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Destaques

Às vezes...

Tudo o que nunca fomos. Tudo o que nunca seríamos. Tudo o que não éramos. Havia um espaço dentro de mim que não poderia ser preenchido por todas palavras que representávamos um para o outro. Ia, então, se soltando lentamente, de quem havia se soltado de forma brusca. Ia dando tempo ao tempo e espaço para as coisas voltarem ao eixo. Escrevia para lembrar, escrevia para esquecer. Esquecer o quê? Nunca tinham passado de dois personagens cujas histórias jamais se cruzariam. Sequer poderiam ser definidos como colegas ou amigos, tampouco eram amores. Eram quase alguma coisa e nesse mundo de indefinições, às vezes era melhor não saber. Perdeu a conta de quantos dias o outro havia ficado sem responder. Perdeu a conta de quanto tempo havia se passado. De quando limites foram cruzados e quando promessas foram quebradas. Escrevia para dizer que a dor também fazia parte do processo de se sentir vivo. Escrevia para nomear as emoções e encontrar clareza em um universo de indefinições. Escrevia para ...

'O indivíduo, a técnica e um vazio ético no jornalismo'

O artigo 'O indivíduo, a técnica e um vazio ético no jornalismo' do jornalista e professor universitário Claudemir Hauptmann, tem como objetivo refletir a questão ética na rotina profissional do jornalista.

O que é o jornalismo? Hauptmann conta que muita gente sabe o que é, mas tem dificuldade de conceituar a palavra. "Mas seria possível dizer que o jornalismo nada mais é do que a prática de contar histórias. O jornalista capta o mundo e para poder informar sobre ele através de um dizer específico, conforma-o", conceitua.

Preocupadas com o lucro e com a redução de custos, o autor explica que as agências de comunicação fazem com que os jornalistas produzam mais, num tempo cada vez menor e com menos custos. Como exemplo citado no artigo, se antigamente em um grupo de dez jornalistas, cada um produzia duas pautas por dia, atualmente, cinco jornalistas fazem quatro ou cinco pautas diárias. O jornalista, segundo as palavras do autor, passou a oferecer quantidade como se fosse qualidade.

Ao falar sobre as técnicas, o autor lembra a mais conhecida de todas, a da pirâmidade invertida, que segundo ele é perfeita para as pretensões da fase empresarial do jornalismo ("alcançar públicos cada vez mais amplos"). Hauptmann critica a a falta de análise e interpretação dos fatos, e a atual preocupação com os registros puros e simples dos fatos, chamados por ele de 'fazer jornalístico raso'.

Para analisar o jornalista é necessário observá-lo como indivíduo e o contexto em que este está inserido. Hauptmann cita Bernardo Kucinski que fala sobre o paradoxo ético entre o individualismo e o código de ética e sobre a subordinação dos jornalistas aos ditados mercadológicos e ideológicos dos proprietários dos meios de informação.

Quando o autor vai abordar a ética, novamente a dificuldade em conceituar palavras aparece no artigo. Para o autor, não tem como conceituar ética como indivíduo para o jornalista, pois este depende não só dele mesmo, como dos patrões, fontes, público e políticos. Cabe ressaltar a citação de Eugênio Bucci utilizada pelo jornalista no artigo: "Ética, para Bucci, não são as posturas nem as generalidades superficiais dos códigos de ética. É a essência do bom jornalismo ao moldar o caráter dos profissionais, de forma a levá-los sempre a atender a função pública e social de divulgar tudo que é de interesse da sociedade, de forma correta".

Para concluir, o autor argumenta que nos últimos anos os jornalistas passaram a agir mecanicamente, devido aos modelos extremamente comerciais e a conversão de jornalismo em mercado. A preocupação com o maior número de informações diárias, a redução dos custos, redações enxutas, o individualismo e a desinformação são alguns dos reflexos do jornalismo nos tempos atuais. "Os jornalistas se perdem diante da quantidade de pautas diárias e os dilemas éticos não são prioridades nessa rotina. Eles precisam produzir, e muito, para garantir o emprego". Uma das soluções plausíveis para resolver esse problema de vazio ético dos jornalistas, de acordo com o autor , é o diálogo com os cidadãos. Hauptmann finaliza dizendo: "Afinal, o bem mais preciosa na vida de um jornalista não é seu emprego, mas sua credibilidade".

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