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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

O Conhecimento Liberta – Livro aborda a religião e o preconceito contra homossexuais

O Conhecimento Liberta é o título do livro escrito por Rita de Cássia de Araújo, publicado em 2012, pela Editora Escândalo. Lésbica assumida desde criança e ativista na luta pelos direitos civis, a autora produziu este estudo para ajudar na análise e reflexão das nossas vidas, bem como na oportunidade de transmitir informações importantes para a busca por respeito e dignidade das mulheres.

Rita apresenta dados cronológicos relacionados à Igreja, desde o ano de 1022 até 1855, abordando a Santa Inquisição e perseguição de hereges. A autora cita O Martelo das Bruxas, um manual publicado em 1487, utilizado pelos inquisidores para interrogar as mulheres suspeitas de praticar bruxaria, determinar suas culpas e executarem-nas em praças públicas. As mulheres eram torturadas até confessarem coisas que não faziam e queimadas, por determinação de padres e frades dominicanos. Segundo informações do livro, as confissões serviam para justificar as torturas e mortes, e as vítimas não tinham direito à defesa. Além de as mulheres serem vistas como inferiores pela Igreja, os inquisidores também ficavam com parte das propriedades e riquezas da vítima, ajudando a enriquecer a organização e seus membros.

De acordo com Rita, as pessoas não estudam a história, e muitas não sabem que a Santa Inquisição foi real, tendo sido responsável pelas mortes e torturas de milhares de europeus. Um dos motivos da execução das mulheres, segundo um artigo pesquisado pela autora e usado como referência, dizia que elas eram ameaçadas caso se recusassem a fazer sexo com os sacerdotes.

O segundo capítulo do livro aborda o lesbianismo pela história, citando mulheres lésbicas mantidas em segredo pelos séculos, como Joana D’Arc. A autora descreve um pouco sobre como as mulheres homossexuais foram tratadas e reagiam ao longo do tempo, como na época em que eram acusadas de sodomia. De acordo com Rita, no fim do século XIX, o destaque foram os estudos que tentavam encontrar causas e curas para o “Homossexualismo” – termo que indicava a homossexualidade como um distúrbio indicado a tratamento médico e ainda usado erroneamente nos dias de hoje por algumas pessoas. Já no século XX, a história do feminismo pode ser confundida com a luta pelos direitos das lésbicas, época em que as mulheres passam a fazer parte do mercado de trabalho, atividades intelectuais e a luta pelos direitos civis. O século XXI é marcado pela intensificação dos movimentos organizados de gays e lésbicas.

No terceiro capítulo do livro O Conhecimento Liberta, Rita de Cássia de Araújo reproduz alguns artigos e reportagens com os resultados da Ciência para provar que a homossexualidade é biológica. Mesmo não se sabendo os motivos da homossexualidade, a autora declara a importância de respeito e diz que todos têm o objetivo de serem felizes. “Somos o que somos, não depende de nós escolher”, afirma.

Os Dez Mandamentos são apresentados no quarto capítulo do livro. A autora questiona em quais deles está dizendo que é preciso discriminar os homossexuais, ressaltando que entre os mandamentos está o de não julgar. Rita critica a atitude do Papa João Paulo II e seus Bispos por causa de uma carta enviada a todos os governos pedindo para combaterem o Homossexualismo, a união de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por pais homossexuais. Segundo o livro, a carta trouxe reações pelo mundo, como a intolerância contra os homossexuais dentro das igrejas ou não, o assassinato, a humilhação, a violência e tortura de gays, lésbicas e travestis. Entre os resultados e dados apresentados pela autora estão o crescimento dos crimes de ódio, a aprovação de Pena de Morte e prisão para homossexuais, os milhares de assassinatos.

A autora aborda outros assuntos no livro, como a homofobia internalizada, o bullying, a violência contra homossexuais, o lesbianismo, a entrada dos religiosos em cargos de poder e tentativa de impor suas vontades e preconceitos, a adoção por casais do mesmo sexo no Brasil, as legislações que rejeitam a discriminação e protegem as minorias, entre uma série de trechos de artigos, reportagens, estudos, pesquisas e informações, todas com referências bibliográficas para quem desejar se aprofundar mais nas temáticas.

Rita de Cássia de Araújo conclui o livro desejando uma série de questionamentos e reflexões para o leitor, dizendo que se fosse responder todas as perguntas teria conteúdo para outras publicações. Grande parte das perguntas relacionam-se à religião e como ela tem contribuído para disseminar o preconceito e a violência contra gays. Entre as indagações está a de se as pessoas desejam ter um país onde a religião controla tudo, provocando guerras, mortes e violência, como acontecem em lugares onde os fiéis matam e cometem suicídios em nome de Deus e consideram a homossexualidade uma doença, punindo muitos gays. A autora compara essas práticas à Inquisição e acredita que se cada um procurar conhecer mais sobre a história, direitos, o amor ao próximo, é possível deixar o mundo melhor e ajudar aqueles que precisam.

Com tantas informações, só não enxerga a verdade quem não quer. É preciso saber estabelecer limites entre a religião e o Estado, bem como aceitar as diferenças e ficar por dentro dos seus direitos, para não deixar ninguém tirar vantagens de sua orientação sexual. Fica aqui a minha recomendação de leitura, que como a própria autora diz, pode ser melhor aprofundada de acordo com os interesses dos leitores.

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