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Destaques

Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

Resenha: American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson – Jeffrey Toobin

Quem nunca escutou que a justiça é cega? No livro American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson (The Run of His Life: The People v. O. J. Simpson), do escritor Jeffrey Toobin, percebemos que além de não enxergar, muitas vezes, ela também se faz de surda e muda e adoro receber atenção da mídia. A obra foi publicada nos Estados Unidos em 1996 e chegou ao Brasil em 2016, com tradução de Lucas Magdiel, pela editora DarkSide Books.


American Crime Story explora o julgamento do ex-jogador de futebol americano, ator e celebridade dos Estados Unidos, O. J. Simpson (Orenthal James Simpson), responsável pelo assassinato de sua ex-mulher Nicole Brown e do amigo dela, Ronald Goldman. O jornalista e advogado Jeffrey Toobin acompanhou o caso de perto e compartilhou informações bem detalhadas sobre os diferentes momentos envolvendo não só o réu, O. J. Simpson, mas também famílias dos envolvidos, advogados e demais membros envolvidos no julgamento.

Jeffreey Toobin cobriu o caso durante dois anos. Segundo o autor, durante esse período foram entrevistadas mais de 200 pessoas, além de ter se aprofundado na cobertura da mídia sobre o caso, relatórios policiais internos da investigação, depoimentos fornecidos ao júri e demais informações. O livro The Run of His Life: The People v. O. J. Simpson é considerado um dos mais completos sobre o julgamento.

“Essencialmente, o caso Simpson foi um caso típico – ainda que horrendo – de homicídio decorrente de violência doméstica. Transformou-se em um drama nacional, espalhando-se feito um tumor e expondo fissuras profundas na sociedade americana, por uma única razão: os advogados do réu pensaram que usar a questão racial ajudaria seu cliente a ganhar absolvição. E ajudou. Era só o que importava para eles”

Levei alguns dias para terminar de ler o livro. São 496 páginas e muito conteúdo para digerir. O leitor conhece quem é O. J. Simpson, desde antes de sua fama, passando pelo sucesso como jogador de futebol-americano, pelas agressões a Nicole Brown, pela falsa carta de suicídio, a famosa fuga de O. J. Simpson e perseguição policial até um dos julgamentos que atraiu a atenção de jornalistas do mundo. O julgamento de O. J. Simpson foi, literalmente, um circo. A visão que Jeffrey Toobin nos passa do caso, abre os olhos para os interesses por trás dos envolvidos, principalmente, midiáticos e financeiros.

O. J. Simpson era culpado do assassinato de Nicole Brown e ainda assim conseguiu escapar impune. Os advogados de defesa de Orenthal James Simpson elaboraram várias estratégias para explicar as peças que não se encaixavam e abusou do preconceito racial, para comover os jurados, a mídia e toda a nação dos Estados Unidos – país que passou por períodos obscuros de intolerância racial.

“Nicole jazia ao pé dos quatro degraus que davam acesso a um patamar e à porta da frente da casa. A poça vermelha que a rodeava era maior que ela própria. O sangue cobria a maior parte do caminho ladrilhado e ladeado de arbustos, que se prolongava até as escadas. Quando Riske apontou a lanterna para a direita, viu outro corpo, desta vez o de um jovem musculoso. O cadáver, que mais tarde seria identificado como Ronald Goldman, tinha a camisa puxada sobre a cabeça e estava caído contra a grade de metal [..] Junto aos pés de Goldman, Riske identificou três objetos: um gorro preto, um envelope branco manchado de sangue e uma luva de couro”.

A equipe formada pelos advogados de acusação não conseguiu desenvolver um bom plano. Faltava consistência nos relatos apresentados. Ao longo da leitura, é difícil não ficar agoniado, imaginando a recriação daquelas cenas. Os advogados que defenderam O. J. Simpson sempre tinham uma carta na manga, afinal, muitos deles sabiam da importância de ganhar o caso, levando em conta o pagamento e a popularidade que lhes atraíram. A defesa não conseguiu provar não só por causa dos argumentos – se focaram na questão de que o assassinato foi premeditado, descartando um ataque de ciúmes –, mas pela falta de evidências – erro dos investigadores e policiais, que foram acusados de plantarem evidências.
Foto da série American Crime Story, baseada no julgamento de O. J. Simpson. Foto: Divulgação.

Com todo o histórico de violência doméstica entre Nicole e O. J. Simpson, além de explorarem o racismo como uma defesa, os advogados também tentaram sustentar a ideia de que Nicole poderia ter sido assassinada por traficantes, alegando seu histórico da juventude com as drogas e com a vida noturna. Alguns dias antes do assassinato de Nicole,ela ligou para um abrigo de mulheres vítimas de agressão pedindo ajuda. De acordo com informações levantadas pelo autor do livro, ela ligou para o abril, pois sabia que a popularidade de O. J. Simpson o ajudava, desde favores de amigos policiais até outras pessoas que faziam vista grossa ao que estava acontecendo e sempre que precisava de ajuda, não conseguia. O julgamento foi um verdadeiro teatro e segundo a teoria apresentada por Toobin, houve influência dos jurados. Quanto mais informações relacionadas ao caso vazavam na mídia, mais confuso o julgamento se tornava.

“Dizem os advogados que a voz de uma vítima nunca perde seu vigor emocional no além-túmulo. Na chamada ao 911, no dia 25 de outubro de 1993, Nicole diz: “Ele voltou. Por favor. [...] É o O. J. Simpson. Vocês já devem ter a ficha dele aí. Dá pra mandar alguém?” Em seguida aos prantos, “Dá pra mandar alguém pra cá, por favor?””.

O julgamento O povo versus O. J. Simpson atraiu diversas pessoas interessadas em extrair algo. Uma amiga de Nicole escreveu um livro e acabou atrapalhando mais do que ajudando, passando uma imagem negativa do passado de Nicole. Alguns dos primeiros jurados também tentaram se aproveitar para venderem suas histórias e ganharem dinheiro. Em um cenário de comoção e cansaço, em que os advogados, jurados e o próprio juiz já estavam exauridos, depois de tantas discussões e desgastes, o júri absolveu o réu, O. J. Simpson, do crime de homicídio e foi liberado no mesmo dia.

O livro publicado no Brasil pela DarkSide Books veio em boa hora, levando em conta a série da Fox, American Crime Story, que foi ao ar em fevereiro de 2016 e um dos materiais usados como referência e pesquisa para produzir o roteiro e refazer a linha do tempo do julgamento foi a obra de Jeffrey Toobin. O. J. Simpson: culpado ou inocente? Leia American Crime Story: O Povo Contra O. J. Simpson e tire suas próprias conclusões.

Sobre o autor – Jeffrey Toobin trabalhou como procurador adjunto da República no Brooklyn, em Nova York, e como advogado associado no escritório de advocacia independente de Lawrence E. Walsh, antes de se tornar escritor fixo da revista The New Yorker, em 1993. As experiências de trabalho serviam de base para o livro Opening Arguments: A Young Lawyer's First Case – United States v. Oliver North (Argumentos Iniciais: O primeiro caso de um jovem adovogado – os Estados Unidos contra Oliver North). É autor de The Oath, The Nine, Too Close to Call e A Vast Conspiracy, além de O Povo Contra O. J. Simpson. vive com a família em Nova York. Saiba mais em http://www.jeffreytoobin.com/

Sobre o tradutor – Lucas Magdiel é tradutor e revisor, formado em Letras pela UFRJ e pós-graduado em tradução pela Universidade Gama Filho. Petropolitano de nascença e carioca de passagem, hoje tem o coração ancorado em Brasília, onde se dedica a verter ao espanhol conteúdos diversos da Agência Brasil e a forrozear nas horas vagas. Além de livros da coleção Crime Scene e do clássico zumbi A Noite dos Mortos-Vivos, já traduziu livros da série australiana Conspiracy 365 e programas diversos da BBC, Globosat e TV Brasil. Apaixonado por tecnologia, se empenha em hackear a vida para o bem. Para descontrair, devora séries de TV e não dispensa uma caneca fumegante de café.

*Este livro foi enviado pela DarkSide Books, editora parceira do Blog do Ben Oliveira, para que eu pudesse ler e resenhar para os leitores.

Ficou interessado no livro American Crime Story: O Povo contra O. J. Simpson? Garanta o seu exemplar na Amazon: http://amzn.to/24yfvDa

Já leu ou assistiu a série? O que acha de American Crime Story? Comente! Gostou da indicação de leitura? Não esqueça de compartilhar.

Comentários

  1. Olá Ben!
    Eu comprei o livro em pré-venda. Já havia começado a ver a série antes de comprar, depois parei para não saber como termina. Porém, sinceramente, nem com sua ótima resenha eu me animei. Só de ver o tamanho do livro e essas tramitações demoradas, já me cansa. Vai ser um livro que vai ficar de enfeite na estante por um longo tempo. Um dia quem sabe, com um tempo mais tranquilo, eu pegarei ele para ler.
    Abração

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    Respostas
    1. Oi, Matheus! É um livro bem denso, com muitas informações. É preciso muita paciência mesmo. Por ser bem documental, acaba sendo ótimo para buscar inspiração de casos reais e para quem é muito curioso, mas como você disse, é algo para ser lido com tempo bem tranquilo – diferente da ficção, que é bem-vinda a qualquer hora.
      Abraços

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