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Destaques

Alguma paz

A vida era mais do que frases de efeito e pensamento mágico. Muitas vezes, era sobre como realmente se sentia. Ser sincero consigo mesmo nem sempre era fácil, mas necessário.  Aceitar que, em algumas situações, não fazer parte da vida do outro é o mais saudável para os dois. Assim como acreditar que o contrário também era possível. Era enxergando os dois extremos que poderia encontrar um lugar no meio. Então, a dor que havia sentido um dia, desaparecera. Não era nada mágico. Não era simples efeito do tempo. Era processar as emoções e aceitar as coisas como eram. O exercício de lidar com a frustração era algo diário, mesmo quando não imaginava que estava fazendo. Era somente ao lidar com aquilo que o incomodava, que realmente poderia se libertar. Não era fácil, mas era como finalmente tinha encontrado alguma paz. A paz vinha de ter abandonado a necessidade de agradar aos outros, ainda que desagradasse a si mesmo no processo. A paz vinha de entender que a esperança nem sempre era uma...

The Puppet Master: Série documental da Netflix traz casos de vítimas de um sociopata vigarista

Para quem está procurando algo intrigante para assistir na Netflix, a série documental The Puppet Master: Hunting the Ultimate Conman apresenta uma daquelas histórias que as pessoas nunca se imaginam acontecendo com elas, até que o pior acontece. Um sociopata manipulador encontra várias presas fáceis, interessado no dinheiro delas, ao mesmo tempo em que conta histórias sem pé nem cabeça para isolá-las dos familiares e dos amigos, em uma jornada marcada pelo medo, fuga e diferentes estratégias de lavagem cerebral.

Muitas vezes associada às seitas em uma escala maior, muita gente ainda desconhece os danos que uma pessoa manipuladora pode causar, a ponto de duvidar de si mesmo e da própria sanidade, situação que só piora quando ela é incentiva a cortar todos laços e fica presa num ciclo de total dependência da validação do outro, como se tivesse que pedir permissão até para existir.

Quantas pessoas foram vítimas de Robert Hendy-Freegard? A série documental se foca principalmente em três casos, de forma que não dá para saber ao longo da vida quantas pessoas e em qual grau foram afetadas pelas ações de um homem que se passava por agente de espionagem, iludia suas vítimas tentando passar uma imagem de bem-sucedido e criava várias histórias para fazer suas companhias e os familiares delas depositarem dinheiro para ele.

Os efeitos deste nível de abuso psicológico, físico e sexual, embora individuais, afetam todos ao redor. Os prejuízos financeiros que muitos familiares tiveram ao embarcar nessa jornada de mentiras são indescritíveis. Porém, o mais preocupante quando falamos de casos assim, são as questões da mente: o sociopata que se diverte quebrando o espírito do outro, sem remorso algum, e não só priva suas vítimas da liberdade, como cria muros imaginários e queima todas pontes, levando ao completo isolamento.

Além de trazer entrevistas com profissionais envolvidos na investigação, a série documental se diferencia ao entrevistar vítimas e seus familiares. As reviravoltas do julgamento são chocantes, como em muitos casos que vão à justiça, os advogados se aproveitaram das brechas – o que só revela as humilhações que vítimas desses tipos de crimes são submetidas.

Como acontecem em muitos relacionamentos abusivos e codependentes, a ficha de algumas vítimas demora para cair e, às vezes, mesmo com alertas feitos pela própria polícia sobre o histórico de Robert, uma delas continuou ao lado dele e cortou laços com a família, de forma que após conhecer mais sobre o passado do homem, muitos ainda não perderam a esperança de retomar contato com a mulher. 

A parte triste e chocante da série documental é ver o relato dos filhos e do ex-marido sobre como os comportamentos da mulher foram mudando após conhecer o vigarista. De forma similar a muitas vítimas de lavagem cerebral e seitas, o simples contato não é suficiente para fazer a pessoa enxergar a realidade e se livrar das amarras mentais que foram criadas dia após dia.

Uma série documental ótima para refletir sobre os perigos de conhecer a pessoa errada e de como mesmo quando os meios legais são envolvidos, há falhas que não só provocam sofrimento para os que já foram vítimas, como possibilitam que outras pessoas possam continuar caindo nos mesmos golpes. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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