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Destaques

Born This Way: Hino LGBTQIA da Lady Gaga e sua importante Fundação

Os anos passam mais algumas músicas continuam fazendo sucesso. Neste mês do Orgulho LGBTQIA , Born This Way , da Lady Gaga , permanece sendo reconhecida como um hino LGBTQIA. Mais do que cantar sobre a causa, a importância da própria identidade e aceitação, a cantora da música lançada em 2011 é também co-fundadora de uma fundação que apoia comunidades LGBTQIA. Segundo informações do site da Born This Way Foundation , a missão é: “Empoderar e inspirar os jovens a construírem um mundo mais gentil e corajoso que apoia a saúde mental e o bem-estar deles. Baseado na relação científica entre gentileza e saúde mental e construído em parceria com os jovens, a fundação incentiva pesquisa, programas, doações e parecerias para envolver o público jovem e conectá-los com recursos acessíveis de saúde mental”. Mais do que uma música para inspirar a Parada do Orgulho LGBTQIA ou ser ouvida o ano inteiro, Born This Way deixou esse grande legado que foi a fundação que já ajudou muitos jovens LGBTQIA. E o...

Resenha: Corpo Condenado – Alex Francisco

Sabe quando você acabe de concluir uma leitura e não sabe se vai conseguir entrar no clima da próxima? Estava com esta sensação, até ler as primeiras páginas do livro Corpo Condenado, escrito pelo dramaturgo Alex Francisco, de 100 páginas, publicado em 2014, pela All Print Editora.


Fui fisgado desde o início do primeiro ato para o universo ficcional de Corpo Condenado. O texto dramático, ou seja, escrito no formato de uma peça teatral, está dividido em três atos, em que acompanhamos a história de Gael (Personagem Principal) e sua parceira Natasha, dois garotos de programa que têm um pacto: sempre fazer programa juntos.

“O corpo humano é uma coisa que me intriga. Ele é belo e estranho ao mesmo tempo. Adoro descobrir ângulos novos de um rosto, de um sorriso, de um beijo, de uma expressão de carinho ou de dor”.

O tempo da narrativa não é linear, saltando entre dois períodos: 1999 e 2014. Entre essas idas e vindas, o leitor vai se familiarizando com Gael e desvendando mais sobre o seu passado, desde a época em que ele e Natasha passaram por momentos de prazer, frustração e trabalho juntos até quando Gael se tornou um poeta famoso e está prestes a lançar seu novo livro.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foi o nome dos personagens principais. Gael – difícil é não lembrar do ator mexicano Gael García Bernal, exalando juventude e sedução no filme Má Educação, do diretor Pedro Almodóvar – e Natasha – nome bem sugestivo e forte para sua personalidade ácida e debochada. Durante o primeiro ato, apesar de ficarmos curiosos para saber sobre os personagens, ainda não temos tanta simpatia por eles.

Os diálogos da narrativa também são bem envolventes. Natasha, por exemplo, tem um diálogo cortado. As informações são dadas ao leitor de acordo com as falas dos personagens. Como não há tanta caracterização e descrição como um texto de romance (gênero literário), o tom e a escolha das palavras dão um vislumbre sobre a personalidade de cada um deles e nos ajudam a criar simpatia ou antipatia por eles.

“O objeto de um desejo pode ser, simplesmente, o sentimento que há nele”. 

É no segundo ato em que as coisas começam a esquentar. Além de Gael se preparar para publicar mais um livro de poemas, descobrimos que ele está envolvido com Diego, um europeu que o pede em casamento – essas informações não são spoilers e podem ser conferidas na sinopse (contracapa do livro). Desta metamorfose de um garoto de programa a escritor, as peças que ainda estão obscuros para o leitor começam a ser reveladas. É como dizem, você pode mudar de cidade e tentar recomeçar, mas os fantasmas do passado podem voltar para atormentá-lo a qualquer momento. O que Gael está escondendo? Será que Diego o conhece o suficiente para se casarem?

Fui pego de surpresa pelas reviravoltas da trama. Esperava por algo intenso, mas não tanto assim. Corpo Condenado aborda alguns conflitos presentes em nossos cotidianos, como o preconceito e homofobia, as dificuldades de aceitar as diferentes expectativas sobre relacionamentos, a questão de identidade, gênero e orientação sexual, e a tão idolatrada hipocrisia.

“Você esteve aqui só um dia, Bruno. Eu passei anos da minha vida aqui. Eu ri, eu chorei, eu gozei nessas paredes. Tudo aqui tem um... Um perfume, horrível, eu sei, mas o perfume da minha juventude. É tosco, é torto, mas eu me vejo andando por essa sala nu, no auge da minha beleza, no auge da minha coragem de viver. Eu não posso simplesmente jogar tudo isso fora”.

Ainda que o leitor consiga acompanhar pelo menos uma das reviravoltas, não tem como não se surpreender com as outras. Após ser pedido em casamento, Gael esbarra com o seu passado, literalmente, e numa onda de nostalgia, de tentar entender e explicar as coisas que lhe aconteceram, temos acesso aos conflitos de sua alma. O que aconteceu a Natasha? Quem é o misterioso comprador da casa? Gael terá seu final feliz?

É no final do segundo ato e no terceiro ato em que o leitor é atingido em cheio pela catarse. O Gael do passado e do presente fazem as pazes, mas há algo que os dois jamais podiam imaginar que tivesse acontecido, uma ferida que jamais cicatrizou e sangrava até o momento da revelação. Um pacto quebrado, um recomeço. Da obsessão pelo corpo perfeito até a sublimação alma. Alex Francisco escreveu um fim sensibilizador.

Ah, e para quem ficou curioso para ler os poemas do Gael, ao final do livro estão disponibilizados os poemas de uma coletânea chamada Segunda Pele, escritos por Diego Davoglio, inspirado no personagem principal. São 9 textos que trazem uma mistura de poesia e vivências do protagonista: Sonho em Abrigo, Cretinice, Metáfora do Amor Próprio, Com Quem Eu Falo?, Exaltação, Insanidade, Europa Amor, Queria e para finalizar, Corpo Condenado! Um belo diálogo entre diferentes linguagens.
Diego Davoglio (poeta) e Alex Francisco (dramaturgo). Foto: Divulgação / Corpo Condenado.

Sobre os autores:

Alex Francisco – Jornalista, dramaturgo e roteirista. Escreveu sua primeira peça de teatro aos 11 anos. Cursou Universidade Guarulhos, Belas Artes e Academia Internacional de Cinema. É autor dos espetáculos A Visita, Metápolis, Fashion e Os Deuses do Olimpo e de projetos para o cinema e a TV. É repórter de TV e cultura no Grupo Folha de São Paulo.

Diego Davoglio – Ator, poeta e escritor. Formado pela Escola de Atores Edu Rodrigues, esteve no elenco de Bailei na Curva, Fascinação e O Príncipe do Egito. É autor dos livros paradidáticos Nos Bastidores da Sala de Aula, Olimpíadas dos Curiosos, A Copa dos Curiosos, Grécia e a Era do Bronze, produzidos pela Editora Uirapuru, e do romance Cartas para Sócrates.

Ficou interessado em Corpo Condenado? O livro pode ser comprado no site da All Print Editora, na Livraria Cultura e na Livraria da Folha.

Corpo Condenado também está presente no Skoob – a maior rede social para leitores do Brasil! 

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