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Destaques

Alguma paz

A vida era mais do que frases de efeito e pensamento mágico. Muitas vezes, era sobre como realmente se sentia. Ser sincero consigo mesmo nem sempre era fácil, mas necessário.  Aceitar que, em algumas situações, não fazer parte da vida do outro é o mais saudável para os dois. Assim como acreditar que o contrário também era possível. Era enxergando os dois extremos que poderia encontrar um lugar no meio. Então, a dor que havia sentido um dia, desaparecera. Não era nada mágico. Não era simples efeito do tempo. Era processar as emoções e aceitar as coisas como eram. O exercício de lidar com a frustração era algo diário, mesmo quando não imaginava que estava fazendo. Era somente ao lidar com aquilo que o incomodava, que realmente poderia se libertar. Não era fácil, mas era como finalmente tinha encontrado alguma paz. A paz vinha de ter abandonado a necessidade de agradar aos outros, ainda que desagradasse a si mesmo no processo. A paz vinha de entender que a esperança nem sempre era uma...

Reflexão: Liberdade, Leitura e Livros

Sobre minhas estranhezas. Leitura, para mim, sempre foi sinônimo de liberdade. No ensino médio, enquanto muitos não liam ou só liam os livros nacionais de literatura de sempre que empurram em nossas gargantas, sempre me aventurei pelo que tinha vontade de ler, independentemente de convenções.


Ainda hoje, vejo o quanto o preconceito literário é uma prisão para muitos leitores e escritores. Li clássicos nacionais, mas li e ainda leio os internacionais que nem mesmo são citados em muitos colégios. Leio livros de psicologia, espiritualidade, bruxaria, filosofia, ficção, livros ilustrados, enfim, leio o que me der vontade – leituras que sempre me fizeram sentir um estranho, pois não eram o que pessoas próximas gostavam de ler (isso quando liam algum livro).

Os livros sempre foram e sempre vão ser uma maneira de conhecer e investigar outros universos. Criticar o que nunca se leu por mera necessidade de aceitação, pertencimento ou preconceito, me parece algo tão ultrapassado nos dias atuais diante de múltiplas possibilidades. Ingenuidade é acreditar que existe uma verdade única, inclusive quando se trata de literatura. Não pretendo nem entrar na velha e chata discussão sobre literatura canônica ou a tentativa de transformar a escrita em algo homogêneo ou como escritores contemporâneos penaram até serem reconhecidos com a máxima “isso não é literatura, é lixo para massa” – em algum lugar Edgar Allan Poe, que morreu miserável, deve estar sorrindo pelo sucesso de Stephen King e Neil Gaiman, após eles alcançarem seu lugar ao sol.

Trilhar sua jornada pode ser solitário, porém não é necessariamente algo ruim. Ler só liberta se você se permite sair da zona de conforto. Leia para se entreter, pesquisar, conhecer, se informar, leia o que tiver vontade.

Leituras não são estáticas. Quem lê determinado gênero e temática dificilmente vai ler só ele a vida inteira – um das grandes mentiras que espalham por aí. O preconceito se transforma com as gerações, mas não deixa de existir: “Livros de fantasia são perda de tempo”, “Nem parece que o livro foi escrito por autor brasileiro”, “Escritores nacionais são um lixo”, “A Bíblia é o único livro que vale a pena ser lido”, “Nunca li o livro do fulano, mas é uma merda”, “Não quero ler um livro com personagens LGBTs”, “Escritores nacionais precisam escrever histórias que se passem no Brasil”, entre tantas outras, mas a minha favorita talvez seja aquela que continua ecoando até hoje e muitas vezes, ironicamente, vêm da boca de muitos escritores contemporâneos: “Autores contemporâneos são uma merda”, enquanto pensa “O meu livro é o único que vale a pena ser lido, do resto só autores clássicos”.

Egos e prisões. Leia para se libertar, mesmo que seja da prisão que você criou para si mesmo.

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