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Destaques

Indefinível

Em um ano tudo poderia acontecer, inclusive nada. Era no novo que havia encontrado conforto e feito as pazes com o passado. Tudo igual, tudo diferente. Tudo novo, tudo velho. Tudo pouco, tudo muito. Assim andavam pelos extremos. Como definir o indefinível? Como encontrar as caixas certas? Não havia resposta certa nem errada. Tudo o que sabia é que mesmo sem se dar conta, tudo havia mudado.  Encontrar conforto no novo não era fácil. Há uma parte de nós que prefere a dor conhecida do que o novo. Há uma tentação de se perder na nostalgia, mas havia aprendido que a resposta estava no aqui e agora. Escrevia para dar sentido ao que ainda buscava respostas. Escrevia para se lembrar de como as coisas poderiam mudar, mesmo quando tentamos negar ou esconder. Escrevia para agradecer. Escrevia.  *Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo . Autor do livro de terror  Escrita Maldita , p ublicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano:  O Círcu...

Finais de estórias e relacionamentos

Texto: Ben Oliveira

Encerrar uma estória é mais ou menos como terminar um relacionamento. Você não consegue dizer se se esforçou ao máximo ou se poderia ter feito algo a mais.

Você começa o texto de uma forma, coloca uma palavra aqui, outra ali, imagina um final, mas quando chega o momento de colocar o último ponto final, percebe que a estória ganhou vida própria e nada é como você tinha pensado.

De repente, você está pensando como é que foi deixar aquilo acontecer. Até notar que algumas coisas fogem ao seu controle. Falou demais, de menos, pensou muito, viveu pouco... Aproveitou à sua maneira.

No primeiro dia você se sente um pouco triste. Todo aquele tempo destinado a escrever os capítulos daquela estória se esgotou. Você está olhando para o papel e ainda não caiu a ficha do que aconteceu. Secretamente você desejou que aquilo nunca pudesse acabar.

Após um dia, você relê o texto e acredita que poderia mudar algumas passagens. Talvez tinha alguma frase dita fora do lugar, alguma descrição mal feita, algum pensamento incompreendido. Você se vê mergulhado em águas negras, atormentado por dúvidas e visões relacionadas aos seus ideais.

O terceiro dia é aquele em que você decide o que fará ou não com a estória. Ela está boa? Era o que você pretendia contar? Para te ajudar, você pede para outra pessoa lê-la e não fica surpreso quando vê que ela também está insegura para te dar uma resposta.

Ficar preso naquela indecisão não estava te fazendo bem. Decidiu confrontar os seus medos, suas verdades, sua preguiça. Teria duas escolhas para fazer: ou continuaria revisando aquela estória ou a terminaria de vez. De uma coisa você estava certo, não importava qual caminho seguisse, ainda não acharia que ela estava boa o suficiente ou pronta para se desapegar.

É... Relacionamentos são mais parecidos com estórias do que imaginamos.

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