Quanto tempo dura um sonho de infância? Após uma vida inteira sonhando com o balé, um homem na terceira idade decide finalmente tornar realidade, com a ajuda de um jovem bailarino apaixonado pela dança. O telespectador acompanha essa não tão improvável amizade e união por uma paixão em comum no drama coreano Navillera , dirigido por Dong-Hwa Han em 2021, adaptado pelo roteirista Lee Eun-Mi em uma webtoon. Por ter mais de 70 anos, além de ter que lidar com as próprias limitações do corpo, como a flexibilidade e dificuldades de equilíbrio, o Sr. Shim (In-hwan Park) se arrisca em algo mesmo com o preconceito por parte da família em relação ao balé e à idade em que ele decidiu começar a praticar. Do outro lado, ao mesmo tempo em que treina balé para um concurso, Chae Rok (Song Kang) assume a missão de ensinar Shim o básico sobre a dança clássica. O que se inicia como uma estranha relação adquire novos contornos conforme eles vão se aproximando e criando um vínculo que vai além das aulas
A leitura e o mar. Se você prestar atenção neles, vai perceber que os dois têm mais coisas em comum do que imaginamos. Neste movimento de avançar e recuar, de crescer e arrebentar, de carregar e desapegar, acabamos aprendendo mais sobre nós mesmos.
Alguns livros são como praia em dia frio. A água está tão gelada, que temos receio de molhar os pés – é preciso coragem para encarar o desafio. De repente, nos damos conta de que não está tão congelante quanto imaginávamos. Nunca teríamos descoberto, se não tivéssemos ousado sair da nossa zona de conforto.
Há autores que seguram nossas mãos e conduzem até o mar, nos mantendo confortáveis e aquecidos, bancando o salva-vidas para quando precisarmos. As ondas nos balançam com tanta delicadeza, que é como ser abraçado pelas águas. Nos sentimos tão leves e fluidos. A tentação de ficar para sempre ali é grande, mas podemos sentir as areias nos nossos pés, um lembrete de que a qualquer momento é hora de voltar para casa.
Outros nos levam a desafiar nossos limites – somos hipnotizados pelo canto da sereia e continuamos indo cada vez mais fundo, sem nos importarmos se é perigoso ou não… Queremos nos afogar e beber tanta água salgada até perdermos nossa consciência, até chegar até a última página. Queremos desesperadamente fazer parte daquelas histórias, rasgar nossa pele e nos colocarmos dentro daquelas personagens, mesmo que o sal faça arder cada corte.
Entre afogamentos e encantamentos, querendo ou não, uma vez em contato com essas narrativas, é muito difícil não deixá-las nos transformar. Queremos a brisa tocando nossos cabelos e acariciando nossas almas. Queremos livros que façam nossos corações baterem com mais força, que nos façam sentir vivos – leituras que recarreguem nossas energias e nos aliviem do angustiante peso do cotidiano.
Deixamos nossos fragmentos de pele, cabelos e energias no mar que se misturam com o sal e a areia. Como toda boa leitura, ao mergulhar nas páginas e sentir as letras nos invadindo, também vamos deixando nossas marcas no livro. Saímos da praia, mas parte dela permanece conosco. Não somos os mesmos de antes, não somos os mesmos de depois. Como o mar, continuamos transformando e espalhando nossas histórias por aí… Até o dia em que entramos em outras águas, deixamos outras ondas desafiarem nossas estruturas e o ciclo recomeça.
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