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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

A difícil mudança de hábito

Embora alguns façam promessas fáceis sobre mudanças de hábitos, muitas vezes pode ser mais complexo do que imaginamos. Não era como se existisse um botão de ligar e desligar, o qual você pudesse apertar em segundos, especialmente quando eram hábitos de anos e envolviam substâncias.

Tentar era melhor do que não tentar. Mas também saber lidar com a frustração no caso de não conseguir as primeiras vezes. O processo envolvia seus altos e baixos e nem sempre era linear como se esperava. Muitas vezes, envolvia aprender a dizer não mesmo quando você queria dizer sim.

Era por meio da tentativa e falha que ia anotando seus pequenos avanços. Não tinha que se justificar a ninguém, era algo que havia escolhido para si mesmo. Sem a pressão externa, se permitia tentar e tentar, recomeçar quantas vezes fossem necessárias.

Quando a sensação era tão forte que afetava sua concentração, era difícil tentar colocar o foco em outra coisa. No entanto, sabia que fazia parte do processo. Não tinha como acelerar os dias e chegar ao ponto em que conseguira mudar e já não era mais incomodado, não, às vezes precisava passar por tudo aquilo, tantas sensações incômodas que davam vontade de desistir.

Aos poucos, ia aumentando sua dose de autoconhecimento. Reconhecendo quais mudanças aconteciam logo nas primeiras horas em que tentava mudar um hábito. Admitia que se não conseguisse parar por conta própria, tentaria buscar ajuda profissional, não era algo que precisava necessariamente passar sozinho.

Aumentando sua caixa de ferramentas, ia testando e anotando possibilidades. Ao parar um hábito que envolvia substância e que afetava sua mente mais do que imaginava, seria capaz de se manter livre por quanto tempo? Teria recaídas ou conseguiria se manter firme no propósito? Eram muitas perguntas que não tinha respostas, as quais estava tentando descobrir dia após dia.

Então, imaginava o dia que chegaria em que não precisasse ficar contando os dias. O dia em que tudo aquilo era tão parte do passado, que sequer lembraria no presente. Mas para esses dias chegarem, antes precisava encarar o desafio de frente. Nada fácil, como muitos fazem parecer. Nada impossível que não possa continuar tentando. Passava os dias assim, tentando. Pequenas vitórias que só ele sabia. Pequenas mudanças que esperava levar a uma grande mudança. E tudo só era possível acontecer assim: tentando.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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