bem como sobre fenômenos associados à magia, ao longo dos séculos e em diferentes regiões do mundo. A obra do historiador Ronald Hutton foi traduzida por Fernanda Lizardo e publicada no Brasil pela editora DarkSide Books, em 2021. Não gostei da tradução do título, tirou um pouco do viés histórico da obra, embora entenda o motivo de marketing/comercial por trás da proposta.
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Aos que já estão familiarizados com o universo do paganismo e da bruxaria, a leitura deste livro pode trazer muitas informações novas sobre semelhanças e divergências sobre o assunto relacionadas às diferentes culturas e às épocas nas quais os fenômenos foram descritos e documentados, seja por meio de estudos e registros históricos, ou por influências artísticas e literárias.
O autor apresenta definições do que é bruxaria, revelando que o objeto de estudo de historiadores trazem pontos em comum, mas também levantaram discussões ao longo do tempo. Aliás, não só sobre bruxos, mas outros termos como xamanismo, que poderia ser associado de forma mais restrita aos determinados grupos de regiões específicas ou poderia ter sua visão ampliada de acordo com características similares, ainda que não preenchessem todos requisitos identificados por determinados estudiosos.
O medo da bruxaria é um dos pontos fundamentais abordados no livro, uma emoção presente no inconsciente coletivo de diversas sociedades do mundo e que foi responsável por estimular a identificação, tortura e assassinato de incontáveis pessoas, em sua maioria, mulheres. No entanto, vale lembrar que os bruxos eram vistos de maneira diferente e que, independente se haviam realizado algum trabalho mágico ou não, as punições pelas desgraças, doenças e mortes eram usadas como forma de justificar todos horrores cometidos contra indivíduos com determinados comportamentos e características.
As questões econômicas, sociais e políticas, bem como a forte influência da religião, dos folclores e das mitologias estão entre os elementos que podem ter contribuído para a construção de estereótipos sobre a bruxaria e a magia, assim como a maior ou menor necessidade de criminalizar pessoas que utilizavam dos meios mágicos para causar prejuízos aos outros e mesmo aqueles que usavam para o bem próprio. É curioso ver que mesmo pessoas que enfrentavam as bruxas e se utilizavam de alguns artifícios, em determinados períodos foram vistos como protetores e, posteriormente, também foram julgados, além dos eventuais linchamentos que não eram registrados.
O livro é excelente, mas como mencionei, por causa da tradução do título, como não há texto na contracapa e em muitas livrarias a obra está lacrada, pode induzir o leitor a acreditar que a obra se trata de uma coisa mais mística, mágica e neopagã, quando, na verdade, é um material de relevância histórica sobre como a visão sobre a bruxaria foi se transformando e influenciando e sendo influenciada por diferentes culturas.
Dos egípcios, gregos e romanos, passando por diferentes regiões de um pouco de cada um dos continentes, Ronald Hutton faz um ótimo levantamento sobre como o medo pode moldar o imaginário coletivo e como as confissões eram induzidas, muitas vezes, sob tortura. Além disso, mesmo quando havia evidências de objetos mágicos com os acusados, por se tratar de algo que as pessoas não poderiam ver como a magia, não só aconteceram muitas prisões e execuções, como também muitas vidas foram poupadas, seja devido às inconsistências das denúncias fantasiosas e/ou pela dificuldade de comprovação.
Das raízes da bruxaria, passando pela tentativa de associá-la ao satanismo para fins de demonização de seus praticantes e proibições tanto da magia quanto dos materiais de estudo, um breve capítulo do livro aborda como a bruxaria se reinventou, tentando se afastar das significações produzidas por cristãos. Não tão diferente de como era no que dizia respeito às influências de diferentes mitologias e folclores e de sua relação com a natureza, mas reescrevendo a narrativa e ressignificando aquilo que foi visto por uma ótica negativa graças à intolerância religiosa e motivações políticas, sociais e econômicas.
Sobre o autor – Ronald Hutton (1953) é historiador e pesquisador nascido na Índia e criado na Inglaterra. Graduou-se em Cambridge e depois em Oxford, e obteve uma bolsa no Magdalen College antes de ir para a Universidade de Bristol, em 1981, onde é professor ainda hoje. Ronald Hutton é autoridade em história das Ilhas Britânicas nos séculos XVI e XVII, contexto global das crenças da bruxaria, paganismo antigo e magia, tendo escrito cerca de catorze livros sobre estes assuntos. Além disso, Hutton participou de documentários e programas de rádio, como A Very British Witchcraft e Professor Hutton's Curiosities, ambos de 2013, entre outros.
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