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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

O caminho nunca percorrido

O caminho nunca percorrido, às vezes, era a direção que precisava ir. Nem sempre era fácil lidar com o desconhecido, mas se havia algo que a vida havia o ensinado era de que algumas coisas, você só descobre ao tentar. Então, talvez era isso que precisava fazer: tentar, independente do medo de falhar.

Tentou se lembrar da última vez em que a ansiedade estava sob controle. Pequenos momentos do dia, enquanto escrevia, caminhava, pedalava, praticava yoga, assistia séries e filmes, ouvia suas músicas favoritas. Eram pequenos momentos que ajudavam a suportar a ansiedade no resto do dia.

O que acontece quando você precisa eliminar um comportamento que ajuda a aliviar a ansiedade e ao mesmo tempo aumenta sua ansiedade? O cérebro tem dificuldade de distinguir se a ideia é realmente boa e se vale a pena sequer tentar.

Transtorno de Ansiedade Generalizada era como se chamava. Era desafiador quando você tinha mais de um diagnóstico. Às vezes, o uso de substância, como fumar cigarro, era uma falsa aliada. Por alguns minutos poderia dar uma sensação prazerosa, mas quanto menos você se dava conta, estava preso em uma rotina na qual não conseguia mais viver sem o cigarro.

Dizem que quando vamos abrir mão de um comportamento, precisamos de outro para preencher o espaço. O que acontece quando você é um fumante compulsivo e o cigarro preenche boa parte do seu dia? Às vezes, vem uma sensação temporária de vazio. Às vezes, a sensação de fissura toma conta do corpo, implorando por mais um cigarro. Às vezes, o vício é tão forte que pode parecer impossível parar, mas se assim fosse verdade, ninguém teria conseguido.

Entre tentativas e erros, ia tentando reconstruir o dia a dia. Aos poucos, ia tentando desvincular algumas sensações, como a vontade que vinha de fumar após beber café ou de fumar como uma forma de autogratificação. Havia reduzido a ansiedade consideravelmente quando havia deixado um relacionamento tóxico para trás, mas a ansiedade nunca havia abandonado ele e nem iria, tudo o que poderia fazer era lutar diariamente contra o transtorno invisível, mas capaz de causar mais danos que as pessoas imaginavam.

Ia, então, tentando fazer um caminho que ainda não havia percorrido. Tinha tudo para dar certo e tudo para dar errado. Mas sabia que era somente tentando que iria descobrir, que não poderia se sabotar e desistir antes da hora. Ia aprendendo a lidar novamente com o desconforto, desconforto que era abraçado pelo cigarro. Se conseguisse reduzir o cigarro, já estaria feliz. Se conseguisse parar de uma vez por todas, era uma história para outro dia. No momento, tudo se resumia a tentar.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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