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Destaques

Alguma paz

A vida era mais do que frases de efeito e pensamento mágico. Muitas vezes, era sobre como realmente se sentia. Ser sincero consigo mesmo nem sempre era fácil, mas necessário.  Aceitar que, em algumas situações, não fazer parte da vida do outro é o mais saudável para os dois. Assim como acreditar que o contrário também era possível. Era enxergando os dois extremos que poderia encontrar um lugar no meio. Então, a dor que havia sentido um dia, desaparecera. Não era nada mágico. Não era simples efeito do tempo. Era processar as emoções e aceitar as coisas como eram. O exercício de lidar com a frustração era algo diário, mesmo quando não imaginava que estava fazendo. Era somente ao lidar com aquilo que o incomodava, que realmente poderia se libertar. Não era fácil, mas era como finalmente tinha encontrado alguma paz. A paz vinha de ter abandonado a necessidade de agradar aos outros, ainda que desagradasse a si mesmo no processo. A paz vinha de entender que a esperança nem sempre era uma...

O diagnóstico oculto

Nas quatro paredes do consultório, muitas vezes, era quando poderia ser ele mesmo. Em mundo do diagnósticos e comorbidades, levantara uma possibilidade, a qual a psicóloga havia validado. Era mais uma coisa para ter que prestar atenção, mas de certa forma estava aliviado de encarar a verdade.

Muitas coisas sobre seus comportamentos poderiam ser explicados pelo diagnóstico novo. Isso ajudaria a mudar os comportamentos, a ter mais consciência e encontrar melhores maneiras de regular as emoções. Enfim, ajudaria com a empatia de uma forma geral.

É verdade que em pleno 2025, alguns diagnósticos ainda são vistos como tabus – como se houvesse um acordo de não falarem a respeito, ainda que isso possa fazer toda diferença na vida do paciente. Com mais informações e profissionais mais experientes, de um lado, vem uma onda de pessoas que acreditam que os diagnósticos estão crescendo por esses motivos, do outro, há quem não acredite nesses diagnósticos e acreditam que estão exagerando.

Não importa se você acredita nos diagnósticos ou não, isso não os tornam menos reais. É um pouco ofensivo quando você tem um diagnóstico e precisa se justificar: quando vem acompanhado de uma série de comorbidades, então, se torna ainda mais desafiador.

Então, em vez de sentir o medo que ainda vinha acompanhado do tabu, medo que ele mesmo tivera – não queria mentir para si mesmo –, tentava se focar nos pontos positivos e na compreensão de que alguns comportamentos não eram tão aleatórios quando pareciam e era possível dar sentido às coisas. 

Ia deixando as palavras penetrarem a mente. Lentamente repetindo para si mesmo seu novo diagnóstico. Até perceber o quanto precisava mudar, mas também sem deixar se definir completamente por um diagnóstico. Lembrando que, acima de todo diagnóstico, no final, ainda era humano, inteiramente humano.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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