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Destaques

Terminar de processar as emoções

Processar as emoções era muito mais importante do que fingir que algo não aconteceu. Era reconhecer os próprios erros e acertos e se permitir sentir as coisas boas e ruins. Era tentador fingir que nada aconteceu. Mas também era imaturo, também era um sinal de que havia se desconectado do real e emoções não processadas voltariam de um jeito mais cedo ou mais tarde. Foi reconhecendo os dias bons, mas acima de tudo, sentindo os ruins. Foi deixando tudo para trás, consciente de que não havia mais nada para revisitar, não havia pontas soltas. Então, de tanto sentir tristeza, dúvida e medo, havia sentido intensamente as emoções de forma que elas já não cabiam mais dentro de si. Ia se despedindo das emoções negativas, das emoções positivas, e abrindo as portas para novas emoções chegarem. Tudo o que sabia era que ficar em negação não era a resposta que buscava. Os dias pareciam que nunca iam chegar ao fim, mas finalmente se sentia livre do fantasma do outro.

Palavras e danos colaterais

Palavras e danos colaterais. Às vezes, você não está preparado para um tiroteio quando ele acontece. Palavras ditas de forma tão rápida que é impossível voltar atrás. De repente, todas conversas se resumem a uma só e todo passado é varrido de modo que só resta juntar os pedaços e seguir em frente.

E se eu perdoar mais uma vez? E se eu for perdoado mais uma vez? E se os dois finalmente perceberem que não dão certo e seguirem rumos diferentes? A ideia de que era só questão de tempo até tudo se repetir o atormentava. Era como se os dois fossem o oposto do que precisavam e despertavam o pior um do outro, uma combinação um tanto tóxica, o contrário do que procurava.

Há coisas que quando são ditas não havia como voltar atrás. A consciência de que não havia vítima nem vilão, seja de forma consciente ou subconsciente, os dois puxavam o gatilho um do outro e era como se nunca estivessem em paz, como se uma guerra fosse se desenvolver a qualquer momento.

Entre machucar e ser machucado, tudo o que sabia era que nenhum dos dois precisava passar por aquilo. Eram uma mistura que não dava certo e quanto mais tentavam se aproximar um do outro, mais se machucavam com suas palavras inflamáveis, capazes de causar combustão um no outro.

Paz. Uma palavra, três letras. Era o que precisava naquele momento e só havia um modo de conseguir: se distanciando. Encerrando um ciclo que se repetia e o fazia mais mal do que bem. Deixando ir toda parte boa, mas também a ruim: abrindo espaço para descobertas e novas memórias. Percebendo que sua tranquilidade não tinha preço e colocando um ponto final, onde antes estavam vírgulas.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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