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Destaques

A difícil arte de encerrar ciclos

A difícil arte de encerrar ciclos. Ciclos que já não funcionavam. Às vezes, não importa o quanto você tente, as coisas simplesmente não vão funcionar. Então, você decide que não quer para o seu próximo ano, as mesmas coisas que aguentou no ano passado e atual, você deseja mudanças. Só que falar em mudanças é fácil. Difícil é colocar em prática. Ver você se dando conta de que é capaz de coisas que antes sequer imaginaria. Deixar alguém para trás. Deixar alguém que não faz parte mais do seu presente. Deixar alguém que não faz parte dos pensamentos no futuro. Deixar alguém. Ia encerrando ciclo após ciclo, na esperança de ter um ano mais leve, sem repetições dos mesmos erros. Ia só então se dando conta de que o amanhã poderia ser mais leve quando se realmente deixava pra trás o que estava pesando e parasse de ignorar. Não, algumas coisas deveriam ser encaradas de frente.  *Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo . Autor do livro de terror  Escrita Maldita , p ublicado na Am...

Ansioso pela 4ª Temporada de Girls

É incrível como mudamos nossas maneiras de pensar com o passar do tempo. Lembro-me de quando assisti todos os episódios da primeira temporada de Girls, a série da HBO, e pensei: “Que merda é essa? Sex and the City é bem melhor! Como eles ousam comparar as duas séries?”. Hoje me pego pensando em quando sairá a quarta temporada, pois estou morrendo de curiosidade para saber o que acontecerá com os personagens principais, principalmente com Hannah, já que ela também sonha em se tornar uma escritora.

Não sei dizer em qual é o momento em que os personagens que parecem sem vida e sem graça se tornam queridos. Acredito que de tanto assistirmos a uma série, chega a um momento em que você começa a considerá-los como se fossem pessoas de carne e osso. Para mim, por exemplo, o ponto mais legal de Girls é assistir a protagonista Hannah Horvath lidando com o desafio de se tornar escritora, se ferrar vez após outra e torcer para que conquiste os seus objetivos.

Quando comecei a assistir Girls e soube que a mesma seria uma versão mais jovem de Sex and the City, pensei: “Não pode ser. Olha para essas garotas, elas não têm nada a ver com as protagonistas da outra série”, então, depois de episódios e mais episódios, agora já não acho Hannah, Marnie, Shoshanna e Jessa tão improváveis assim. Não sei dizer o que aconteceu, mas passei a me acostumar com elas e até mesmo a me identificar com algumas situações. O engraçado dos arquétipos é que além de se enxergar no papel de um dos protagonistas, também enxergamos os amigos na pele dos outros personagens.

A ficção tem essa capacidade de nos fazer vestirmos as peles dos personagens, sentir o que eles sentem e torcer para suas vitórias como se fossem as nossas próprias lutas. De repulsiva e exagerada, duas características que eu usava para definir a Hannah Horvath, ela se tornou uma personagem querida e louquinha, daquelas que você acha estranha, mas mesmo assim não tem vergonha de admitir que é sua amiga e sente-se aliviado pois sabe que tem alguém na roda tão bizarro quanto você.

Acredito que não gostei da primeira temporada de Girls, pois o roteiro e a direção da série tentavam desconstruir uma ideia que eu já tinha formada na cabeça. Logo, quando vi a protagonista uma menina que sentia tão derrotada e era fora dos padrões impostos pela sociedade, fiquei pensando: “Como é que ela pode ser mais interessante que a Carrie?”. Carrie Bradshaw era, sem dúvidas, neurótica e tinha muitos problemas com relacionamentos, mas no final de contas mesmo quando estava errada, ela era tão encantadora que você poderia ficar ao lado dela mesmo quando ela trocava o príncipe encantado pelo lobo mau. Já a Hannah, o que você poderia esperar de uma personagem que não tinha nada, não tinha um emprego, não tinha um namorado, não tinha uma vida social badalada e interessante e sua amizade se limitava a poucas amigas que de longo eram tão interessantes quanto à intimidadora Miranda, a recatada Charlotte e a fogosa Samantha?

Hannah Horvath foi me ganhando aos poucos, enquanto Carrie já me tinha desde o primeiro episódio. Apesar de Sex and the City mostrar como as mulheres também podem ser poderosas, sexualmente ativas como os homens e serem solteiras sem precisarem se preocupar com os rótulos, Girls consegue ser um pouco mais realista e próximo da realidade dos jovens de classe média, mostrando não só a inversão dos papeis entre homens e mulheres, mas também uma crítica implícita sobre seriados em que as personagens são todas convencionais dentro do padrão estabelecido.

Acredito que o barulho inicial e as comparações desnecessárias com Sex and the City surgiram para chamar atenção para a nova série e se esta era a intenção, Lena Dunham, atriz que interpreta a protagonista, roteirista e criadora de Girls conseguiu o que queria e foi além, a ponto de em 2013, o programa televisivo ter ganhado dois Globos de Ouro como melhor série televisiva na categoria comédia e ela ter ganhado de melhor atriz de série de comédia, além de se destacar como diretora em outras premiações.

Já estou ansioso para saber como será a experiência da Hannah Horvath como escritora. É ficção, sim, eu sei, mas não é por causa disso que nos identificamos mais com alguns personagens e menos com outros?

A 4ª temporada de Girls já está sendo filmada e deve ser lançada em 2015.

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