O Clã dos Magos é o primeiro livro d’A
Trilogia do Mago Negro, da escritora
Trudi Canavan, publicado no Brasil pela
Editora Novo Conceito, em 2012. O
livro de fantasia tem 446 páginas e foi traduzido por
Robson Falchetti Peixoto.
Comprei a trilogia do Mago Negro em uma promoção do Submarino e após ler o primeiro livro, tenho certeza de que não vou me arrepender. Adorei a capa do livro e a qualidade do papel e a diagramação, que ajudam bastante na sensação de ler com conforto e prazer. O Clã dos Magos flui e apesar de ter algumas gírias e palavras diferentes, que podem ser entendidas intuitivamente, ao final está disponibilizado um glossário. Para quem tem curiosidade de saber como é a Cidade de Imardin, onde se passa a narrativa, há alguns mapas bem bacanas.
A história é narrada em terceira pessoa. Sonea é a protagonista do livro, uma jovem que num momento de raiva consegue fazer uma pedra atravessar uma barreira mágica e atingir um mago. Após o incidente, muitas coisas acontecem. Aos poucos a história vai desenrolando. Apesar de ser óbvio que a heroína se transformará em uma maga, é gostoso acompanhar a evolução.
Os magos se preocupam o que pode acontecer se alguém com poderes mágicos que não souber se controlar estiver pela cidade. É claro, não se trata só de uma ingênua aflição, mas de uma maneira de não deixar nenhum mago que não seja do clã com poderes desbloqueados.
Além de Sonea, o leitor se familiariza com Ceryn, um rapaz apaixonado por ela e pelos magos, com destaque para Lord Rothen que tenta ajudá-la a controlar os seus poderes. Para quem gosta de fantasia, O Clã dos Magos é uma boa pedida, apesar do primeiro livro não trazer muitas surpresas. O leitor atento consegue supor o que vai acontecer, no entanto a experiência permanece prazerosa.
Trudi Canavan apresenta um universo marcado por tantos contrastes, como o que vivemos. A riqueza e a pobreza, a distinção de classes, os roubos, é impossível não relacionar com a sociedade atual. No primeiro livro da série, Sonea está mergulhando aos poucos no mundo dos magos, que sempre pareceu inacessível para pessoas dos lugares em que viveu, chamados de Favelados. É possível perceber a diferença de status pela maneira que os personagens falam, se alimentam, se vestem e se comportam.
A escritora equilibra bem os elementos da história. Há cenas de ação e drama, em que a protagonista precisa deixar o orgulho de lado e aceitar a ajuda de outras pessoas para não fazer mal a ninguém e ao mesmo tempo, graças ao seu coração, acaba fazendo escolhas erradas. O Clã dos Magos introduz um pouco do que deve ser visto com mais frequência nos outros livros, os tipos de magos: Guerreiros, Alquimistas e Curadores, bem como o desenvolvimento dos poderes da protagonista.
Como todo universo de fantasia com suas regras próprias, O Clã dos Magos apresenta o juramento feito pelos aprendizes de magos e pelos magos graduados. Mesmo com os poderes, Sonea aprende que existem limitações que ela precisa respeitar. Gostei de quando ela pergunta por que é necessário escolher entre um dos três tipos de caminho que deseja seguir e o guardião dela responde que não haveria tempo para estudar todos – é como na vida real, não importa o quanto você goste de várias áreas, uma hora ou outra vai ter que escolher a que mais deseja e para quem está na universidade e pretende continuar estudando, pesquisando e aprendendo sabe que a área de conhecimento vai afunilando, indo cada vez mais do geral para o específico.
No meio de uma deliciosa viagem pelas terras de Imardin e do território habitado pelo clã dos magos, além de uma boa dose de entretenimento, o leitor consegue refletir sobre algumas situações expostas no livro: como o desejo de Sonea de ajudar sua comunidade, mesmo que se torne maga ou achar injusto o sistema de distribuição de bens e reclamar para o mago, que a explica como o assunto é mais complicado do que ela imagina. Além desse pessimismo, que muitos leitores já sentiram na vida real sobre alguns terem muito e outros tão pouco, O Clã dos Magos também fornece gotas de otimismo. Por exemplo, mesmo não sendo comum ter algum mago que tenha vivido na favela, Sonea tem a oportunidade de se juntar ao clã. As importâncias da leitura, dos estudos e da disciplina também ficam implícitos, como se da mesma forma que a protagonista precisa aprender a se controlar, ler e praticar, ao longo da vida também precisamos praticar essas ações para nos desenvolvermos. A tolerância com o diferente e o preconceito são abordados de forma leve no livro.
Ler o Clã dos Magos me ajudou a fixar melhor como o romance de fantasia, e principalmente um livro de trilogia, é estruturado. É claro que durante a tradução, algumas palavras perdem o poder que têm em sua língua original, no entanto gostei de ter percebido a maneira que Trudi Canavan escreve, quais recursos ela utilizou para acelerar ou diminuir o ritmo da narrativa, como cada capítulo termina com um gancho e a organização dos eventos.
Em breve devo iniciar a leitura do segundo livro da trilogia do Mago Negro,
A Aprendiz. O final do primeiro livro já dá algumas dicas ao leitor do que ele encontrará pela frente, quem é o principal vilão e os desafios que Sonea enfrentará.
Adorei a resenha, ficou muito boa, e essa história me fez ficar curioso em ler o livro! Colocar em minha lista para procura-lo depois.
ResponderExcluirAbraços Ben.
Jackson - http://tronodelivro.blogspot.com.br/
Jackson, fico feliz que tenha gostado.
ExcluirAbraços