Pular para o conteúdo principal

Destaques

Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

Resenha: Confissões do Crematório – Caitlin Doughty

Quando foi a última vez que você leu um livro sobre a morte? É provável que tenha se aventurado por diferentes tipos de leituras, mas nenhuma que te faça pensar tão diretamente sobre o fim da vida e o destino dos cadáveres. Confissões do Crematório (Smoke gets in your eyes: and other lessons from the crematory) é um livro de memórias escrito pela agente funerária, escritora e youtuber Caitlin Doughty, publicado no Brasil pela editora DarkSide Books, com tradução de Regiane Winarski.
Kit de divulgação de Confissões do Crematório enviado para os blogs e vlogs parceiros da editora DarkSide Books.

O que mais chama a atenção em Confissões do Crematório é a autenticidade da autora em abordar a questão da morte. Caitlin escreve de forma envolvente sobre suas próprias experiências, desde o seu contato inicial com o trabalho em uma agência funerária até sua busca por adquirir mais conhecimentos sobre a temática. Enquanto algumas pessoas preferem evitar pensar e ver corpos mortos, a escritora compartilha sua fascinação e seu primeiro encontro direto com a morte quando ainda era criança e viu outra garotinha cair.

De um estresse traumático que ela nem tinha ideia na época de sua infância até a escolha por estudar história medieval, Caitlin Doughty não esconde seu interesse pela temática que só aumentou com o passar do tempo. Das inúmeras coisas que ela aprendeu durante esses anos trabalhando como agente funerária e se especializando na área, talvez a mais marcante seja o entendimento de que a sociedade contemporânea ocidental está tentando fugir cada vez mais da morte, como se ela não existisse. É interessante observar que o ser humano está vivendo muitos mais anos do que sobrevivia nos séculos passados. Muita gente morria de inúmeras doenças, porém como Caitlin bem lembra, isto não significa que o planeta está preparado para esses anos extras de vida ou que a sociedade está preparada para dar atenção necessária para os mais velhos e/ou pessoas que têm suas vidas prolongadas de forma artificial.

“Podemos nos esforçar para jogar a morte para escanteio, guardando cadáveres atrás de portas de aço inoxidável e enfiando os dentes e moribundos em quartos de hospital. Escondemos a morte com tanta habilidade que quase daria para acreditar que somos a primeira geração de imortais. Mas não somos. Vamos todos morrer e sabemos disso” – Caitlin Doughty

Logo na nota introdutória do livro, Caitlin Doughty afirma que Confissões do Crematório é um livro com histórias verdadeiras e pessoas reais – que obviamente, muitos foram modificados para proteger as identidades dos falecidos –, mas para que o leitor esteja ciente do que o aguarda nas páginas. “Este livro é sobre meus primeiros seis primeiros anos trabalhando na indústria funerária dos Estados Unidos. Quem não deseja ler descrições realistas da morte e de cadáveres pegou o livro errado. É aqui que você entrega as vendas metafóricas antes de entrar”, alerta a autora.


Cada capítulo é guiado por uma das memórias marcantes, mas autora sabe como amarrar a história com outras experiências, estudos e pensamentos. No primeiro capítulo do livro, por exemplo, ela conta como foi o dia que barbeou o seu primeiro cadáver e como essa experiência foi inesquecível. Quando Caitlin começou seu novo trabalho, apesar de ter conhecimentos da área de humanas sobre a morte, ela não tinha noção da parte prática que a esperava. Com a equipe da Westwind, funerária na qual ela trabalhou, ela pôde aprender os primeiros passos de como funciona a indústria da morte.

“Meu relacionamento com a morte sempre foi complicado. Desde a infância, quando descobri que o destino final de todos os humanos era a morte, o puro terror e a curiosidade mórbida lutavam pela supremacia na minha mente. Quando garotinha, eu ficava deitada durante horas esperando os faróis do carro da minha mãe aparecerem em frente de casa, convencida de que ela estava caída, ferida e ensaguentada no acostamento da entrada, com pedacinhos de vidro estilhaçados presos nas pontas dos cílios. Eu me tornei “funcionalmente mórbida”, obcecada pela morte, por doenças e por trevas, mas ainda era capaz de passar por uma estudante quase normal” – Caitlin Doughty

Confissões do Crematório é um livro curiosamente mórbido. O leitor acaba descobrindo histórias de pessoas que morreram sozinhas, de famílias e como elas reagem de formas diferentes diante dos rituais fúnebres, dos efeitos da morte nos corpos e nos rostos das pessoas e da necessidade de se preparar para o fim da vida, por causa dos custos e qualidade dos serviços funerários. Se todos sabemos que vamos morrer, por que algumas pessoas deixam a dor de cabeça para lidar com isso quando é tarde demais? Caitlin diz que não é uma decisão muito esperta, pois diante da pressa de escolher qualquer serviço de uma casa funerária, algumas pessoas acabam se decepcionando depois.


Além de explorar o universo das agências funerárias, Caitlin também fala sobre si mesma. Ela compartilha suas visões sobre a morte e como trabalhar diretamente com isso transformou sua maneira de enxergar algumas coisas, enquanto outros medos persistem. Caitlin conta como se sentiu quando as coisas que ela imaginara não eram como ela esperava e em um momento de solidão e pânico, ela desejou colocar um fim em sua própria vida. Esta proximidade entre autora e leitora, nos leva a simpatizar mais com Caitlin, afinal, não são todos que têm coragem de se abrir desta forma sobre seus sentimentos e perspectivas sobre a vida e morte.

“Nunca é cedo demais para começar a pensar na própria morte e na morte das pessoas que você ama […] Aceitar a morte não quer dizer que você não ficar arrasado quando alguém que você ama morrer. Quer dizer que você vai ser capaz de se concentrar na sua dor sem o peso de questões existenciais maiores como “Por que as pessoas morrem?” e “Por que isto está acontecendo comigo?”. A morte não está acontecendo com você. Está acontecendo com todo mundo” – Caitlin Doughty

Caitlin Doughty escreveu um livro sobre um assunto que ainda é considerado obscuro. Em um mundo que se distancia cada vez mais da morte e que cientistas lutam para descobrir como prolongar a vida, pensar sobre o destino de nossos corpos, quando nossos corações param de bater, pode ser algo incômodo para algumas pessoas. Mesmo fazendo parte da indústria funerária, a autora se posiciona contrária a muitas coisas, como a visão extremamente comercial, e um dos seus propósitos com o livro, com seu canal no Youtube Ask a Mortician e do grupo The Order of the Good Death é ajudar a desmistificar o assunto, um projeto que ela chama de Boa Morte ou a arte de morrer. Um livro com muitas curiosidades e informações interessantes de como a questão da morte é cultural e se transformou ao longo dos séculos. É impossível ler Confissões do Crematório sem pensar no mínimo na própria morte.


Sobre a autora – Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e mantém um canal no Youtube onde fala com bom humor sobre a morte as práticas da indústria funerária. É criadora da websérie Ask a Mortician, fundadora do grupo The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade) e autora de Confissões do Crematório. Saiba mais em orderofthegooddeath.com

O projeto gráfico do livro ficou muito lindo – capa chamativa com o olho em chamas, algumas imagens de anatomia e as páginas com laterais vermelhas. A DarkSide Books, mais uma vez, caprichou ao trazer para o Brasil um livro inédito que acaba se encaixando com sua linha editorial. Ficou curioso para ler? Garanta seu exemplar de Confissões do Crematório na Amazon e ajude o blog a crescer!


*Este livro foi enviado pela editora DarkSide Books (parceira do Blog do Ben Oliveira) para que eu pudesse ler e resenhar para vocês, leitores!

Além da resenha em texto publicada no blog, também gravei um vídeo sobre o livro Confissões do Crematório e disponibilizou no canal do Youtube.


Ficou interessado em ler Confissões do Crematório? Comente abaixo!


Comentários

  1. Olá Ben. Nossa que livro maravilhoso. Estou louca pra ler. Adoro livros com experiências próprias, gosto da realidade e objetividade. Amei a resenha. Beijinhos 😙

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Gisele!
      Confissões do Crematório é bem gostoso de ler, mas apesar de ser baseado em memórias, acaba fugindo só da objetividade e nos levando pela subjetividade da autora. Acredito que você vai gostar mesmo assim. É como uma aula sobre a morte.
      Beijos

      Excluir
  2. Que resenha fantástica Ben! Me fez querer o livro para ontem. Preciso de uma promoção e já levo para casa. hehe Ao contrário de muita gente, eu não temo a morte, e acho muito interessante.

    Abraços
    Leitor Noturno e Coisas de Um Leitor

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Matheus!
      Fico muito feliz que tenha gostado da resenha de Confissões do Crematório. Super recomendo o livro. Vale a pena conhecer mais sobre as transformações culturais e as relações que criamos com a morte. Não vai se arrepender!
      Abraços

      Excluir
  3. Realmente é difícil a gente encontrar pessoas que queiram falar sobre a morte e, sabendo da experiência que a autora teve, isso deve ter tornado o assunto algo mais interessante. Parabéns pelo vlog e a resenha está maravilhosa. É mais um livro que entra para a minha whislist. Um abraço desta sua amiga que te admira muito! ;*

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Drika!
      Muito obrigado por visitar o blog e deixar seu comentário por aqui. Faz toda diferença esse apoio ♥
      Tenho certeza de que vai gostar muito de Confissões do Crematório!

      Excluir

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Volte sempre!

Mais lidas da semana