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Destaques

Deixava ir

Nem tudo precisava ser dito. Havia algo mágico em não dizer. Longe de ser um último ato de covardia, era um auto de libertação. Tinha aprendido a dizer não só longo do ano. Tinha aprendido que nem sempre precisavam ceder. Tinha aprendido que duas coisas did poderiam ser verdades e não precisava se pressionar. Estaria mentindo se dissesse que não sentia saudade, mas também sabia que era algo unilateral. Enquanto um se silenciava para o outro, o outro continuava buscando, então, para equilibrar, decidira fazer o mesmo. Foi somente quando deixou de ir atrás que começou a sentir o respeito voltar aos poucos. Foi ao aceitar que eram tão diferentes que qualquer afeto que havia entre os dois não importava. Foi deixando tudo ir, na esperança de não estragar o próprio fim de ano. Um ano era mais do que o suficiente para conversar. Mas de um jeito ou de outro, se evitaram. E as coisas foram se acumulando. Foi ao deixar o outro finalmente livre que poderia sentir a própria liberdade. Deixar ir ti...

Resenha O Mapa do Tempo - Félix J Palma


Texto: Ben Oliveira

O Mapa do Tempo é o nome do livro escrito por Félix J. Palma, ganhador como Melhor Romance do Prêmio Ateneo de Sevilla em 2008 e publicado pela Editora Intrínseca em 2010. De maneira bem estruturada e contextualizada, o autor aborda as viagens temporais, tanto para o passado quanto para o futuro, e deixa o leitor tão intrigado quanto os seus personagens.

Félix J. Palma demonstra o domínio de diferentes escritores e de suas obras literárias por meio de suas referências e ao tornar um dos seus protagonistas o escritor britânico Herbert George Wells, conhecido como H.G. Wells, autor de romances científicos como A Máquina do Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos, livros citados pelo narrador.

A boa ficção é aquela que faz o leitor não só entrar dentro da história, como também questionar sua veracidade. O autor utiliza-se da metalinguagem, na qual dentro de uma história são contadas outras, como se o narrador tivesse contando um livro dentro de outro e os diferentes núcleos narrativos se encontram e convergem em determinados momentos da história.

Ao longa da narração é possível aprender mais sobre o processo criativo dos escritores e como dito acima, por meio da metalinguagem, Félix J. Palma utilizou a literatura para falar sobre literatura de forma que não fugisse das histórias e entediasse o leitor. O jogo entre ilusão e realidade deixa o romance envolvente e prende quem está lendo para alimentar sua curiosidade.

Transportar no tempo é algo do futuro ou já existe? Félix mostra que por meio da história é possível viajar pelas malhas temporais por uma das principais máquinas do tempo já criadas, os livros. À medida que os personagens descobrem outras épocas, o leitor está acompanhando suas aventuras.

Dividido em três partes, o livro em um primeiro momento conta a história de um jovem rico que se apaixonou por uma prostituta, algo chocante para a época, sua relação com Jack, O Estripador, e a tentativa de voltar ao passado; na segunda parte o leitor é convidado a fazer uma viagem para o futuro (2000) por meio de uma empresa chamada Viagens Temporais, lembrando que a história se passa em 1895. Uma das personagens da história é Claire, uma jovem que não sente como se pertencesse à sua época e põe suas esperanças no futuro; na última parte, o leitor tenta distinguir o que é passado ou futuro, alucinação ou vivido e se a viagem do tempo realmente existe. Além de Wells, os escritores Bram Stoker (Drácula) e Henry James (As bostonianas e Os papéis de Aspern).

O Mapa do Tempo é uma viagem para Londres (Inglaterra) em diferentes períodos e personalidades marcantes, como Júlio Verne, O Homem Elefante, além dos citados no texto, e acontecimentos que se evitados poderiam mudar o destino do país e do mundo. A obra ressalta o poder da literatura na imaginação, fantasia e viagem temporal.

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