Com a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil , duas redes sociais serviram de refúgio para os usuários brasileiros: a Thrends e a Bluesky , sendo que a última está se destacando e entre os aplicativos mais baixados por ter um formato mais parecido com o antigo Twitter. Jornais, jornalistas, artistas, escritores, leitores, produtores de conteúdo, páginas de fofocas e cultura e contas de fãs de artistas (fandom) estão entre os que se inscreveram na Bluesky, ajudando a diminuir a abstinência deixado pelo X e a sensação de deserto de informações, já que a plataforma não era usada só para questões políticas e entretenimento, mas também para consumir conteúdos jornalísticos e informações em tempo real. Enquanto alguns estão desanimados e com preguiça de recomeçar, tentado encontrar os seguidores em comum que tinham no X, há quem esteja animado com a possível atualização, na qual estariam disponíveis o uso de vídeos e os assuntos do momento – curiosamente, há quem esteja contente sem a o
David Levithan conta histórias de amor em How They Met and Other Stories
How They Met and Other Storiesé um livro de contos do escritor David Levithan, que também conta com alguns poemas e memórias. A obra foi publicada em 2008 pela Alfred A. Knopf (Random House Children’s Books). É uma leitura para quem gosta de histórias de amor, já que esta foi a proposta do autor: contar histórias sobre diferentes formas de amor (quando e como esses personagens se encontraram e o que aconteceu?).
Apesar de David Levithan ter explorado mais personagens plurais em outros livros, talvez pela data de publicação e por como o mercado editorial era mais fechado naquela época, dá para perceber que ele não transita tanto em outros personagens LGBTs, como fez em Todo Dia, por exemplo. Ainda assim, dá para ter aquele gostinho, especialmente com personagens gays em diferentes etapas de autoaceitação e de envolvimento com outras pessoas.
“Eu acho que um dos maiores elogios que você pode dar uma pessoa é quando você está falando com ela e você não está pensando no fato de que está falando com ela. É isto, seus pensamentos e palavras todos existem em um nível único de envolvimento. Você está sendo você mesmo porque não está se preocupando para pensar quem você deveria ser. É como quando você fala em um sonho”– David Levithan, How They Met and Other Stories (Tradução: Ben Oliveira)
A sensibilidade da escrita de Levithan nos leva a desfrutar destes eventos envolvendo o amor. São histórias de encontros e desencontros, de amores correspondidos e não correspondidos, de faíscas de paixões e amores duradouros. Nos damos conta sobre como alguns sentimentos são transitórios e relacionamentos se transformam o tempo inteiro, desde aqueles que vão da amizade ao amor, que se extinguem ou que só se fortalece com o passar dos anos.
Um dos meus contos favoritos do livro foi The Number of People Who Meet on Airplanes, que narra a história de um casal que se conheceu em um avião. A história poderia ser como qualquer outra, mas um dos personagens acaba servindo como cúpido, deixando a narrativa mais envolvente e nos fazendo imaginar o número de outras pessoas que acabaram se apaixonando por causa dessa intercessão.
“Nós dissemos que manteríamos o contato, mas o toque não é algo que você pode fazer à distância. O toque não é algo que você pode manter; assim que se foi, se foi. Deveríamos ter dito que manteríamos palavras, porque são tudo o que podemos estabelecer entre nós – palavras em uma chamada telefônica, palavras aparecendo na tela. Mas elas causam mais complicações do que clareza. No telefone, há sempre vozes no fundo. Na tela, há sempre sentenças dizendo que ele deve ir” – David Levithan, How They Met and Other Stories (Tradução: Ben Oliveira)
Em Breaking and Entering nós acompanhamos um personagem nostálgico, que entra escondido na casa do garoto com quem ele se envolvia após ele partir para a universidade. É uma história um tanto reflexiva, que nos faz pensar na saudade e na importância de seguir em frente, aceitar aquilo que não podemos mudar e como gostamos de lamber as feridas, mesmo sabendo que não podemos voltar no tempo.
O autor brinca com as palavras e dá para perceber o quanto ele se diverte ao contar cada uma das histórias. Em What a Song Can Do, nós acompanhamos um personagem que está compondo e cantando músicas. Ele está apaixonado por outro garoto, mas ao mesmo tempo está confuso por causa de suas diferenças. Enquanto ele prefere as letras e melodias, o rapaz prefere dançar e as batidas. O texto lírico brinca com essa ideia de como a música está associada à felicidade e ao amor. Estilisticamente diferente das outras histórias, mas com a essência de mostrar como os relacionamentos amorosos transformam as pessoas.
“Se eu não tivesse música, eu não sei
se eu seria capaz de ser verdadeiramente feliz.
Felicidade é música para mim. Como quando
eu estou no quarto de Caleb, tocando
meu violão para ele, assistindo ele
fechar seus olhos para ouvir e sabendo
que ele entende quem eu sou
cantando. É tudo o que eu preciso
para tornar um quarto cheio de felicidade –
dois garotos, um amor e uma canção” – David Levithan, How They Met and Other Stories (Tradução: Ben Oliveira)
Sou suspeito quando se trata do David Levithan. Acredito que uma vez fisgado por um autor, dificilmente conseguimos sair desses ganchos. Há algo na essência de sua escrita que me encanta e me faz desejar mais. É incrível como ele amarra o último conto com o que resto, mostrando como existem uma série de eventos orquestrados para que o amor se torne possível. Ele finaliza o livro com uma dose de romantismo, que nos lembra que mesmo nos tempos difíceis e diante de tantas invenções e transformações tecnológicas, o amor dá um jeito de encontrar o seu próprio caminho e prevalecer.
Conheça também Todo Dia, do David Levithan:
Sobre o autor – Um dia quando ele estava entediado na aula de física, David Levithan decidiu escrever uma história do Dia dos Namorados para seus amigos. Com essa pequena decisão, o seu futuro como um engenheiro eletricista estava condenado… e uma nova tradução de escrever histórias nasceu. Ele tem escrito histórias para seus amigos desde então, e eventualmente outras pessoas quiseram ler elas também. Algumas de suas histórias ficaram bem longas e acabaram virando romances. Essas incluem Boy Meets Boy, The Realm of Possibility, Are We There Yet?, Marly’s Ghost (ilustrado por Brian Selznick), Nick & Norah’s Infinite Playlist (escrito junto com Rachel Cohn), Wide Awake e Naomi and Ely’s No Kiss List (escrito junto com Rachel Cohn).
O anuário do ensino médio de David começava com uma quote do Philip Roth: “E enquanto ele falaava, eu estava pensando, ‘o tipo de histórias que as pessoas transformam sua vida, o tipo de vida que as pessoas transformam histórias’. Ele ainda está intrigado com aquela escolha de palavras aos 17 anos.
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