Pular para o conteúdo principal

Destaques

Mudança de energia

Mudança de energia: às vezes é tudo o que você precisa para reequilibrar as coisas. De repente, você se dá conta em quanta atenção tem dispensado para uma coisa e/ou uma pessoa, uma energia que poderia usar para outras coisas, às vezes é algo tão automático, que você se esquece da importância de dizer não. Era muitas vezes ao não dizer não para o outro, que estava dizendo não para si mesmo. O problema era quando a impulsividade ganhava força e se sentia cada vez menos no controle da situação. Era, então, quando se lembrava da importância dos limites, não só do outro, mas de si mesmo. Pensava na quantidade absurda de tempo que gastava fazendo companhia para o outro, um tempo que poderia usar para si mesmo. Pensava em como deveria estar usando o tempo para escrever, aprender algo novo, se divertir, conhecer outras pessoas, fazer qualquer coisa que não envolvesse o outro. Por que, diabos, deveria deixar o outro como uma prioridade, quando não era recíproco? Há dias pensava no que poderia ...

Pequenas mudanças

Era incrível o quanto as coisas mudavam em poucos dias, mas precisava ter coragem para continuar seguindo em frente em sua jornada. Estaria mentindo se dissesse que estava completamente livre de vontade de fumar cigarro, mas também estaria mentindo se não dissesse que a vontade havia passado bastante, como jamais imaginara.

As pedaladas e caminhadas pela manhã foram substituídas por caminhadas e corrida. Era quase como uma segunda dose de café, algo que precisava fazer para compensar a falta que a nicotina fazia. A verdade era que estava um pouco mais desatento e também um pouco mais cansado, mas também percebera que a ansiedade havia diminuído gradualmente – algo que não esperava, já que se acreditava que fumar ajudava na ansiedade.

Os dias estavam passando mais rápidos do que imaginava. Daqui uns dias, completaria duas semanas sem cigarro. Não gostava da noção de ter que ficar contando constantemente, mas sabia que fazia parte do processo, pelo menos até quando chegar a uma quantidade suficiente que o fizesse não olhar mais para trás.

Deixara de lado o arrependimento de não ter mudado o hábito mais cedo e começara a agradecer pelas pequenas mudanças. Sua respiração havia melhorado consideravelmente em tão pouco tempo e sentia o gosto dos alimentos e dos remédios, tentando se reajustar à realidade.

Poder correr sob a luz do sol proporcionara um prazer tão viciante quanto o de fumar. Era verdade que uma parte dele provavelmente nunca esqueceria completamente o cigarro, mas quanto mais dia ficava longe da substância, mais o seu corpo se recuperava em direção à saúde que costumava ter.

Se pudesse, correria o dia inteiro, até expulsar completamente a vontade de fumar, mas não era algo realista nem saudável. Ia, então, se reajustando de hora em hora, minuto a minuto, tentando lidar com o desconforto, o tédio e as emoções, tentando lidar com tudo aquilo que o cigarro parecia anestesiar. Só, então, para descobrir que era melhor sentir do que não sentir nada.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

Mais lidas da semana