O livro
Dançando Sobre Cacos de Vidro, da autora
Ka Hancock, publicado no Brasil pela
Editora Arqueiro, em 2013, de 336 páginas, é uma boa pedida para quem gosta de histórias românticas e uma dose de realismo.
Com o título original Dancing On Broken Glass, o título traduzido para o português é bem fiel. Dançando Sobre Cacos de Vidro é o primeiro livro da enfermeira Ka Hancock. Sua profissão e especialização em psiquiatria fizeram toda diferença na hora de produzir o livro, já que os personagens principais, Lucy e Mickey se veem cercados pela doença e hospitais.
Até que ponto é possível abrir mão pelo outro? Lucy tem um histórico familiar de câncer de mama e Mickey é diagnostico com transtorno bipolar. Diante de todas essas dificuldades, os dois se envolvem mesmo assim. Mickey nem sempre facilita as coisas para Lucy, mas ela o ama e tenta sempre compreender quando o marido não está bem e é a doença mental o tornando agressivo e fora de controle.
“Descobri que a realidade é muito mais cruel que a loucura. A loucura pode ser medicada, reduzida, sedada”. – Mickey
O normal do relacionamento de Lucy e Mickey é complicado, principalmente para quem é de fora e não consegue entender como ela consegue ser forte e paciente. Porém, ela sabe que por trás do homem com quem ela se casou e nem sempre está se sentindo bem, existe o Mickey generoso e responsável por quem ela se apaixonou.
Diante do furacão, Lucy sempre faz o possível para superar as crises. Após um dos surtos de Mickey e quando Lucy ficou doente, eles assinam um contrato e combinam que não vão ter filhos, pois acreditam que suas genéticas não serão boas para a criança. Durante uma consulta de rotina, a mulher recebe uma notícia que transforma sua vida e a de sua família.
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“Quando o conheci, vi logo que encontrara alguma coisa que eu nem sabia estar procurando. Ele algumas vezes tentou evitar que eu me apaixonasse por ele. Mas acho que ambos sabíamos que pertencíamos um ao outro.” |
Dançando Sobre Cacos de Vidro é narrado em primeira pessoa e apresenta dois pontos de vista, o de Lucy e o de Mickey. Desta forma, o leitor tem acesso aos pensamentos e emoções deles, aumentando a identificação e a possibilidade de se colocar em seus lugares. A escrita é bastante fluida, porém em alguns momentos é possível sentir que a autora desliza com as palavras – partes em que ela tenta explicar informações técnicas da área de enfermagem.
O livro é emocionante não por causa do romance em si, mas por tocar em assuntos que preocupam as pessoas, como as doenças e a superação. Lucy é uma personagem forte, daquelas mulheres que não sabem o quanto são resistentes até que precisam ser testadas, enquanto Mickey é volátil (por causa de sua bipolaridade) e é transformado gradualmente pelo apoio de sua esposa. Ela prova que o conhece melhor do que ninguém e deixa uma lição.
“Usei o caderno de estudos sociais, certo de que ele veria, porque Deus tudo vê. Escrevi durante horas, até minha mão doer. Escrevi a noite toda. Apenas duas palavras – por favor. 9.871 vezes.” – Mickey
Ka Hancock tem um tom de Nicholas Sparks, porém sem toda aquele romantismo. Mesmo se tratando de ficção, pela descrição das personagens e seus conflitos, há uma forte sensação de realismo. Não é aquela história de amor que as pessoas pensam: “Isso só aconteceria nos livros”. Não, Dançando Sobre Cacos de Vidro nos faz refletir: “Poderia acontecer com qualquer um”. Diante do amor, seja romântico, familiar ou amigos, às vezes, se formos fortes, a vida pode nos surpreender!
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Ka Hancock. |
Apesar do toque de tragédia, o leitor recebe uma mensagem positiva, principalmente para pessoas que lidam com transtornos mentais e têm dificuldade de se relacionarem ou acham que nunca serão felizes no amor. Relacionamentos não são fáceis e em alguns momentos, como lembra a própria Lucy, será como vocês estivessem dançando sobre cacos de vidro, porém mesmo da dor podem surgir coisas boas.
Leia: Entrevista com Ka Hancock, autora de Dançando Sobre Cacos de Vidro
Sobre a autora – Ka Hancock é enfermeira, tem especialização em psiquiatria e longa experiência profissional com pacientes psiquiátricos e dependentes químicos. Em algum momento entre estudar, trabalhar e criar quatro filhos, conseguiu escrever seu primeiro livro. Ela mora com o marido em Salt Lake City.
Fiquei bem interessada, pois a história aparenta ser bem legal.
ResponderExcluirhttp://cantinhodacarolll.blogspot.com.br/
Oi, Ana!
ExcluirEspero que leia e que goste. A história é bem emocionante.
Abraços
É, você falou que eu ia gostar, amei a resenha, chorei lendo a resenha (fazer o que rs). Já vi que ele tem as mesmas dificuldades que eu, eu fui diagnosticada com transtorno da personalidade borderline (que é um pouco bipolar também) então já vi que vou me identificar totalmente com o Mickey. E o nome do livro é excelente porque eu mesma sinto dançando sobre cacos de vidro, é muito difícil ter um transtorno da mente e manter relações saudáveis com as pessoas, mas eu sempre acreditei que o amor transforma tudo!
ResponderExcluirBeijos
http://www.gotinhasdeesperanca.com
Tinha certeza de que você ia gostar do livro! A maneira que a autora escreve é bastante envolve e como ele é enfermeira, ela tem bastante conhecimento sobre esses transtornos de personalidade. Mickey não parece só um personagem, mas uma pessoa de verdade, com suas qualidades e defeitos, tornando possível se identificar e simpatizar com ele.
ExcluirRelacionamentos com pessoas com depressão e outros transtornos não são fáceis, mas também não são impossíveis!
Abraços!
Á primeira vista parece um "A Culpa é Das estrelas" para um público mais maduro. Mas a resenha e a entrevista mostram que o livro segue uma outra linha. E acho que agradará tanto a um público como a outros. Sem falar que sou fanático por livros com enfoque médico. E os valores de livros da Arqueiro nos permite experimentar novos autores sem medo de sair no prejuízo.
ResponderExcluirOi, Ronaldo! Acho que a autora consegue ser mais realista do que A Culpa é das Estrelas, na questão de que namorar alguém com transtorno mental não é fácil, juntando o câncer do outro = imagine como só a questão da saúde já deixa o relacionamento mais instável. Existem livros para todos os públicos! O importante é que a literatura consiga nos tocar. Confesso, não sou fã do John Green, mas não quer dizer que o autor não seja bom ou algo assim... O gosto é muito subjetivo.
ExcluirAbraços!