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Destaques

Um Natal diferente

Um Natal diferente. Um Natal sem carregar velhos fantasmas do passado, para se permitir viver o aqui e agora e encerrar um ciclo que já precisava ter encerrado faz tempo. Talvez por fora tudo fosse igual. Talvez tudo parecesse diferente. Mas a verdade era que alguns vínculos se tornavam pesados demais e não valiam a pena manter. Não, nenhuma relação unilateral valia o tempo. Escrevia para se lembrar o quanto algo assim parecia impossível há uns anos. Escrevia para dizer que pouco a pouco havia aprendido a se libertar. Se importava menos com o que os outros pensavam e focava nos próprios limites. Seria um Natal diferente, como deveria ser há anos. Algumas relações se desgastam com o tempo e não têm salvação, não importa o quanto você tente encaixar. De tanto ir deixando ir aos poucos ao longo dos anos, finalmente havia chegado a hora de se soltar de uma vez por todas. Escrevia para dizer o quanto era libertador e que não havia espaço para arrependimento, aliás, recomendava o mesmo ao ou...

Mesma língua

Estar com alguém que falava a mesma língua era algo tão importante, que ele só se dava conta quando encontrava o oposto do esperado. Se sentia um alienígena tentando fazer contato pela primeira vez, sabendo que havia um preço a se pagar se falhasse.

A mente girava e um desconforto subia dos pés à cabeça. Frustração, essa era a palavra que estava procurando para definir o que havia sentido, sentia e sentiria, quase como se estar em sintonia fosse um milagre inalcançável, que exigia uma fé que ele não sentia.

Era assim sempre que os dedos deslizavam pelo teclado e desistia de enviar uma mensagem. Era assim sempre que recebia uma mensagem nova, como se encarasse algo indecifrável. Era como se os dois estivessem condenados, em uma espécie de maldição da linguagem, capaz de aterrorizar quem testemunhasse.

A mente buscava por um consenso, mas as palavras e as atitudes eram tão diferentes que causavam uma série de nós nos pensamentos. De repente, já nem sabia como reagir e encontrava acolhimento no silêncio, ciente de que os dois falavam monólogos paralelos para si mesmos e não havia um fio vermelho que os conectavam.

Perguntava-se se chegaria o dia em que estariam na mesma página, da mesma história e as duas línguas se tornassem uma só, em uma dança espelhada, na qual a ansiedade cedia espaço para a tranquilidade e os dois deixassem de falar sozinhos. Uma espera que não sabia se valia a pena.

Talvez aceitar que as diferenças nunca seriam sobrepostas não era só uma maneira de estabelecer limites, mas de também ter empatia e compaixão pelo outro. Parar de lutar contra as diferenças e aceitar que sempre seriam assim, talvez era tudo o que precisava. Estavam destinados a não se encontrarem e a dor que os dois sentiam, em breve sumiria.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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