Os anos passam mais algumas músicas continuam fazendo sucesso. Neste mês do Orgulho LGBTQIA , Born This Way , da Lady Gaga , permanece sendo reconhecida como um hino LGBTQIA. Mais do que cantar sobre a causa, a importância da própria identidade e aceitação, a cantora da música lançada em 2011 é também co-fundadora de uma fundação que apoia comunidades LGBTQIA. Segundo informações do site da Born This Way Foundation , a missão é: “Empoderar e inspirar os jovens a construírem um mundo mais gentil e corajoso que apoia a saúde mental e o bem-estar deles. Baseado na relação científica entre gentileza e saúde mental e construído em parceria com os jovens, a fundação incentiva pesquisa, programas, doações e parecerias para envolver o público jovem e conectá-los com recursos acessíveis de saúde mental”. Mais do que uma música para inspirar a Parada do Orgulho LGBTQIA ou ser ouvida o ano inteiro, Born This Way deixou esse grande legado que foi a fundação que já ajudou muitos jovens LGBTQIA. E o...
Em 'Cinema e Tecnologias Digitais', texto publicado no livro 'História do Cinema Mundial', organizado por Fernando Mascrello, publicado em 2006, pela Papirus Editora, o autor Erick Felinto fala sobre a metamorfose do cinema. A transição dos filmes, em que as imagens eram gravadas e depois impressas em películas cinematográficas, e que agora podem ser gravadas e transmitidas em suportes digitais.
O cinema digital é caracterizado pelo armazenamento de imagens e sons em formatos de bytes, por meio de aparelhos computadorizados. Um dos apontamentos feitos por Felinto em seu artigo sobre essa desmaterialização dos filmes é a perda da fascinação que se tinha pelos fotogramas, causando nostalgia, mas também novas oportunidades. Esta crise, como o autor explica, não aconteceu somente na área do cinema, mas na literatura e artes plásticas também. Por exemplo, a literatura que era caracterizada pela arte do texto impresso, agora é pensada para diferentes suportes materiais. O cinema encontrou novos suportes e linguagens como forma de expressão, mas tanto o cinema, quanto literatura, estão lidando com o desafio de refinir suas práticas, poéticas e fronteiras.
Introduzir tecnologias digitais ao cinema facilitou os processos industriais e massivo, ampliou possibilidades estéticas e abriu caminho para os cineastas independentes. Os custos de um filme independente são menores do que eram antigamente, possibilitando a 'qualquer pessoa' produzir um filme. Felinto buscou três campos de abordagem desta reestruturação tecnológica e cultura do cinema: hibridações, interações e recuperações.
Hibridações e interações
Felinto fala sobre o movimento artístico Expanded Cinema, que teve inícios nos 1960, com a idéia de aproximar arte e vida e do entusiasmo das possibilidades com as novas mídias eletrônicas. Para os participantes do movimento, o cinema deveria ir além da visão e apelar para os diferentes órgãos dos sentidos, fazer uso de diferentes mídias e utilizar aparelhos que não fossem a película. Todavia, Felinto conta com base em Gene Youngblood, autor do livro Expanded cinema, que os participantes desta nova forma de se fazer cinema não estariam tão satisfeitos atualmente, pois a mesma tecnologia que revolucionaria e teria como premissa ultrapassar uma linguagem estereotipada por meio da experimentação, está criando produtos massivos.
A revolução digital nos cinemas traz à tona uma discussão que já existia na área cinematográfica de diferentes paradigmas, o realismo versus invenção, massivo versus erudito ou tradicional versus experimental.
Erick Felinto cita que a hibridação de formas, conteúdos e gêneros no cinema, em que a linha entre experimental e tradicional é difícil de distinguir, pode ser observada no filme Waking Life, dirigido e escrito pelo cineasta independente americano Richard Linklater, lançado em 2001. O filme que tem como tema central a lógica do sonho, tem uma narrativa fragmentária, que foge à tradicionalidade, foi gravado com câmeras digitais e atores reais, e teve as imagens transformadas em "figuras animadas, multicoloridas e mutáveis".
Para o autor, a hibridação de suportes e linguagens atendem à demanda de uma cultura sedenta por novas formas de experimentação sensorial e espectatorial. No Cinema 4D, por exemplo, o espectador interage com o filme, por meio de imagens tridimensionais, poltronas que se movem, emissão de odores, jatos de água e alto-falantes próprios.
Além de facilitar a produção de filmes, com as tecnologias digitais os realizadores independentes encontraram na Internet um ambiente de difusão e distribuição de suas obras, diminuindo a dependência das salas de cinema tradicionais e do grande mercado de vídeo. Neste mesmo cenário, as grandes produtoras utilizam a Internet para complementar a narrativa do filme e interagir com os consumidores.
A hibridação também pode ser observada nas adaptações de obras de outros produtos midiáticos para o cinema, como histórias de quadrinho, livros, jogos etc.
Recuperações
Felinto comenta que existe um paradoxo, ao mesmo tempo em que o cinema está passando por essa transformação digital, ele passa por uma recontextualização dos modelos e procedimentos das origens do cinema, "encontrar o mais antigo no que deveria ser o mais novo". Para o autor, com as tecnologias digitais os filmes não tratam somente da temática futurística, como supostemente deveriam abordar com mais frequência, mas aproveitam dos recursos e facilidades para remeter o telespectador de forma fiel, por meio de imagens, ao passado, e muitas vezes, recuperando um gênero quase esquecido, o épico.
No filme 'Gladiador' o Coliseu Romano foi reconstituído digitalmente