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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Eneida Maria de Souza ministrou conferência sobre Teoria da Literatura na UFMS

Durante esta sexta-feira, 24 de abril, às 13h30, a pesquisadora, intelectual e crítica literária Eneida Maria de Souza esteve presente na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande (MS), para participar da conferência O Lugar da Teoria da Literatura Hoje. O evento foi realizado pelo Núcleo de Estudos Culturais Comparados (NECC) e também contou com o lançamento dos Cadernos de Estudos Culturais: Eneida Maria de Souza – Uma homenagem.
Prof. Edgar Cézar Nolasco e a pesquisadora e crítica literária Eneida Maria de Souza. Foto: Ben Oliveira.

Embora eu ainda não tenha lido os livros publicados pela Eneida, tive a oportunidade de conhecer mais sobre seus estudos durante as aulas de Teoria da Literatura com o professor Edgar Cézar Nolasco. através da leitura de alguns artigos sobre essa disciplina, por vezes, hermética, por vezes, tão gostosa de aprender... Confesso, não tem sido fácil conciliar todas as leituras da graduação e as de fora do curso – tenho uma pilha de livros sorrindo para mim –, por outro lado, é uma experiência gratificante obter mais conhecimentos sobre a Literatura.

O que mais gosto da visão da Eneida – mesmo sem poder afirmar completamente, visto que até mesmo os críticos têm seus posicionamentos transformados ao longo dos tempos e durante suas diferentes publicações –, é a de que ela não se fecha nas teorias literárias, sendo a favor dos Estudos Culturais (interdisciplinariedade), da necessidade da crítica sobre a crítica e não apóia completamente a visão eurocêntrica.

Outro ponto muito importante das publicações de Eneida Maria de Souza, também discutido de forma breve por ela durante a conferência, é a questão do Binarismo – o crítico literário não deve se engessar em conceitos de certo ou errado, boa ou má literatura. Confira abaixo breves impressões sobre o que foi dito pela crítica literária Eneida Maria de Souza:

“Teorizar quer dizer metaforizar”, afirmou Eneida no início da conferência. Ela comentou sobre algumas das transformações das disciplinas literárias na graduação de Letras e da necessidade que se teve e tem de repensar o Brasil. Segundo a crítica literária, a disciplina de Literatura era vista como um meio de devaneio. Eneida cita Silviano Santiago, ensaísta e escritor como um dos pensadores que ajudaram neste processo.

Ao discutir o Lugar da Teoria hoje, Eneida justificou que vai além de um só lugar, mas também dos não-lugares. “A Teoria da Literatura vai se transformando, recebendo novas conotações”, acredita. A pesquisadora também falou sobre o Conceito de Sobrevivência do alemão Aby Warbug apoiada pela visão do filósofo francês Didi-Huberman, a qual a ajudou a pensar a questão da sobrevivência das teorias. Para Eneida, não é possível dizer que os conceitos e teorias morrem, mas que são revividos, transformados. “A Teoria não vive sozinha, assim como a Literatura”, conclui.

Eneida Maria de Souza levantou três pontos de discussão, sendo: 1) Sobre a importância de valorizar as teorias, na análise dos discursos e revitalização de diferentes autores, acabando com a ideia do fim da teoria; 2) Sobre a suposta morte da Literatura pela Teoria Literária, a qual pode acontecer devido à exagerada exposição teórica, mas, por outro lado, pode ser interiorizada e ‘neutralizada’, evitando o excesso de citações de autores e notas de rodapés; 3) Sobre o desmerecimento da Teoria, visto que a Literatura pode trazê-la em seu bojo, possibilitando a reflexão sobre a própria Literatura (obras metaliterárias, diálogos com outros autores).

 “A Literatura ensina aos professores de Teoria Literária que os conceitos não são fixos e podem ser redimensionados”, disse Eneida. A conferencista deu exemplos de como a Literatura desconstrói idéias, por exemplo, por meio do encontro entre diferentes escritores que nunca se encontraram.

Além de citar filósofos e teóricos, como Roland Barthes, Derrida, Deleuze, Didi-Huberman, Levi-Strauss, finalizo o texto com um dos meus trechos favoritos do discurso de Eneida Maria de Souza: “A crítica literária não é uma repetição do já dito. Nós também damos a nossa contribuição”.

Sobre a conferencista – Eneida Maria de Souza é professora emérita da UFMG. Professora Visitante Nacional Sênior da CAPES na UFSJ (2010-2014). Pesquisadora do CNPq e autora de, entre outros livros, Crítica Cult, O século de Borges, Janelas indiscretas, Figurações do íntimo (Org.) e de Modernidade toda prosa, em coautoria com Marília Cardoso. Desenvolve pesquisa sobre crítica biográfica.


Sobre os Cadernos Culturais – A publicação faz parte do Núcleo de Estudos Culturais Comparados da UFMS. Seu 12º volume traz textos que pontuam a importância da vida intelectual de Eneida, tanto para o Brasil, quanto para a América Latina e o resto do mundo. A publicação pode ser comprada na Editora UFMS.

Entre os artigos científicos e textos presentes nesta edição dos Cadernos Culturais estão: Nunca falo do que não admiro – Eneida Maria de Souza: amizade e política em crítica biográfica, Edgar Cézar Nolasco; Hábito da Terra: uma poética de construção e subversão, Helton Gonçalves de Souza; A teoria viva, Ivete Walty; La osadía de la crítica o la aventura del descubrimiento, Leonor Arfuch; Eneida Maria de Souza em três anos de publicações, Letícia Malard; A Natureza Compósita da Crítica Biográfica Eneida Maria de Souza, Marcos Antônio Bessa-Oliveira; O sistema de Pós-graduação Norte-americano e a tradição francesa, Silviano Santiago; Entrevista com Eneira Maria de Souza, Rachel Esteves Lima; Entre espaços, objetos e espectros: Figurações do íntimo, Camila Torres e Washington Batista Leite.

Em breve o material deve ser disponibilizado no formato digital no blog dos Cadernos Culturais: http://necccadernos.blogspot.com.br/. Para ficar por dentro das novidades do NECC, acesse: http://necc2009.blogspot.com.br/

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