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Destaques

Sobre Reler Livros

Reler um livro era como tocar um tecido que você já usou várias vezes, como se fosse pela primeira vez. A textura parecia diferente; o cheiro não era o mesmo; Era impossível não imaginar na palavra que circulava pela mente: diferente.  E por que esperar pelo impossível igual? O leitor não era o mesmo. Um intervalo de tempo considerável havia se passado. O personagem que costumava ser o favorito talvez agora seja outro. O texto que escreveria a respeito do livro talvez jamais fosse igual. Era um diferente leitor, um diferente livro, uma diferente interpretação. Ler pelo mero prazer era diferente de ler pensando na resenha que escreveria em seguida. Escolher o livro de forma aleatória era diferente de já tê-lo em mente. Reler era diferente de ler, mas sobretudo, era uma nova forma de leitura: os detalhes que antes não chamavam a atenção, agora pareciam brilhar nas páginas. Não estava no mesmo lugar em que estava quando o leu pela primeira vez. Sua pele não era a mesma, tampouco seu céreb

Um andarilho no Rio de Janeiro

Viajar com pouco dinheiro é uma realidade para muitos universitários e jovens, como eu. Acompanhado de mais cinco acadêmicos de Jornalismo da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) conseguimos uma promoção de passagens aéreas para o Rio de Janeiro, onde participamos do IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. A viagem começou no dia 15 de novembro e terminou no dia 20 de novembro de 2011. Foram cinco dias repletos de diferentes sensações e emoções na cidade que não poderia ser descrita de outra forma do que aquela dada por Coelho Neto, "Cidade Maravilhosa".

Andarilhando pelo Rio de Janeiro.
Foto: Lis Gimenes

Economizar em outra cidade não é uma tarefa fácil, principalmente se essa for turística e bastante requisitada, como o Rio de Janeiro. Com uma quantidade limitada de dinheiro, aproximadamente R$ 500,00, uma das soluções encontradas, além das passagens aéreas, de Campo Grande (MS) para o Rio de Janeiro (RJ), na promoção compradas cerca de dois meses antes da viagem no valor de R$ 265,00 de ida e volta, foi a de ficar hospedado em um hostel, cuja diária em um quarto para 8 pessoas ficou no valor de R$ 65,00. Mas atenção, para conseguir uma vaga é preciso reservar a cama antecipadamente! Processo que pode ser feito por telefone ou até mesmo e-mail e varia de acordo com as condições do hostel escolhido.


Com um mapa em mãos, continuamos nossa jornada no Rio de Janeiro com a preocupação de economizar. Em cerca de três horas conseguimos conhecer três das principais praias da cidade carioca: Leblon, Ipanema e Copacabana. Hospedados a uma quadra da Praia de Leblon, andando pelo calçadão não há como se perder. Em um grupo de pessoas como estávamos, se você quiser apreciar a paisagem pelo caminho, tirar fotografias e parar para descansar um pouco, você consegue fazer o caminho em algumas horas, já sozinho andando em velocidade rápida ou correndo, o mesmo caminho pode ser feito em aproximadamente uma hora. A distância aproximadamente entre a praia de Leblon, passando pela praia de Ipanema, até a praia de Copacabana é de 10 km. Andando de uma praia até outra você se encontra com pessoas de diversas regiões do Brasil e de outros países, isto quando não acaba encontrando alguém da sua própria cidade, como me encontrei com um grupo de estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que também viajaram por conta do Congresso.

Um dos percursos mais feitos durante os meus dias no
Rio de Janeiro. Da Praia do Leblon até Copacabana.

Ao se aventurar em outra cidade com pouco dinheiro você acaba passando por alguns momentos inesquecíveis, sejam eles bons ou ruins. No meu segundo dia no Rio de Janeiro, ao caminhar pelas praias, acabei tomando um banho de chuva. Sim, o sol ficou bastante tímido na cidade e tornou-se um espectador distante, dando à chuva o papel de protagonista. É preciso dizer que mesmo com o céu nublado e com as pancadas de chuvas, "o Rio de Janeiro continua lindo". Aliás, uma cidade que eu só conhecia virtualmente e que é impossível retratar fielmente toda a sua beleza, mesmo em vídeo ou fotografia. Cinco dias não são suficientes para conhecer o paraíso, mas bastou uma manhã andando pela cidade para eu me apaixonar. Às vezes você pode estar vestindo ouro e sentir como se estivesse com um simples amarelo, ou estar com uma roupa amarela e sentir como se fosse ouro. Bom, apesar de o dia estar cinzento, os meus olhos captavam uma gama de cores e brilhos.

Mesmo com chuva continuamos percorrendo
as praias do Rio de Janeiro.
Foto: Ben Oliveira
Ficar trancado no quarto do hostel esperando a chuva passar ou continuar a trajetória pela cidade? Não preciso dizer qual foi a opção escolhida... Mesmo com a chuva, a nossa caminhada continuou pelos calçadões das praias, intercalados com a sensação de sentir a areia nos pés. "Loucos", deviam pensar quem nos via andando ensopados pela cidade. Afinal, quem está na chuva é para se molhar, não é mesmo? A nossa aparência externa não estava das melhores, chegando ao ponto de receber olhares, risadinhas e um motorista de caminhão cantando bem alto "Andando na chuva...", provocando gargalhadas no grupo, tudo isto levado em uma clima insano e esportivo de quem está mais preocupado com a própria felicidade do que com o que vão pensar de você.

Estar hospedado em uma região com muitas opções de restaurantes, bares e opções para lazer pode contribuir na economia com transporte. Em frente ao hostel em que eu estava hospedado tinha um restaurante e bar, que à noite sediava festas e atraía muitos hóspedes de hostels, principalmente gringos. Com o nome na lista para hóspedes de hostels consegui economizar R$ 20,00. Samba, sertanejo, eletrônico, o local era bem eclético, assim como o público que freqüentava. Em uma noite observando o ambiente e ouvindo as conversas, enquanto aproveitava para tomar um ar, descobri que lá estavam pessoas de vários lugares: África do Sul, Portugal, Noruega e Colômbia, por exemplo. Me senti em uma espécie de Torre de Babel! Sentimento semelhante só aconteceu quando viajei em um mochilão para alguns países da Europa, onde você encontra com pessoas do mundo inteiro, literalmente. O intercâmbio de línguas e cultura é uma das principais vantagens em escolher destinos turísticos desejados a nível mundial. Já a duas quadras era possível encontrar dois bares interessantes repletos de cariocas: cerveja, futebol e petiscos, uma combinação que agrada a maioria dos brasileiros e nos faz vivenciar um pouco do ‘lifestyle’ dos moradores do Leblon. Na rua de trás era possível encontrar dezenas de restaurantes alguns mais tradicionais, que fazem parte da história do Rio de Janeiro e outros mais contemporâneos. Ou seja, a não ser que fosse preciso procurar algo específico, a distância não era um problema.

Andar, andar e andar. O verbo 'andar' imperou nos meus dias na cidade. Na manhã da quinta-feira, primeiro dia do Congresso, ao invés de pegar um ônibus ou um taxi para o evento, a opção escolhida foi ir caminhando, um percurso que durou cerca de 20 minutos. Você conhece melhor uma cidade quando se locomove a pé. Eu que sou péssimo com localizações, quase um GPS quebrado ambulante, consegui ir aos locais em que precisava.

Uma das vantagens de gostar de caminhar facilitou-me bastante na economia, além de contribuir com a minha saúde. Depois da minha última noite em uma balada em Copabacana, que encerrou cerca de 5h, acompanhado de uns colegas cariocas que conheci durante a noite fui para a Praia de Copacabana. Poderia ter pegado um taxi para o hostel onde estava hospedado, mas aproveitei curtir os últimos momentos na Cidade Maravilhosa. Ver o nascer do sol, com os pés na areia e uma companhia agradável, não tem preço! Neste caso, literalmente, afinal economizei cerca de 20 reais que seriam gastos com o taxi. Aliás, o taxi não é caro no Rio de Janeiro, a não ser que você seja enganado por taxista. Recomendo deixar o taxímetro rolando, ao invés de combinar preços. Acredite, experiência própria, pois pagamos quase o triplo no valor do taxi em nossa chegada à cidade. O sol que estava ausente desde o início da viagem decidiu aparecer no último dia, provocando uma mistura de sensações de frustração e nostalgia com uma dose de ‘quero mais’.

Esculturas em areia eram encontradas durante o percurso
de uma praia até outra na Cidade Maravilhosa.
Foto: Ben Oliveira

Além do lado bom de economizar, existe também o outro lado que sempre tentamos evitar... Andar bastante pode te levar a exaustão física, principalmente se o seu preparo físico não está dos melhores. Ficar cansado em outra cidade pode não ser nada legal, porque o tempo que você poderia aproveitar para continuar visitando os locais, acaba sendo substituído por um descanso. Dividir o quarto com mais sete pessoas não é uma tarefa fácil, tanto pelo espaço físico, quanto pela convivência. É preciso aceitar as diferenças de personalidades, gostos e saber o momento de seguir o seu próprio caminho caso haja conflito de interesses. E o mais importante: se vocês estão em oito pessoas e o quarto tem só uma chave, a chance de uma das pessoas ficarem presas do lado de fora são grandes. Uma situação nada agradável e que exige paciência. Afinal, essas coisas acontecem e o que diferencia como vai ser a sua viagem é a maneira que você reage às situações. Uma madrugada de sono perdida no hostel pode significar uma bela manhã de sol numa das praias mais lindas do Rio de Janeiro.

Este foi um relato de um andarilho no Rio de Janeiro, que recomenda a experiência para aqueles que tiverem interesse em apreciar o destino sem direção certa e conseguiu economizar mais de R$ 150,00 só de transporte. Conhecer a simpatia dos cariocas, a diversidade de pessoas que habitam e visitam a região, as ruas da cidade, as variedades de praias, esculturas de areias e hábitos não seriam possíveis dentro de um taxi, onde você deixa de lado a aventura de conhecer a cidade, sendo o seu próprio guia e ainda consegue economizar uma boa quantia de dinheiro.

Comentários

  1. Amei o texto amigo e principalmente, fiquei feliz de ter compartilhado um pouco dessa experiência com você. Sucesso sempre!

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