Pular para o conteúdo principal

Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Palavras e danos colaterais

Palavras e danos colaterais. Às vezes, você não está preparado para um tiroteio quando ele acontece. Palavras ditas de forma tão rápida que é impossível voltar atrás. De repente, todas conversas se resumem a uma só e todo passado é varrido de modo que só resta juntar os pedaços e seguir em frente.

E se eu perdoar mais uma vez? E se eu for perdoado mais uma vez? E se os dois finalmente perceberem que não dão certo e seguirem rumos diferentes? A ideia de que era só questão de tempo até tudo se repetir o atormentava. Era como se os dois fossem o oposto do que precisavam e despertavam o pior um do outro, uma combinação um tanto tóxica, o contrário do que procurava.

Há coisas que quando são ditas não havia como voltar atrás. A consciência de que não havia vítima nem vilão, seja de forma consciente ou subconsciente, os dois puxavam o gatilho um do outro e era como se nunca estivessem em paz, como se uma guerra fosse se desenvolver a qualquer momento.

Entre machucar e ser machucado, tudo o que sabia era que nenhum dos dois precisava passar por aquilo. Eram uma mistura que não dava certo e quanto mais tentavam se aproximar um do outro, mais se machucavam com suas palavras inflamáveis, capazes de causar combustão um no outro.

Paz. Uma palavra, três letras. Era o que precisava naquele momento e só havia um modo de conseguir: se distanciando. Encerrando um ciclo que se repetia e o fazia mais mal do que bem. Deixando ir toda parte boa, mas também a ruim: abrindo espaço para descobertas e novas memórias. Percebendo que sua tranquilidade não tinha preço e colocando um ponto final, onde antes estavam vírgulas.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Comentários

Mais lidas da semana