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Destaques

Do Love Bombing ao Ghosting

Bem-vindo, 2024. Dizem que tudo que começa muito rápido pode acabar mal. Quando falamos de Love Bombing ou bombardeio de amor, muitas vezes, ele vem acompanhado do Ghosting , quando a pessoa que costumava falar com você simplesmente desaparece e fica indiferente de uma hora para outra. Dizem que devemos desconfiar de quando as coisas estão boas demais para serem verdade e talvez haja um fundo de verdade nisso quando estamos diante de alguém que em poucas horas ou dias está te contando coisas íntimas, tentando criar um laço e de um instante para o outro, sem qualquer motivo aparente, a pessoa desaparece. Você começa a questionar a própria sanidade mental. Não sabe o que era real ou se você projetou uma imagem sobre a pessoa e quis acreditar, como se fosse a imagem real. Para onde tinha ido aquela pessoa que disse coisas maravilhosas sobre você, que parecia estar pensando em um relacionamento e, do nada, havia simplesmente se afastado, sem dar qualquer justificativa? É difícil de acredi

A importância do marketing para o autor e de fazer escolhas conscientes

Você faz escolhas conscientes? Você sabe o que está fazendo da sua carreira? Se você quer ser escritor profissional no Brasil, é bem provável que a resposta seja não. A realidade do nosso mercado é bem diferente do contexto internacional, na qual a presença de um agente literário é fundamental para alavancar a carreira de um autor, cuidar dos melhores contratos e relacionamentos com editoras, entre tantas outras funções. A cultura do agente literário por aqui ainda é pouco difundida e são poucos profissionais com bagagem, isso acaba refletindo no cenário nacional.


Não se trata de ser neutro o tempo inteiro, de achar que a vida é um arco-íris ou de achar que por você ser escritor todos os profissionais são seus amiguinhos – aliás, se você for entrar em alguns grupos, vai ver que rolam alfinetas diariamente –, mas é importante cultivar o respeito e ter uma postura profissional. Você não precisa ser fã número 1 de um autor para respeitar a trajetória dele, mas toda vez que você vomita um comentário prepotente, é esta a mensagem que você está passando para o seu leitor. Você pode não gostar de um livro, gostos pessoais de leitura nunca são unânimes – que nenhum autor tenha a ilusão de achar que sua obra vai agradar a todos. Mas quando você se posiciona publicamente contra outro autor nacional ou internacional, principalmente um best-seller (como se fosse muito fácil entrar para a lista de mais vendidos), e deixa o seu ego falar mais alto, é preciso tomar cuidado e fazer uma autoanalise do que você vai escrever. Não gostar de um livro não significa que você precisa desmerecer todo o trabalho do autor. O que não te serve pode servir para outra pessoa. Desafio ainda maior quando além de escritor, você mantém um blog literário ou canal no Youtube sobre livros. Quando você publica um livro, qualquer pessoa está sujeita a ler, comentar e votar.

As necessidades de pertencimento, aceitação e validação são presentes em qualquer área. Diariamente centenas de escritores adicionam outros profissionais do mercado dos livros. O problema é que suas posturas, muitas vezes, acabam incomodando. Escritores e leitores que adicionam autoras e ficam dando em cima delas, por exemplo, é algo bem constante e desrespeitoso. Ou escritores que são racistas, homofóbicos, machistas, transfóbicos e disseminam inúmeros outros tipos de preconceitos e ódios pela internet. Quando você é um autor em início de carreira e antes mesmo de ter conquistado qualquer coisa, você passa uma imagem da sua prepotência, é provável que você afaste mais leitores do que os atraia, especialmente se seus comentários estão sempre relacionados aos livros e autores que esses leitores admiram. Acredite, você não quer mexer com fandoms. Você não precisa ser um Potterhead para respeitar o sucesso da J. K. Rowling com Harry Potter ou um fã de Stephen King para respeitar tudo o que ele passou e assim se repete com inúmeros outros autores contemporâneos best-sellers ou não. Cada autor tem uma trajetória e um dos principais erros que muitas pessoas cometem é o de tentar diminuir o outro para tentar se exaltar, uma forma de chamar atenção de forma errada. Existe uma linha tênue entre a inveja e a opinião, que fica bem evidente quando um autor está atacando o outro em vez de balancear suas ideias antes de se posicionar. Jamais cometa o erro de começar uma frase com um “Eu nunca li, mas odeio”, a validade de sua opinião é derrubada desde o início e só prova o seu preconceito literário.

Marketing é uma palavra mal compreendida por muitos. Muitos autores confundem o termo com propaganda e publicidade. O plano de carreira de todo autor não existe sem um bom planejamento de marketing. Se você tem objetivos, precisa trabalhar diariamente para alcançá-los. Não importa se seu sonho é ser publicado por uma editora tradicional (que não cobra a publicação dos autores e paga os direitos autorais) ou se você quis se aventurar por diferentes formas de publicação, desde que você saiba a importância das escolhas conscientes. Aliás, é fundamental saber qual caminho você quer trilhar e onde está pisando. Por isso é tão importante essa troca de informações com outros autores, mas quando você se posiciona de forma ignorante nas redes sociais, as chances são que muitos não façam muita questão de te ajudar.

O que é escolher de forma consciente? Quando você decide apostar em uma editora duvidosa que vários colegas te alertaram antes, por exemplo, é uma escolha sua. Experiências ruins dificilmente são compartilhadas publicamente e quando são, por lealdade, alguns defendem, mesmo quando há um histórico crescente de problemas. Quando você escolhe ouvir opinião de alguém que é bem-intencionado ou alguém com intenções dúbias, que está disseminando informações erradas, as chances de se decepcionar são bem grandes. Naturalizar coisas erradas não as tornam corretas. Uma das principais informações erradas repassadas em grupos, geralmente por autores iniciantes, é a de que a única forma de publicar é pagando. É importante ressaltar que apesar de publicar por editoras tradicionais no Brasil não ser fácil, pagar não é o único modo. Experiências de autores que pagaram para publicar e tiveram problemas com revisão, capa, distribuição, pagamento de royalties, marketing e por aí vai… Não faltam. Pagar não é errado, mas o autor precisa se atentar aos contratos e se atentar aos detalhes dos serviços que serão oferecidos, caso contrário ele pode correr o risco de cair em esquemas: Vanity Press (Publicação por Vaidade), algo semelhante ao mercado de modelos de empresas picaretas que empurram books para cima de todos candidatos sem nenhum critério de seleção, visando somente o lucro em cima deles, prometendo o sucesso nas passarelas e publicações de moda. Muitas vezes, o autor independente consegue ir tão longe apostando em si mesmo do que pagando alguém que vai fazer um serviço pela metade. Vale lembrar que não importa qual é a forma escolhida, o principal esforço para ajudar nas vendas de livros quase sempre precisa vir do autor.

A postura do autor não precisa ser coerente só na internet e nas redes sociais, mas ao vivo também. Quando um autor prepotente visita uma livraria e trata mal os livreiros, as chances são de que, muitas vezes, os seus livros sejam os últimos a serem recomendados. Os funcionários não estão ali só ao seu serviço. Quem é que recomenda alguém que age de forma estúpida com os outros? Da mesma forma, é preciso respeitar o seu leitor. Se você escreve para um público mais jovem, por exemplo, muitos leitores sentem uma necessidade de se conectar com o autor e acabam se espelhando neles. Muitos realmente se veem nos personagens e acabam até mesmo se vendo como um amigo do autor. Diante dos cenários de crises políticas mundiais, muitos escritores têm se posicionado. Se você tem ideias muito radicais e respeita quem defende a discriminação e incita a violência, talvez o melhor seja guardar para si mesmo ou manter um perfil pessoal distinto do usado para interagir com os seus leitores. Durante esses períodos, muitas pessoas chegam a desfazer amizades e se afastar de familiares, imagine como os leitores e outros autores reagem diante dessas situações? Eu, por exemplo, por ser gay, não gosto de manter na minha rede de contatos pessoas que disseminam a homofobia e incitam a violência física e psicológica, assim como outras formas de preconceito, do mesmo jeito que pode acontecer com outros escritores, profissionais do mercado editorial e leitores. Ninguém é obrigado a aceitar o outro, mas precisa saber respeitá-lo. As palavras são as principais formas de conexão do escritor com o mundo e como toda escrita pressupõe intenção, cuide bem das suas.

Em tempos em que muitos leitores confundem autores com personagens e narradores, vale a pena lembrar que embora personagens antagonistas e anti-heróis radicais sejam ótimos na ficção, é preciso tomar muito cuidado para não ser visto como um na vida real. Você é a sua melhor marca.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e do livro de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1), disponível no Wattpad.

Comentários

  1. Que texto perfeito!!!
    Disse tudo!
    Parabéns!
    Abraços,
    Ana,
    elvisgatao.blogspot.com

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    Respostas
    1. Olá, Ana!
      Gratidão pelo comentário. Fico muito feliz que tenha gostado. Acredito que no nosso meio tem faltado muito respeito entre autores e é importante levar em conta que os leitores ficam de olho.
      Abraços

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