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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Resenha: Sobre a Escrita – Stephen King

O livro Sobre a Escrita: A Arte em Memórias, do escritor best-seller Stephen King, de 256 páginas, foi publicado no Brasil somente em 2015, pela Editora Suma de Letras (Editora Objetiva), com tradução de Michel Teixeira. Nos Estados Unidos, On Writing foi publicado em 2000 e a obra com memórias do autor foi considerada por diversas publicações um dos melhores livros de não ficção, além de ser um material interessante para quem deseja aprender mais sobre a escrita de ficção.

Sobre a Escrita começou a ser escrito em dezembro de 1997 e traz algumas das memórias que influenciaram a jornada de escritor do Stephen King, desde sua infância quando lia muitas histórias em quadrinhos de terror e ficção científica e passou a escrever suas próprias histórias e vender no colégio até a publicação de seu primeiro romance de sucesso Carrie, A Estranha, seus problemas com o álcool e drogas até o incidente do seu atropelamento em que ele ficou cinco semanas sem escrever.

“Um dia mostrei uma dessas histórias meio copiadas, meio autorais à minha mãe, e ela ficou encantada. Lembro o sorriso levemente impressionado, como se ela fosse incapaz de acreditar que um dos filhos pudesse ser tão esperto — um maldito prodígio, pelo amor de Deus. Eu nunca tinha visto aquele olhar antes — não direcionado a mim, pelo menos — e adorei”. Stephen King

Para quem já leu vários livros sobre escrita e tem sua própria rotina de escrever, pode perceber que não há nada de extraordinário nos conselhos de Stephen King. O diferencial de Sobre a Escrita se dá na contextualização de suas memórias, por meio das quais o leitor fica sabendo um pouco mais sobre o desenvolvimento do garoto que contava histórias até se tornar um dos escritores mais populares do nosso século. Se você é fã do autor e assim como ele é aficionado por histórias de suspense, terror e ficção científica, o livro pode dar aquele gás que às vezes falta para continuar seguindo em frente e escrevendo.

Stephen King é sincero e direto em suas respostas. O autor fala sobre a caixa de ferramentas do escritor, explicando que é preciso estar preparado para escavar histórias – ele acredita que os personagens e suas narrativas estão enterrados e que cabe ao escritor trazê-los à tona. Como todo ofício, Stephen King bate na tecla de que é necessário disciplina e muita prática para que a escrita se aperfeiçoe, além é claro de beber em outras fontes. Para escrever  sobre determinada temática e gênero, o autor recomenda que você precisa ler outras obras que você gosta.

"Não existe um Depósito de Ideias, uma Central de Histórias nem uma Ilha de Best-Sellers Enterrados; as ideias para boas histórias parecem vir, quase literalmente, de lugar nenhum, navegando até você direto do vazio do céu: duas ideias que, até então, não tinham qualquer relação, se juntam e viram algo novo sob o sol. Seu trabalho não é encontrar essas ideias, mas reconhecê-las quando aparecem." Stephen King

Ainda que Stephen King e sua esposa Tabitha King, também escritora, tenham passado por apertos ao longo da vida e o sucesso dos livros do autor tenha possibilitado mais conforto e estabilidade financeira para sua família, ele ressalta que escreve pelo prazer, pela satisfação de contar histórias. Segundo o autor, um dos principais tiros no pé é o de escrever pelo dinheiro e até mesmo o excesso de preocupação com a estrutura pode deixar o romance ou conto artificial demais.

Ao longo de Sobre a Escrita, Stephen King discorre sobre diferentes assuntos, como a publicação de histórias, encontrar bons agentes literários – muitos dos tópicos foram surgidos durante leitores e escritores iniciantes em suas palestras –, e outros que não foram muitos questionados, mas que ele acredita ser fundamental, como a linguagem que influencia na verdade / originalidade, verossimilhança e até mesmo na voz dos personagens.

O próprio autor diz que não tem a pretensão de transformar ninguém em um bom escritor com seu livro. Da mesma forma que as oficinas de escrita criativa muitas vezes acabam atrapalhando mais do que ajudando alguns escritores, visto que grande parte do trabalho acontece na solidão, sem toda aquela pressão por produzir algo exatamente do jeito que se desejava. Stephen King fala sobre a importância das duas fases na produção literária: uma de portas fechadas, onde a criatividade flui e as palavras são colocadas no papel; e uma segunda, na qual o escritor pode pedir a opinião de outras pessoas sobre o seu manuscrito, de forma a corrigir possíveis falhas do enredo, buracos e cortar os excessos que atrapalham o ritmo da história.

"Escrever é um trabalho solitário. Ter alguém que acredita em você faz muita diferença".Stephen King

Ao final do livro, além de Stephen King dar como exemplo uma narrativa sua antes de editar e após a edição, mostrando quais cortes e alterações poderiam ser feitos para burilar o texto, ele apresenta uma lista de recomendações de leituras para quem sempre o perguntava em suas palestras o que ele costumava ler, já que uma das principais ferramentas para melhorar a escrita é “ler muito e escrever muito”.

Entre memórias e conselhos, cabe a cada um encontrar o melhor caminho para si. É inspirador ver que Stephen King, como grande parte dos escritores, teve que lidar com desafios, publicando aos poucos, até conseguir que o seu primeiro livro se tornasse um best-seller. Mesmo com uma legião de fãs / leitores pelo mundo e recebido diversas premiações, suas obras foram muito criticadas, sendo consideradas vulgares. A persistência, disciplina e legado de Stephen King são provas de que é possível ir longe ao se dedicar ao seu ofício da escrita, embora ele ressalte que nenhuma oficina de escrita ou livro pode transformar um escritor ruim em um escritor ótimo, ao acreditar que é um dom que os contadores de histórias já nascem, ele afirma que é possível sempre melhorar. Sobre a Escrita é um empurrão de ânimo para quem precisa continuar movimentando a escrita e se inspirando.


Sobre o autor – Stephen King é autor de mais de cinquenta livros best-sellers no mundo inteiro. Os mais recentes incluem Revival, Sr. Mercedes, Doutor Sono, Sob a redoma (que virou uma série de sucesso na TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 pelo New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Writers). Em 2003, King recebeu a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation e, em 2007, foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos. Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.

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Comentários

  1. Esse livro foi uma leitura deliciosa, leve e muito proveitosa. O bacana é que se trata de uma leitura para todos os públicos, dos leigos aos especialistas em composição literária. Um texto despretensioso mas muito rico.

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    1. Oi, Ronaldo! Concordo contigo. Stephen King conseguiu tornar acessível o conteúdo. Os conselhos são bem diretos, sem floreios, como a escrita dele. Admiro muito ele.
      Abraços!

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