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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

A Caixa de Vidro

O dia em que a caixa de vidro descobriu que não era tão frágil como imaginava e talvez fosse preciso algo maior para danificá-la. Passada de mão em mão, se viu tremer a cada movimento, temendo que alguém fosse deixá-la cair ou trincar por conta das frustrações.

Não era tão sensível quanto imaginava. Não se deixaria levar pela ansiedade que sempre sussurrava coisas ruins ao seu ouvido. Não, no final da história, a caixa de vidro permaneceu inteira e quem sabe havia criado mais espaço para novas histórias.

O medo de se deixar quebrar havia desaparecido lentamente. Não se sentia completamente seguro, mas agora sabia que não ia quebrar tão fácil e se mergulhara em uma onda de caos, capaz de tirá-lo temporariamente a sanidade e o jogado em um mundo onde nada parecia ser o que era.

Pensou em quanto tempo havia ensaiado até o momento. O que para alguns parecia fácil, para ele parecia algo de outro mundo: fazer contato com alguém e se permitir baixar a guarda, revelando toda sua transparência incapaz de esconder. Levara três anos até aquele momento, optando pela reclusão com medo de que ninguém fosse querer alguém como ele era.

O fato de não ter quebrado na primeira vez não significava que não poderia vir a quebrar no futuro. Mas estava cansada de pensar no passado e mais exausta ainda de pensar nos medos irracionais, estava disposta a seguir em frente, na esperança de que alguém a segurasse com intensidade e cuidado, sabendo que não iria trincá-la.

Foi somente ao abrir sobre suas vulnerabilidades que entendeu que não deveria ser a única a escolher, que mesmo estando em um cenário de limitações e restrições, que não poderia fazer a escolha pelo outro e se fechar, como se nada tivesse acontecido.

Não, os dias passaram e longe de criar expectativas irreais, entendeu que talvez a caixa não fosse tão assustadora para o outro, que não precisava proteger o outro de si mesmo. Foi entre lições aprendidas que a caixa seguia firme e forte. 

Estaria mentindo se dissesse que o medo havia desaparecido, mas talvez um dia encontrasse alguém que fosse capaz de segurá-la de maneira acolhedora e soubesse que embora não tivesse controle de quando a tempestade viria, estaria ao seu lado para entender e manter a caixa de vidro grudada por uma cola que tornasse mais difícil de quebrar. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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