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Destaques

Sem talvez

Não havia talvez quando se tratava de pôr a própria saúde mental em primeiro lugar, especialmente quando o outro a estava negligenciando. Não havia talvez para continuar sustentando um relacionamento que não ia para frente, no qual o outro se negava a se responsabilizar e se colocava constantemente no papel de vítima. Não havia talvez quando você havia se transformado em uma espécie de terapeuta que tinha que ficar ouvindo reclamações e problemas constantes, se sentindo completamente drenado após cada interação. Já não havia espaço para o talvez. Talvez as coisas seriam diferentes se o outro tivesse o mesmo cuidado com a saúde mental que você tem. Talvez a fase ruim iria passar um dia. Talvez a pessoa ia parar de se pôr como vítima e começar a se responsabilizar. Eram muitos talvez que não tinha mais paciência para esperar. Então, não, já havia aguentado mais do que o suficiente. Não era responsável por lidar com os problemas do outro. Não era responsável por tentar levar leveza diante...

Pesquisa aponta que Ler Literatura desenvolve a mente e as relações interpessoais

Os pesquisadores David Comer Kidd e Emanuele Castano, do The New School for Social Research de Nova Iorque, descobriram que a Leitura de Ficção Literária Melhora a Teoria da Mente – a habilidade de entender os estados mentais de outras pessoas, o que possibilita uma melhor compreensão dos relacionamentos sociais das sociedades humanas e a habilidade de inferir as crenças e intenções de outras pessoas. A pesquisa foi publicada em Outubro de 2013, na Science Mag.


Kidd e Castano realizaram cinco experimentos para demonstrar como a leitura de obras literárias pode levar a uma melhor performance nos testes de afetividade e de cognição comparados aos leitores de não-ficção, leitores de ficção popular e não-leitores.

De acordo com os pesquisadores, uma das maneiras de promover a sensibilidade das relações interpessoais é por meio das práticas culturais e entre elas, está a leitura de livros de ficção. Entre as vantagens da leitura de ficção apontadas por Kidd e Castano estão: Aumento da simpatia (Compreender o outro) e Aumento do conhecimento dos outros.

“A ficção também parece expandir o nosso conhecimento da vida dos outros, ajudando-nos a reconhecer nossa semelhança com eles. Embora a ficção possa explicitamente transferir valores sociais e reduzir a estranheza dos outros, a relação observada entre a familiaridade com a ficção e a Teoria da Mente pode ser devido a características mais sutis do texto. Ou seja, a ficção pode alterar a forma como, não apenas o quê, as pessoas pensam sobre os outros”.

Ao longo da pesquisa, houve a distinção entre literatura e ficção popular, sendo que de acordo com as informações, a primeira havia uma tentativa de desfamiliarizar a linguagem, exigindo mais interação intelectual e criatividade dos leitores do que as obras de entretenimento populares e livros de não-ficção. A melhora da Teoria da Mente se dá pela possibilidade do leitor mergulhar em mundos fictícios com diferentes personalidades complexas, rompendo as expectativas e fugindo dos estereótipos e previsibilidade.


Dos cinco experimentos, o que demonstrou melhores resultados foi o com participantes que leram as obras de literatura (entre as leituras estavam excertos dos finalistas e ganhadores do National Book Award e Henry Prize de contos), enquanto os livros populares foram os best-sellers selecionados da Amazon.com e antologias recentes e os textos de não-ficção foram selecionados na Smithsonian Magazine.

David Comer Kidd e Emanuele Castano concluíram que a pesquisa foi um passo para ajudar a entender o impacto das nossas interações com a leitura de ficção, contribuindo para o desenvolvimento da consciência e de nossas vidas diárias.

“É nossa esperança que pesquisas futuras se foquem em outras formas de arte, como jogos e filmes, que envolvem identificar e interpretar as experiências subjetivas de outros”, afirmam.

Embora, nos Estados Unidos, a literatura seja usada em programas de promoção do bem-estar social, para promover a empatia entre os médicos e melhoria de vida dos reclusos, além de ser uma disciplina no Ensino Médio, há quem discuta sua real relevância. Kidd e Castano finalizam o artigo dizendo que os resultados da pesquisa mostram que a leitura de literatura de ficção pode aprimorar a Teoria da Mente em adultos, uma capacidade social complexa e crítica.

O artigo na integra (em inglês) pode ser lido no link a seguir: Reading Literary Fiction Improves Theory of Mind 

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