Em pleno mês do Orgulho LGBTQIA , Alice Oseman e a Netflix anunciaram que já começaram as produções do filme de Heartstopper , obra que deve encerrar o universo de Nick e Charlie e seus amigos. Segundo stories publicado pela Alice Oseman, já estão no segundo dia de produção. Há algo simbólico em uma obra como Heartstopper começar a ser produzida no mês do Orgulho LGBTQIA tanto pelo elenco, como pelos personagens representarem cada uma das letras. A notícia deixou os fãs animados. Alguns ainda estão tristes com a notícia de que não será uma quarta temporada, mas um filme. No entanto, de forma geral, o público de fãs de Heartstopper está animado para esta nova jornada. Com personagens secundários tão interessantes, como os principais, há um clima de curiosidade de como o filme vai conseguir abordar tudo. E, claro, um dos focos principais será como Nick e Charlie irão lidar com novos desafios e se vão continuarem juntos. “Nós estamos de volta! A produção começou oficialmente do filme fina...
Muita gente tem medo de O Exorcista, livro que foi adaptado
para o cinema e assustou milhares de leitores e telespectadores ao longo dos
anos com a história de uma garota possuída e uma mãe desesperada por ajuda,
provocando crises de histeria. O que muitos não sabiam é que a obra de ficção
foi inspirada em fatos reais. O jornalista Thomas B. Allen explorou o caso de
um garoto que ficou possuído pelo demônio, em seu livro Exorcismo (Possessed), de 272
páginas, republicado pela DarkSide Booksno Brasil, em 2016, com tradução de
Eduardo Alves.
Apesar de ser um livro de não ficção, a obra desperta tanto
interesse quanto qualquer trama de ficção/terror bem construída. É difícil ler
Exorcismo sem associar a obra, principalmente, ao livro O Exorcista e aos
inúmeros filmes de terror que exploram a temática da possessão e do
sobrenatural. Thomas B. Allen tentou reconstituir um dos mais conhecidos casos
de exorcismo da história – levando em conta que é um assunto que, muitas vezes,
é ocultado pela própria igreja – e se tornou uma leitura de referência sobre o assunto
para demonologistas (o casal de especialistas em casos paranormais Ed e Lorraine Warren recomenda o livro), padres, teólogos e demais interessados em
aprender mais sobre o assunto.
O que o autor de Exorcismo fez foi investigar um caso real e
publicá-lo em livro. Entrevistando pessoas, inclusive o padre Walter Halloran,
que o entregou uma cópia do diário escrito pelo padre Raymon J. Bishop, um dos
membros que ajudaram e acompanharam o desenrolar de Robbie – nome que foi
alterado para preservar a real identidade da vítima. Com base nos relatos e nos
registros, Thomas B. Allen descreveu desde os primeiros dias, em que Robbie
começou a brincar com a tábua de Ouija – instrumento usado para espiritualistas
para se comunicar com os espíritos –, até a progressão e as crises, com os
inúmeros rituais de exorcismo para tentar salvar a alma do garoto.
“Phyllis Manheim estava aturdida demais para perceber que o
corpo de Robbie agia como um tabuleiro Ouija. Ela questionou: Quanto tempo?
Enquanto o menino gritava e fazia uma careta de dor, a mãe percebeu, para seu
horror, que a pergunta o levava a sentir dor, fazendo com que outra resposta em
sangue aparecesse. Agora no peito dele surgiram arranhões que ela acreditou
significarem que a família fiaria lá por: três semanas e meia”.
No prefácio do livro, Thomas Allen conta que o seu interesse
pelo exorcismo veio de uma coluna publicada jornal Washington Post sobre uma
testemunha viva do caso de 1949. Curiosamente, o interesse de William Peter
Blatty, autor e roteirista de O Exorcista, também veio de um artigo publicado
em um jornal sobre o assunto. Na época, ele estudava na Georgetown University
em Washington e enviou uma carta ao padre Bowdern que respondeu para William
sobre a dificuldade de encontrar livros sobre casos autênticos de possessão e
não deu muita ajuda. Segundo Allen, isso não impediu Blatty de escrever o seu
livro de terror que foi um grande sucesso, se tornando um best-seller
instantâneo.
A história do exorcismo de Robbie está dividida em 14
partes, narradas de forma linear e progressiva. Para quem tiver mais interesse
ainda sobre o assunto, no final do livro, Thomas B. Allen compartilhou páginas
do diário do exorcista Raymon J. Bishop, falou sobre sua própria trajetória
como jornalista que veio de um colégio de jesuítas, expôs a bibliografia, as
fontes e as notas de cada um dos capítulos, proporcionando mais informações e
direcionamentos para quem tem interesse em descobrir sobre o assunto que ainda
permanece obscuro nos dias atuais.
“Um exorcista tem que tocar o mal, respirá-lo, se concentrar
nele. Um padre se vê como um ser vivo trabalhando ao lado de Deus. Para agir
contra o diabo, um exorcista penetra nas sombras profundas e tateantes do mal.
Quando ele aparece, os demônios focam o mal nele. O padre exorcista, apesar de
se considerar um agente do bem auxiliado pelo Deus todo-poderoso, se vê ao
mesmo tempo como um mero humano sendo posto à prova contra um inimigo imponente
e com longa experiência em perpetrar a maldade”.
A história da possessão de Robbie, começa como a de muitas
outras pessoas que decidem se aventurar em brincadeiras com os espíritos. O
casal de paranormais Ed e Lorraine Warren afirmou que a tábua de Ouija é
uma das principais portas de entrada para infestação do mal – a informação não
está no livro, mas pode ser encontrada em algum de seus livros. A tia de
Robbie, Harriet ensina para o garoto como brincar com sua prancha. Após a morte
da mulher, o garoto começa a piorar e a família busca ajuda.
O que a princípio pareceu um caso de Poltergeist foi
evoluindo para algo mais perigoso. Os padres, familiares e vizinhos que
visitavam Robbie, não tinham conhecimento do que acontecia no quarto do garoto.
Objetos se moviam sem que ele encostasse, marcas e arranhões apareciam pelo seu
corpo e as primeiras suspeitas que os pais de Robbie tiveram foi de que se
tratasse da tia Harriet, tentando se comunicar através do corpo do garoto.
“Robbie começou a urinar e a soltar gases. O fedor era insuportável.
Alguém abriu uma janela. O garoto gritava e dava gargalhadas diabólicas. Essa
foi a palavra que vinha de imediato à mente daqueles que as ouviam: diabólicas”.
À medida que a leitura vai se desenrolando, descobrimos que
há algo mais demoníaco acontecendo com Robbie. Na tentativa de sair de casa,
para ver se o problema seria no quarto do garoto, as ocorrências sobrenaturais
continuam persistindo e perseguindo-o, não importa onde ele esteja. Seja em território abençoado, na rua ou em sua
própria casa, Robbie perde o controle sobre o próprio corpo e é dominado por
uma força maligna, sedenta por espalhar o caos.
Quanto mais os padres se esforçam para exorcizar o demônio
do garoto, mais a criatura parece ganhar forças. Se em O Exorcista sentimos a
tensão aumentando com o passar das páginas, em Exorcismo não poderia ser
diferente – por ter sido baseado em fatos reais, a leitura se torna mais
angustiante. Uma verdadeira batalha entre o bem e o mal. As inúmeras tentativas
e reviravoltas prendem o leitor até o final do livro, bem como as informações
extras sobre outros casos mais antigos de exorcismo, como o de freiras em um
convento na França e outro de uma mulher possuída aconteceu nos Estados Unidos,
nos séculos XVII e XX, respectivamente.
“Robbie disse que estivera lutando contra um demônio
vermelho enorme. Ele era pegajoso ao toque e extremamente poderoso. O diabo
lutava para impedir que o menino passasse por portões de ferro no topo de um
abismo que tinha aproximadamente sessenta metros de profundidade e era muito
quente. Havia outros demônios inferiores ao redor...”
A DarkSide Books caprichou bem no projeto gráfico da edição,
principalmente, com uma capa preta e texturizada com a cruz, a imagem de uma
tábua de Ouija e a diagramação, proporcionando uma experiência de leitura mais
sensorial e a entender melhor como funciona a plaqueta usada para se comunicar
com o além, já que no Brasil ela não é tão popularizada quanto nos Estados
Unidos.
Thomas B. Allen certamente sabe como contar uma história.
Além de nos envolver com a narrativa, o grande diferencial do livro são as descrições
e precisão dos relatos. Levando em conta a dificuldade ainda atual de leituras
sobre o assunto, Exorcismo permanece uma ótima fonte de estudo e entretenimento
para quem gosta de narrativas sombrias. Publicada originalmente nos Estados
Unidos, em 1993, a obra continua reverberando e inspirando centenas de
contadores de histórias e pessoas até os dias atuais, interessadas em entender melhor sobre o fenômeno espiritual e paranormal da possessão demoníaca.
Sobre o autor – Thomas B. Allen é jornalista desde os anos
1950. Na década seguinte, foi contratado pela divisão editorial da National
Geographic, onde contribui como freelancer até hoje. Tem mais de 40 livros
publicados sobre os mais diversos temas, como política internacional, história
dos Estados Unidos, guerras, espionagem, romances, vida selvagem e fauna
marinha, incluindo alguns sobre tubarões. Saiba mais sobre o autor em seu site:
tballen.com
Garanta seu exemplar de Exorcismo! *Este blog é parceiro da DarkSide Books. Recebi o exemplar do livro Exorcismo para que pudesse ler e escrever a resenha para vocês!
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