Terminei de ler o
segundo livro da Trilogia do Mago Negro: A Aprendiz, da escritora
Trudi Canavan. O
livro de fantasia, de 544 páginas, foi publicado no Brasil em 2012, pela
Editora Novo Conceito, traduzido por Frank de Oliveira e Júlio Monteiro de Oliveira.

Eu esperava a mesma simplicidade de
O Clã dos Magos, o primeiro livro da trilogia, e fui surpreendido por A Aprendiz. A história está mais desenvolvida, possui mais sub-tramas, núcleos narrativos e conflitos. Se por um lado é bom, pois percebi como a
Literatura de Fantasia pode ser complexa e como a autora fez para organizar os capítulos e eventos da história, por outro se torna um pouco cansativo ao leitor. Não importa o quanto você deseja saber qual será o destino da protagonista,
Sonea, antes vai ter que saber o que aconteceu aos outros personagens, o que por vezes pode se tornar frustrante.
Para quem leu O Clã dos Magos, sabe que no final do livro, Sonea decide se tornar uma maga. A jovem consegue que
Lorde Rothen torne-se oficialmente seu guardião e a oriente. Os dois personagens e o mago
Lorlen guardam um segredo, uma suspeita de magia negra envolvendo
Akkarin, o Lorde Supremo – embora eu não seja muito fã de comparar livros, é impossível não se lembrar de
Harry Potter. Esse conflito é o principal da trilogia e é abordado na história dos três livros e deve ter mais ênfase no terceiro, como o próprio título lembra, O Lorde Supremo.
Um personagem que senti falta neste livro é o jovem
Ceryn, o amigo de Sonea, com o qual ela conviveu quando morava na favela. Ele aparece de forma breve em A Aprendiz, sem nenhuma ênfase. Fiquei curioso para saber se ele volta a ter destaque no terceiro livro ou se perdeu sua força de personagem secundário.
Enquanto Lorde Rothen e Lorlen precisam manter o segredo sobre Akkarin para que nenhum outro mago descubra e haja uma confusão, o mago
Dannyl é enviado para outro destino para descobrir mais sobre o que o Lorde Supremo descobriu sobre magia antiga. A narrativa se torna ao mesmo tempo fascinante e cansativa, na qual o leitor acompanha a viagem de Dannyl. É legal essa mudança de cenários, embora o ponto principal talvez seja a mensagem por trás do envolvimento dele com
Tayend.
Logo, a história de A Aprendiz é narrada por um narrador-observador onisciente, que tudo sabe, mas não necessariamente tudo revela. O leitor acompanha os desafios de Sonea ao tentar se adequar na Universidade do Clã dos Magos, desde o desenvolvimento dos seus poderes até o
bullying sofrido pelos outros colegas, em especial graças ao seu inimigo, Regin, por causa de sua origem. Mas, diferente do primeiro livro em que era possível acompanhar o núcleo de Sonea, Ceryn e Rothen, no segundo livro, além de Rothen, o leitor também acompanha os conflitos de Lorlen e Dannyl, tornando a narrativa mais rica e complexa, porém exaustiva.
Rothen perde sua força como personagem neste livro ao ser afastado de Sonea. O filho dele, o mago curador Dorren faz algumas aparições e acredito que no livro O Lorde Surpremo ele tenha mais destaque, não revelarei os motivos para não estragar a surpresa do leitor. Embora a leitura de
A Trilogia do Mago Negro esteja sendo prazerosa e reflexiva, ela também é bem óbvia e previsível – não sei se por estar habituado a algumas técnicas de escrita para prender o leitor, eu esteja conseguindo antever as ações da escritora.
Para quem ansiava por cenas de luta, onde Sonea testa suas habilidades, creio que A Aprendiz saciará sua vontade, porém só o suficiente para que o leitor continue instigado para ter noção de como será a batalha mais importante. Regin atormenta Sonea praticamente o livro inteiro, seja por inveja ou puro prazer. Apesar de Rothen e Lorlen serem experientes, a inércia deles diante de Akkarin chega a incomodar. E Dannyl acaba se mostrando um personagem fascinante em suas aventuras e pesquisas, cruzando o mar, estreitando seus laços com Tayend e mergulhando nas descobertas do Lorde Supremo.
Bom, chega de falar sobre a história do livro. Não quero estragar a surpresa de ninguém, embora como dito acima, a narrativa não é marcada por suspense. O que mais gostei no livro A Aprendiz foi na sua importância de fazer o leitor refletir questões como o bullying, a
homofobia e o
preconceito – uma ótima prova de que os livros de ficção não são meros passatempos, mas podem sim estimular quem está lendo a buscar o conhecimento e a questionar situações do cotidiano. Enquanto em O Clã dos Magos o desafio de Sonea era ser aceita para entrar no clã, no segundo livro o desafio é depois que ela já está estudando e sofre com os brincadeiras de mau gosto e agressões.
Já estou ansioso para começar a ler
O Lorde Supremo. O Clã dos Magos tem 446 páginas, A Aprendiz 544 páginas e O Lorde Supremo tem 624 páginas. Dá para perceber como a autora fez para habituar o leitor à linguagem da história e aos poucos começou a aprofundar os conflitos e recompensas dos personagens. Acredito que o próximo livro da trilogia do Mago Negro prometa mais cenas de combates, mistérios e deva ter uma mensagem tão legal quanto os dois outros livros.
Para quem gosta de promoções de livros, consegui comprar a minha
Trilogia do Mago Negro por
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box dos livros do que comprá-los separados.
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