Mudança de energia: às vezes é tudo o que você precisa para reequilibrar as coisas. De repente, você se dá conta em quanta atenção tem dispensado para uma coisa e/ou uma pessoa, uma energia que poderia usar para outras coisas, às vezes é algo tão automático, que você se esquece da importância de dizer não. Era muitas vezes ao não dizer não para o outro, que estava dizendo não para si mesmo. O problema era quando a impulsividade ganhava força e se sentia cada vez menos no controle da situação. Era, então, quando se lembrava da importância dos limites, não só do outro, mas de si mesmo. Pensava na quantidade absurda de tempo que gastava fazendo companhia para o outro, um tempo que poderia usar para si mesmo. Pensava em como deveria estar usando o tempo para escrever, aprender algo novo, se divertir, conhecer outras pessoas, fazer qualquer coisa que não envolvesse o outro. Por que, diabos, deveria deixar o outro como uma prioridade, quando não era recíproco? Há dias pensava no que poderia ...
Documentário sobre jovens gays − Leve-me para sair
Texto: Ben Oliveira
"Leve-me pra sair" é um documentário de 19 minutos e 28 segundos realizado pelo Coletivo Lumika e que aborda um grupo de dez adolescentes gays de São Paulo, entre 16 e 18 anos e suas visões sobre o mundo.
Os jovens compartilham e respondem perguntas sobre questões como a identidade gay, homofobia, opção sexual e estilo de vida. Representantes da Geração Z, indivíduos nascidos após 1990 e que estão familiarizados com a Internet e outras tecnologias, cada um dos entrevistados tem opiniões em comum e divergentes.
Com uma trilha sonora leve, imagens de alta definição e zelo com a estética visual, um ponto criticado por quem assistiu o documentário foi a a escolha dos personagens. Alguns comentários publicados no Facebook e no Youtube consideraram o vídeo segregativo ao retratar somente a classe média branca paulistana e se esquecer dos negros e moradores da periferia, por exemplo.
Concordo parcialmente com estes comentários, pois ao produzir um videodocumentário seria impossível retratar todos os diferentes grupos sociais do Brasil, país que possui uma grande diversidade cultural, social e étnica.
Documentários não são necessariamente reflexos da realidade, mas uma representação do mundo em que vivemos, como acreditava Bill Nichols, autor do livro "Introdução ao Documentário", publicado em 2005, pela editora Papirus.
Discutir um tema tão complexo quanto a sexualidade e até que ponto ela define quem nós somos não é tão fácil quanto parece. Como futuro jornalista e idealizador de um vídeo-documentário como Trabalho de Conclusão de Curso, acredito que faltou aprofundamento da temática e do conteúdo, estimulando um olhar crítico e reflexão da sociedade. Talvez sair da questão genérica e mergulhar mais nas individualidades dos entrevistados − questionar mais, indo além da superfície.
"Ser gay te define?" é uma das perguntas do documentário que poderia ter explorado mais a diversidade, as questões culturais, sociais, psicológicas e filosóficas dos gays da Geração Z e diferenças em relações às outras gerações. Todavia, é preciso lembrar que vivemos atualmente em uma sociedade pós-moderna, na qual os indivíduos perderam suas essências e ideologias e vivem em constante buscas pelas suas identidades e lugares no mundo.
Confira o documentário Leve-me pra sair (Coletivo Lumika)
Coletivo Lumika − criado em 2011 com o objetivo de estudar e difundir a linguagem audiovisual. Desenvolvendo, principalmente, produções que despertem o interesse do público jovem.
No blog do Coletivo Lumika os criadores contam que a ideia do documentário surgiu por conta de um edital de projetos com temática LGBT publicado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com a proposta de difundir a cultura e comunicar o público homossexual.
Idealizadores do documentário: Alana Menk, Babi Sonnewend, Jessica Puga, José Agripino e Juily Manghirmalani.
*Agradecimento ao acadêmico de Jornalismo da Unopar − Universidade Norte do Paraná, Paulo Ferreira pela recomendação do documentário.