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Destaques

Born This Way: Hino LGBTQIA da Lady Gaga e sua importante Fundação

Os anos passam mais algumas músicas continuam fazendo sucesso. Neste mês do Orgulho LGBTQIA , Born This Way , da Lady Gaga , permanece sendo reconhecida como um hino LGBTQIA. Mais do que cantar sobre a causa, a importância da própria identidade e aceitação, a cantora da música lançada em 2011 é também co-fundadora de uma fundação que apoia comunidades LGBTQIA. Segundo informações do site da Born This Way Foundation , a missão é: “Empoderar e inspirar os jovens a construírem um mundo mais gentil e corajoso que apoia a saúde mental e o bem-estar deles. Baseado na relação científica entre gentileza e saúde mental e construído em parceria com os jovens, a fundação incentiva pesquisa, programas, doações e parecerias para envolver o público jovem e conectá-los com recursos acessíveis de saúde mental”. Mais do que uma música para inspirar a Parada do Orgulho LGBTQIA ou ser ouvida o ano inteiro, Born This Way deixou esse grande legado que foi a fundação que já ajudou muitos jovens LGBTQIA. E o...

Resenha: Confesse-me – Hugo Ribas

Durante esta semana li o livro Confesse-me, do autor Hugo Ribas, de 104 páginas, publicado pela Giostri Editora. O exemplar foi enviado pelo escritor, para que eu pudesse resenhar aqui para o blog. Para quem conhece artistas, sabe que as escolhas feitas por eles são permeadas por dúvidas, preconceitos e estranhamentos de si mesmo e dos outros.

Assim é a história de Hector, o protagonista de Confesse-me, um rapaz que sonhava em se tornar escritor, mas por causa da necessidade de sobreviver e pagar suas contas, acabou enterrando estes desejos dentro de si.

O livro é narrado em 1ª pessoa e 2ª pessoa, sendo que a segunda opção não é tão comum nas ficções atuais. É possível perceber uma forte influência das crônicas e do teatro na escrita de Hugo Ribas. Como o protagonista se vê frustrado com o rumo que sua vida tomou, sua linguagem é ríspida e ácida e sua personalidade é marcada pelo pessimismo, bem como pela covardia de ser incapaz de correr atrás do que ele deseja e projetar nos outros a culpa.

"... Talvez se eu tivesse confiado mais em mim... Talvez se na adolescência eu não tivesse aceitado aquele primeiro emprego comum e buscasse qualquer coisa relacionada à escrita... Sabe essas perguntas todas que vêm à cabeça todas de uma vez nos momentos de dificuldades? Sabe aquela sensação de que até então sua vida inteira foi um erro grotesco, uma verdadeira cagada?".

Para quem é escritor, e assim como Hector já teve que abrir mão dos seus objetivos, não há como não se identificar com o personagem. Porém, ao mesmo tempo em que o leitor simpatiza com a amargura de Hector, ele sente vontade de sacudi-lo e fazê-lo acordar para a realidade.

A história se passa entre o presente e o passado, no qual Hector compartilha a história de sua família, o vazio que sente e as contas que precisa pagar. A transformação do personagem acontece de forma brusca ao longo das páginas – o rapaz que costumava ser feliz e ter uma vida estável, ainda que maçante, torna-se um ser humano egoísta e mal-humorado.

Em alguns momentos do livro me vi na pele do personagem, enquanto em outros senti vontade de estapeá-lo. Apesar de o protagonista ser escritor, e muitas pessoas não se identificarem com ele por causa da profissão, creio que o ponto principal é a morte dos sonhos, o existir e deixar os dias se arrastarem e a realização do artista ao fazer aquilo que ama.

A luta de Hector é a mesma que centenas de escritores iniciantes e demais artistas enfrentam no dia-a-dia. É interessante observar como o personagem vê a própria miséria através dos olhos dos outros e enxerga uma sociedade repleta de “mortos-vivos” que odeiam o próprio trabalho, mas no final do dia necessitam pagar suas contas. Hector também tem uma visão ingênua e idealista do ofício de escritor, uma que em poucos casos corresponde à realidade do mercado editorial brasileiro, por exemplo.



"Sobreviver... Era isso o que ela fazia todos os dias. Sobrevivia. Trabalhava, trabalhava, trabalhava para sobreviver, ocultando tudo o que de melhor existia nela".

De todas as lamentações do personagem, talvez a minha favorita seja a do respeito pelo escritor. Familiares, colegas e o próprio protagonista possuem uma aversão pelo ofício, ainda que tentem apoiar. Se o escritor profissional tem dificuldades para pagar suas contas, quem dirá alguém que ainda nem publicou o seu livro. Quando ele responde “sou vendedor”, quando perguntam a sua profissão, ainda que ele esteja desempregado, Hector percebe o próprio medo de admitir em voz alta que é escritor. Esta insegurança, no entanto, não é imaginária, visto que o autor de livros é julgado a todo tempo, seja por quem vê sua escrita como um hobby, o enxerga como um vagabundo e/ou o critica quando ele lucra com sua própria arte, como se para ser artista fosse preciso passar fome e falhar fosse uma necessidade, a qual ele devesse se desculpar pelo próprio sucesso.

O diálogo entre narrador e personagem conduz o leitor pela narrativa. Para quem está desacostumado a ler novelas, a extensão da história pode desagradar um pouco, já que nas livrarias são encontrados mais romances. Senti falta de mais exploração da metalinguagem – como o desenvolvimento das ficções que o Hector escreve – e do processo de criação literária, porém talvez seja intencional para não ‘assustar’ os leitores que não estão acostumados com a ficção sobre a ficção e apresentar uma linguagem mais simples e acessível.

Para quem não está familiarizado com os problemas que o artista enfrenta antes de aceitar o chamado da musa e reconhecer seu ofício, Hugo Ribas apresenta um relato fiel e realista. Afinal, entre o desejo de escrever e publicar um livro, o qual muitas pessoas têm, e a transformação em objetivos e concretização, há uma linha não tão tênue assim.

Sobre o autor – Hugo Ribas é criador do Blog Versos de Argila, onde publica suas crônicas e
entrevistas com escritores brasileiros. Nascido em 1985, na cidade de Jundiaí (SP), mudou-se para São Paulo (SP) aos 16 anos, onde se formou em Design Gráfico e cursou teatro pelo Teatro Escola Macunaima. O autor vive atualmente em Itatiba (SP).

Confesse-me pode ser comprado nos sites da Livraria Cultura e da Cia dos Livros

O livro também já pode ser adicionado ao seu Skoob. Não deixe de curtir a página do livro no Facebook: https://www.facebook.com/confesseme

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