Escrito por
Alex Flinn e publicado em 2011 no Brasil, pela
Editora Galera Record,
A Fera é uma releitura do
conto de fadas clássico que inspirou diferentes versões ao longo dos tempos. A narrativa se passa nos dias atuais e conta a história de um menino enfeitiçado que se transformou em uma criatura de pelos e garras e o que ele precisa fazer para voltar ao normal.
Apesar de fantasiosa, o enredo consegue convencer o leitor de que esta seria uma história possível de acontecer – um dos elementos fundamentais de uma boa obra literária. Todavia, ao adaptar e reinventar a Bela e a Fera para o século XXI, a escritora exagerou ao utilizar o recurso de um bate-papo, para mostrar a reunião entre diferentes personagens enfeitiçados e transformados em outros seres, tornando o fato difícil de acreditar.
Para quem já leu, assistiu ou ouviu o conto da Bela e a Fera, a narrativa não deve surpreender. O que mais me agrada neste livro são a possível identificação entre os personagens, suas histórias e os leitores. Ao abordar amores impossíveis, as pessoas acabam torcendo para que os protagonistas fiquem juntos ao final, principalmente os adolescentes.
Kyle Kingson é um dos jovens mais populares do colégio. Filho do apresentador de um telejornal, desde pequeno ele foi ensinado sobre a importância da aparência. Após irritar uma bruxa, o rapaz é enfeitiçado e se transforma numa fera. Ele descobre que somente ao dar um beijo de amor poderá voltar ao normal.
O menino que sempre viveu em um mundo de plástico, se vê preso em uma situação e acredita que nunca conseguirá quebrar o feitiço. Desesperado, ele pede para a bruxa transformá-lo em humano novamente, mas ela comenta que não pode fazer nada.
Assim como na vida, quando, às vezes, confrontamos nossos próprios preconceitos e verdades, Kyle precisa ignorar o que sempre valorizou: as aparências físicas e identidades sociais. Após se transformar em uma fera, ele percebe que a sua vida toda foi baseada em mentiras e valores vazios. Trancado em uma casa, Kyle convive com a empregada e um professor cego. O pai do rapaz que já não o dava muita atenção, paga os funcionários e as despesas e abandona o filho naquela mansão.
Ao longo do livro, o leitor acompanha o desenvolvimento do personagem, aprendendo a lidar com as diferenças e perceber a beleza, a amizade e o amor onde nunca esperava encontrar antigamente.
Em tempos onde as pessoas são valorizadas somente pelo que aparentam ser, A Fera traz uma boa reflexão. Kyle nunca imaginou que isto pudesse acontecer, mas se tivesse sido uma boa pessoa desde o começo, o rapaz não precisaria aprender.
A leitura é leve e flui. A obra está dividida em várias partes e capítulos. Um bom livro para quem gosta de comédias românticas e contos de fadas – o amor e a magia, ingredientes que parecem estar cada vez mais em falta na vida das pessoas.
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