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Destaques

Dois meses sem fumar cigarro

Quando eu comecei a parar de fumar cigarro, a primeira coisa que eu tinha em mente era a de que não queria ser o tipo de pessoa que fica contando com frequência há quanto tempo estava sem fumar, até me dar conta da importância disso, pelo menos no início. Aos dois meses sem fumar cigarro, a tentação e a fissura diminuem, tornando mais fácil de lidar com a ausência da nicotina. No início, é normal que haja um estranhamento do horário em que costumava fumar agora estar sendo usado para outra coisa, mas com o passar do tempo, as coisas melhoram. Ao mesmo tempo em que não via a importância de contar o tempo sem cigarro, uma parte de mim não acreditava que conseguiria ficar tanto tempo sem cigarro, como se fosse ficar preso em um constante ciclo de recaídas, mas a verdade era que havia conseguido e tinha como plano continuar longe do cigarro. Então, sim, depois de um tempo sem o cigarro e a nicotina, as coisas realmente melhoram, não é só algo que dizem para inspirar a pessoa a não desi...

O silêncio nada inocente

Nem sempre o silêncio significa concordar com o outro, às vezes ele vem da noção de que não importa o que será dito, você será mal interpretado. Então, tudo o que resta é deixar o outro projetar em você, coisas que sequer passam pela sua mente, te julgar e aprender internamente a não se deixar levar pelo julgamento do outro.

Escutar sem reagir nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente diante de uma injustiça, mas pelo bem da sua saúde mental, muitas vezes você tem que deixar o outro pensar o que quiser de você e aceitar que uma invalidação do outro, não significa que você precisa aceitar como uma verdade absoluta.

Se você está em uma posição onde há pouco espaço para a expressão, muitas vezes é inevitável que você saia de uma conversa onde um dos lados se comunicou e o outro esteve no papel de mero ouvinte. Esse desequilíbrio nas relações geram interpretações erradas e cabe a cada um validar ou invalidar a invalidação do outro. Nem tudo o que é dito sobre você precisa fazer sentido e você tampouco precisa se explicar.

Às vezes, é preciso a escuta atenta de uma terceira pessoa, para que você não seja manipulado de alguma forma. A presunção de que alguém conhece tudo sobre você, mesmo te conhecendo há pouco tempo e ser interpretado de forma errada, pode afetar sua saúde mental. 

Por isso, tão importante quanto saber ouvir, é saber o que não ouvir, ou seja, o que não levar como uma verdade sobre você. Estamos fadados a validar e invalidar os outros, nem sempre de forma consciente, mas em alguns casos, é aprendendo mais sobre a auto-validação que você recupera sua paz mental.

Então, às vezes você é atendido por mais de um profissional, mas um deles sabe mais sobre você do que o outro e pode abrir os seus olhos e te ajudar no processo de aceitação ou não do que foi dito, de validar se você foi mal interpretado ou não. Por isso a escuta atenta é tão importante, para evitar mal entendidos.

Você diz A, uma profissional diz B e a outra diz C. Forma-se um triângulo, mas nem sempre seus lados estão em sintonia. É preciso, então, fechar os olhos para o outro e escutar a própria voz, entender quais realmente são seus desejos e pensamentos sobre o assunto e, então, devolver ou não para o outro aquilo que não te pertence.

O silêncio nada inocente de quem escuta tudo com atenção e consegue perceber incoerências na subjetividade do outro, que traz julgamentos sobre você que nem sempre correspondem à realidade. O silêncio que precisa ganhar voz, ainda que interna e ainda que você não expresse ao outro, acompanhado da liberdade de que de tempos em tempos seremos mal interpretados e aprender a deixar ao outro, o que é dele e validar ou não o que realmente serve para você. Um exercício de reflexão sobre a vida e saber deixar fora da mente aquilo que não é para você. Um silêncio que às vezes grita não, mas que é muito mais do que um simples silêncio.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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