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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

5 Motivos para Ler O Que Me Faz Pular (Naoki Higashida)

O que você sabe sobre autismo? Como todo amante de livros, acredito que a leitura ajuda a quebrar um pouco das barreiras do preconceito ao informar e entreter. Em seu livro O Que Me Faz Pular (The Reason I Jump / Jiheisho no boku ga tobihaneru riy u), o autista Naoki Higashida compartilha um pouco da sua visão e experiências com os leitores. No Brasil, a obra foi publicada pela editora Intrínseca, com tradução de Rogério Durst.


Publicado no Japão em 2007 e no Reino Unido em 2013, a edição do livro traduzida para o português brasileiro foi lançada em 2014. No momento, a edição impressa do livro está esgotada, mas a versão digital pode ser encontrada em algumas livrarias.

O Transtorno do Espectro Autista é bem amplo e autistas podem ser completamente diferentes, mas mesmo com suas diferenças de limitações e deficiências, todos lidam com algo em comum: a dificuldade de ser entendido pelos outros.

Confira 5 motivos para ler O Que Me Faz Pular (Naoki Higashida):


1) Menos preconceito contra autistas


Independente do nível de limitação, pessoas com Transtorno do Espectro Autista sofrem preconceito e bullying. Durante muitos anos, muitos mitos foram espalhados sobre autismo que influenciam na visão que muitos têm sobre autistas, especialmente falando como se a pessoa não estivesse entendendo.

Ironicamente, durante muito tempo, alguns profissionais acreditaram que autistas não tinham empatia, porém, o que se observa é que os não-autistas têm dificuldade de entender que muitos dos comportamentos fazem parte da condição e não são necessariamente birra ou tentativa de chamar a atenção.

Aos cinco anos de idade, Naoki Higashida foi diagnosticado com um caso severo de autismo. Autista com limitações verbais, ele aprendeu a se comunicar com letras em uma cartela de papelão junto com o apoio da mãe e da professora. Aos 13 anos de idade ele escreveu este livro, o que ajuda a quebrar um pouco do preconceito que as pessoas têm com autistas.

Ele não é o único autista não-verbal a publicar sua história, mas sua obra foi bastante elogiada pelo mundo todo, inclusive pela Temple Grandin, uma das autistas que na infância tinha muitas limitações e compartilha suas experiências e leva conscientização para que mais profissionais, familiares e autistas possam entender melhor a condição neurológica.


“Nossos sentimentos são iguais aos de todo mundo, só não conseguimos encontrar uma forma de expressá-los” – Naoki Higashida, O Que Me Faz Pular

2) Dificuldade de expressão não é a mesma coisa que falta de empatia


Autistas sentem as coisas e alguns sentem até demais. Infelizmente, muitas pesquisas e materiais sobre autismo se focam tanto na visão médica e de psicólogos que esquecem de ouvir o que os autistas pensam, sentem e experimentam. Naoki Higashida deixa bem claro que mesmo com dificuldade e nem sempre conseguindo responder no momento, ele está consciente do que acontece ao seu redor.

Na época em que o livro foi escrito, por exemplo, pouco se sabia sobre o Transtorno do Processamento Sensorial, uma condição que muitos autistas têm que influencia sua relação com o mundo (toque, olfato, gustação, audição e visão), o que influencia na distração, no prazer e nas crises autísticas.

Mesmo sem o conhecimento científico/técnico, as informações fornecidas por autistas poderiam ajudar com pesquisas que realmente sejam benéficas para a população autista. Naoki Higashida deixa bem claro que autistas não são egoístas, pois é assim que muitos acabam se sentindo de tanto ouvirem dos outros que o autismo é algo negativo.

3) A importância do amor próprio


Naoki também compartilha que mesmo com suas limitações, ele aprendeu a se amar. Pouco se fala sobre a questão da autoestima do autista. Dependendo da quantidade de apoio que um autista precisa, pessoas que não fazem ideia do que é o autismo podem achar que eles são indiferentes ao mundo ao seu redor – o que nem sempre é verdade.

O escritor lembra que ser feliz é algo difícil para todo ser humano, independente de ter deficiência ou não. Vale ressaltar que embora não-autistas tenham dificuldade de entender o universo autista, uma ótima forma de tentar aprender um pouco sobre essa realidade é escutando, lendo e consumindo conteúdos produzidos por autistas.

“Em poucas palavras, aprendi que cada ser humano, com ou sem deficiências, precisa se esforçar para fazer o melhor possível e, ao lutar para conseguir a felicidade, ele a alcança. Veja bem, para nós o autismo é normal, então não temos como saber o que os outros chamam de “normal”. Porém, a partir do momento em que aprendemos a nos amar, não sei bem se faz diferença termos autismo ou não” – Naoki Higashida, O Que Me Faz Pular

Quando autistas conhecem outros autistas, por exemplo, a noção de normalidade é quebrada: autistas enxergam o mundo de forma diferente, mas o seu universo e forma de existir são normais para eles, afinal, mesmo autistas com poucas limitações, ainda fazem parte do espectro. Logo, o normal autista pode ser estranho para um não-autista, mas faz parte da identidade e vivência de pessoas que nasceram com a condição neurodiversa.

4) Luta diária


É preciso contextualizar a idade de Naoki Higashida, bem como lembrar que a visão sobre autismo também traz sua carga cultural. Quando publicou o livro, Naoki era um jovem grato, mas mesmo sem querer, suas palavras revelam o quanto ele trava uma batalha consigo mesmo, a qual mesmo com aceitação não significa que é fácil.

Para quem não sabe o que é capacitismo, é quando a pessoa com uma deficiência é vista com pena pelos outros. Será que Naoki teria se desenvolvido se tivessem focado só nas suas limitações? O autismo é muito complexo. Como ele fala no livro, é importante lembrar também dos pequenos prazeres.


“Não se pode julgar uma pessoa pela aparência. Mas, a partir do momento em que você entende o que acontece dentro do outro, vocês dois podem se tornar bem mais próximos” – Naoki Higashida, O Que Me Faz Pular

Não há sentido em um autista se comparar com outros autistas ou não-autistas, porém para uma visão externa e preconceituosa, muita gente poderia achar que Naoki seria incapaz de escrever. Ele não só compartilha suas memórias, como o livro também traz alguns textos literários e parábolas.

5) Mais inspiração


Autistas têm dificuldade de interação social e muitos podem ter dificuldade de falar, porém muitos podem aprender a se comunicar de forma alternativa e até mesmo acabam se conectando com a arte. No caso do Naoki Higashida, ele se encantou pela escrita, mas outros também acabam se aventurando pela música, pintura e outras formas de expressão artística. Ele também revela como ama estar na natureza.

Embora todo especialista e autista saibam que uma única narrativa de autismo não serve para todos, não dá para negar que na época da publicação, o livro O Que Me Faz Pular foi e ainda continua útil ao mostrar como autistas podem compartilhar suas percepções sobre a vida. Sem dúvidas, como acontece com toda narrativa biográfica, Naoki pode ter ressignificado algumas experiências, especialmente porque autistas também amadurecem.

Na época de publicação, o livro levantou uma descrença inicial ao achar que poderia ter sido influenciado pelos facilitadores do método de comunicação, de que o livro teria sido escrito pelos familiares, mas atualmente, Naoki Higashida tem seu próprio computador. 

Desde o lançamento do livro O Que Me Faz Pular, ele já publicou vários outros trabalhos no Japão e seu livro mais recente é o Fall Down 7 Times Get Up 8 (Caia 7 vezes, Levante 8), escrito entre os seus 18 e 22 anos. Em sua nova obra, o autor trata de questões como identidade, família, educação, sociedade e seu crescimento pessoal. Lançado no Japão em 2015, a versão inglesa foi lançada em 2017 com tradução de Keiko Yoshida e do escritor David Mitchell, também responsáveis por fazer o livro O Que Me Faz Pular ser traduzido para o Reino Unido.

Além de Naoki Higashida, outro autistas não-verbais que escreveram livros são os norte-americanos Ido Kedar e Carly Fleischmann e o indiano Tito Mukhopadhyay.

Sobre o autor – Naoki Higashida nasceu em Kimitsu, no Japão, em 1992. Diagnosticado com autismo severo quando tinha cinco anos, ele aprendeu a se comunicar uma tábua de alfabeto feito á mão e começou a escrever poemas e contos. Aos 13 anos de idade, ele escreveu O Que Me Faz Pular (The Reason I Jump), que foi publicado no Japão em 2007. Com a tradução para o inglês em 2013, o livro já foi publicado para mais de 30 idiomas. Desde então, Higashida publicou vários livros no Japão, incluindo livros infantis e ilustrados, poemas e ensaios. Tema de um premiado documentário da televisão japonesa em 2014, ele continua a fazer apresentações em todo o país sobre sua experiência como autista.

*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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