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Destaques

The Menendez Brothers: Netflix lança novo documentário de 2024 sobre o caso

Quando dois filhos de uma família rica norte-americana atira de forma fatal nos seus pais, o caso ganha muita repercussão sobre os porquês e qual seria o destino dos irmãos Menendez. Depois de produzir uma série documental sobre o caso, a Netflix agora divulgou um documentário de 2024, The Menendez Brothers . Após os irmãos Menendez demonstrarem insatisfação com a série documental, o documentário veio em boa hora, trazendo uma visão menos dramatizada e mais pé no chão sobre como os irmãos são, o que eles falaram e como eles reagiram. Não resta dúvidas de que o crime premeditado pelos irmãos tenham requintes de crueldade e que eles merecem prisão, porém, o que vai se especulando ao longo do documentário, especialmente no final, é se o julgamento teria sido justo quando uma hipótese de que havia um histórico de abuso sexual na família que poucos sabiam e isso poderia ter sido um dos motivos relacionados à morte dos pais. O julgamento que foi polêmico e até mesmo levantou a fama dos irmã

Resenha: Diário de uma Escrava – Rô Mierling

Diário de uma Escrava é o tipo de livro que é polêmico e pode chocar leitores que nunca entraram em contato com nenhuma narrativa sobre a temática, seja em livros, em filmes ou até mesmo na mídia e que, independente da experiência de leitura, acaba tocando em uma tema importante e que muitas vezes é esquecido na correria do dia a dia: o sequestro e escravização de jovens e mulheres. A obra de ficção escrita por Rô Mierling, publicada em 2016 pela editora DarkSide Books, foi publicada previamente no Wattpad, uma das maiores plataformas de livros online com alcance mundial, tendo alcançado mais de um milhão de leituras.

O romance tem como tema a escravidão sexual e alterna partes narradas em primeira pessoa por Laura, uma garota que é uma das vítimas do Ogro –, como ela chama o homem que a raptou e a mantém em cárcere privado e a agride sexualmente, fisicamente e psicologicamente – e com narração em primeira e terceira pessoas por outros personagens, possibilitando ter alguns vislumbres da vida que acontece fora do buraco habitado pela protagonista e também as memórias de outras garotas que foram vítimas.


A narrativa em alguns momentos é um tanto crua, o que pode incomodar alguns leitores, mas se levarmos em conta o estado de choque e as experiências doentias que a protagonista teve que aguentar e a idade das personagens, muitas das memórias e vozes acabam sendo impactadas. Intencionalmente ou não, a linguagem mais simples acaba lembrando um rascunho (sketch) em uma mistura com notas (que dão um toque de verossimilhança e uma dose jornalística) e outros focos narrativos – tornando a narrativa mais acessível, principalmente para leitores que não têm tanto contato com obras literárias – mas um pouco incômodo para quem já está familiarizado com o tema e desejava um mergulho mais fundo e mais sombrio.

“Estas são minhas lembranças da época, ou parte do que quero e consigo me lembrar. Fui prisioneira daquele homem. Foram tempos horríveis que me marcaram muito e as cicatrizes permanecem abertas. A memória falha, os fatos se misturam, mas vou tentar narrar para vocês. Habita em mim uma única certeza – nunca mais serei a mesma. Pode ser que ele tenha me roubado tanto, até a mente. Pode ser que muito do que aqui está seja invenção. Não importa, porque, no buraco, o medo, a escuridão e o sofrimento eram reais” – Rô Mierling, Diário de uma Escrava

A trama se movimenta ao redor do Ogro e de suas emboscadas. Laura é a personagem de mais peso. Seu desaparecimento acaba afetando sua família nos anos iniciais e, exceto para mãe, ela teme se tornar só mais um número – como acontece com tantas vítimas desaparecidas que são dadas como mortas, enquanto elas estão enfrentando seu próprio inferno. Quanto mais olhares sobre os casos de desaparecimentos e torturas, mais nos aproximamos da mente doentia do antagonista, observando como os instintos perversos dos homens quando não contidos podem se tornar uma bomba capaz de explodir corações inocentes.


A alternância de focos narrativos quebra a possível monotonia de um diário escrito por só uma pessoa, mas também tira um pouco do impacto, agonia e desconforto aos quais a protagonista é submetida. Empatizar com a personagem principal é algo inevitável, afinal, que ser humano não se compadece das dores do outro, especialmente quando é privado da própria liberdade e tem o corpo violado de tantas maneiras. As sombras do Ogro acabam deixando marcas inesquecíveis em Laura e de tanto sofrer, desta relação codependente pela sobrevivência, algo começa a mudar dentro da garota.

“Acredito fielmente que escravos e prisões não se fazem somente com paredes, grades ou algemas, mas também com simples palavras e situações. O poder que ele tem sobre mim é incalculável” – Rô Mierling, Diário de uma Escrava

Como sempre a editora acertou em cheio no projeto gráfico. Borboletas podem ser coloridas e cheias de vida, mas também podem ser despedaçadas facilmente e têm por natureza um curto ciclo de vida. O Ogro é um caçador de borboletas – o contraste entre o monstruoso e o belo é trabalhado ao longo do livro, bem como as metamorfoses dos personagens. Não tem como falar muito sem dar spoilers, mas o romance acaba deixando algumas pontas soltas – o que pode indicar que terá continuação ou que dá um toque mais realista à narrativa, afinal, quantos casos desses acontecem diariamente e são invisíveis para muitos de nós.


Toda obra com temática controversa acaba dividindo bastante a opinião dos leitores. Com Diário de uma Escrava não foi diferente. Como aconselho com qualquer leitura, acredito que tudo é muito subjetivo, bagagens são diversas. Levando em conta o público do Wattpad que é mais jovem e ainda não se aprofundou completamente no universo da literatura, apesar de publicado em livro impresso, o romance tem uma estrutura que funciona bem na plataforma de livros online e causou estranhamento em alguns leitores. Apesar de ter recebido há alguns dias o livro, esperei a poeira abaixar um pouco para poder ler e tirar minhas próprias conclusões. Recomendo que cada um trilhe sua própria jornada de leitura. Toda leitura vem a acrescentar. Vale a pena conferir a bibliografia disponibilizada pela autora e as notas, para quem deseja mergulhar em outras narrativas sobre a temática. Se o livro provoca mal-estar em muitas pessoas, mais perturbador ainda é lembrar que essas narrativas foram inspiradas em casos reais. Com a intenção de chocar e chamar a atenção do leitor, Rô Mierling escava buracos e mostra como somos moldados pelas coisas que nos acontecem e não somos imunes ao mal.

“Hoje pela manhã, senti o Ogro me olhando de uma forma diferente, algo como um misto de preocupação e curiosidade. Até hoje, nesses mais de quatro anos de cativeiro eu sempre lutei, sempre reagi, sempre tentei de uma forma ou de outra conviver com esse drama. Mas não consigo mais lutar. Vou me entregar, sinto minha alma morrendo, minhas forças mentais acabando. Eu nunca vou sair daqui, vou morrer nesse buraco; ele vai me enterrar e, depois, vai buscar outra vítima” – Rô Mierling, Diário de uma Escrava

Rô Mierling escreveu um livro sobre um assunto não tão fácil de colocar no papel, principalmente em uma época em que leitores confundem escritores, narradores e personagens e de tantas problematizações em espaços virtuais. É preciso coragem para escrever sobre o assunto; assim como muitas pessoas ficam agoniadas ao longo da leitura, ser escritor pode ser bem intenso e na hora da criação, pode ser atormentador criar e recriar essas imagens em nossas mentes. Impossível ler Diário de uma Escrava sem pensar quantas vezes nossos caminhos não se cruzaram com personagens como o Ogro e Laura e como, muitas vezes, nos sentimos impotentes diante desses monstros. A mensagem que continua ressoando em diferentes publicações de livros sombrios da DarkSide Books é uma só: humanos ainda são mais assustadores do que quaisquer outras criaturas.


Sobre a autora – Rô Mierling é gaúcha, escritora, ghost writer e pesquisadora acadêmica há mais de dez anos. Autora de contos, poesias e crônicas, publicou Contos e Crônicas do Absurdo e organizou a antologia Amor e Morte, entre outros livros. Saiba mais em facebook.com/romierlingescritora.



*Este livro foi enviado pela editora DarkSide Books, parceira do Blog do Ben Oliveira.

E você, já leu Diário de uma Escrava? Ficou curioso para ler? Comente!

Comentários

  1. Respostas
    1. Oi, Jana!
      Espero que goste. Depois me conte o que achou. O tema é bem polêmico e algumas cenas são bem explícitas, provocando o desconforto em muitos leitores.
      Abraços

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  2. Esse livro parece ótimo. E o projeto gráfico é uma beleza, né? Tá na minha lista.

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    1. Olá, Anderson!
      A DarKSide sempre capricha nos projetos gráficos dos livros. Se for ler, espero que goste!
      Abraços

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  3. boa noite adorei a resenha e fiquei muito curiosa e ansiosa p ler, adoro histórias reais e fortes, por acaso vc sabe se consigo o pdf deste livro? bjs

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    1. Oi, Rose!
      Como escritor, não recomendo a leitura em PDF. O livro estava disponível no Wattpad. Fique por dentro das redes sociais da editora e da autora e tente participar dos sorteios de livros: é uma forma mais bacana de adquirir o livro.
      Beijos

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  4. Um ~escritor~ que escreve "sexualmente, fisicamente e psicologicamente" ao invés de "sexual, física e psicologicamente" devia voltar pra escola, amigo.

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    1. Obrigado pelo 'escritor'. Graças a Deus tenho meus próprios leitores, para não precisar da validação de alguém anônimo, né?
      Quanto à questão estética do sufixo, estamos na internet e a linguagem aqui é bem informal. Um recurso não é uma obrigatoriedade. Não tenho pretensão de voltar à escola, embora acredite que viver é um eterno aprender e reaprender. Gratidão pela visita! ;)

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    2. "No caso de haver a intenção de realçar as circunstâncias expressas pelos advérbios, torna-se necessário omitir a conjunção e acrescentar o referido sufixo a cada um deles".

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