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Destaques

Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

Uma Mente Inquieta: Especialista em Bipolaridade narra sua vida com o transtorno

Você sabe o que é psicofobia? Muitas pessoas têm preconceito com transtornos, condições e deficiências mentais. Uma das formas de quebrar um pouco desse estigma é quando a pessoa usa a própria voz para contar sua história e falar sobre o transtorno. No livro Uma Mente Inquieta (An Unquiet Mind), a especialista internacional em transtorno bipolar, Kay Redfield Jamison conta sobre sua doença de uma forma muito mais interessante de que se tratasse de um livro objetivo. A obra foi lançada no Brasil pela Editora Martins Fontes, cuja primeira edição foi publicada em 1996.


Encontre o livro Uma Mente Inquieta: https://amzn.to/2LkzFwj

A primeira coisa que chamou a minha atenção quando encontrei este livro no sebo foi a informação de que a autora é uma especialista no assunto. Logo de cara, percebi o quanto seria interessante ver alguém que realmente entende do transtorno bipolar (também conhecido como doença maníaco-depressiva) narrar sua história, de forma a perceber a relação entre as experiências pessoais e a doença mental.

Minha intenção era encontrar livros sobre autismo, mas não tinha encontrado nenhum e mesmo que encontrasse, provavelmente estariam desatualizados. Queria encontrar algum material impresso que fosse narrado por autista, pois a diferença da visão médica e psicológica da visão de um autista são gritantes. Eu percebo que quando se tratam de condições que as pessoas não têm muito contato, elas tendem a criar uma barreira preconceituosa que impede o relacionamento. Outro ponto interessante que chamou a minha intenção foi tentar compreender a parte humana: muitos profissionais e pessoas tendem a desumanizar quando falam de transtornos e esquecem que as pessoas que consomem esses conteúdos estão vivas.

“Vi o que há de melhor e mais terrível nas pessoas e aos poucos aprendi os valores do afeto, da lealdade e de ir até o fim. Conheci os limites da minha mente e do meu coração, e percebi como os dois são frágeis e como, em última análise, são incognoscíveis” – Kay Redfield Jamison, Uma Mente Inquieta

Ao narrar a própria luta com a aceitação de que tem o transtorno bipolar, Kay Redfield nos mostra que o preconceito está tão forte entre as pessoas que têm contato com a área da saúde mental quanto fora. Ela descreve sua relutância inicial em tomar medicamentos e todas vezes que parou os tratamentos achando que melhoraria, só para descobrir que estava se deixando levar até a próxima crise.

Mas a autora do livro não se foca somente na parte negativa. Ela conta como pessoas com o transtorno tendem a ser criativas e como em algumas fases, sua produtividade ficava altíssima. Porém, Kay lembra que mesmo com alguns efeitos colaterais do remédio, sem o tratamento, ela provavelmente teria cometido suicídio.

“Se o amor não é a cura, ele sem dúvida pode atuar como um remédio muito eficaz” –Kay Redfield Jamison, Uma Mente Inquieta

Ao longo do livro, conhecemos diferentes etapas da vida de Kay Redfield, desde o seu interesse inicial pelos transtornos psiquiátricos, o que acabou levando ela a trabalhar na área, pesquisar e até mesmo ficar responsável pelo diagnóstico de pacientes até o momento em que ela revela sua condição para os colegas de trabalho e amigos. Entre estranhamentos de alguns e aceitação dos outros, Kay não abriu mão de sua ética ao explicar que se não estivesse em condições de atendimento público, que alguém poderia substitui-la.

O tratamento digno de pacientes com transtornos mentais não deveria ser uma exceção. Durante muitos anos, pessoas com transtornos tinham vergonha de revelar e/ou eram escondidas em suas casas ou espaços de internação. O assunto era tratado como um tabu, as pessoas escondiam suas medicações e/ou tinham receio de contar que contam com apoio psicológico. Cada vez mais a questão da saúde mental tem ganhado destaque, seja pela necessidade de respeito, da questão da aceitação e da autoestima, como pela importância de incentivar quem precisa de ajuda não ter medo do preconceito (seja quando é internalizado ou quando está presente na sociedade).

“Os principais grupos de conscientização em saúde mental são compostos basicamente de pacientes, familiares e profissionais de saúde mental [...] eles elevaram o nível de atendimento nas suas comunidades com sua insistência na competência e no respeito, recorrendo, de fato, ao boicote àqueles psiquiatras e psicólogos que não oferecem esses dois requisitos” – Kay Redfield Jamison, Uma Mente Inquieta 

Kay Redfield Jamison produziu um trabalho digno de ser lido e relido ao falar de forma tão franca sobre sua vida pessoal e de que maneira o transtorno acaba fazendo sua parte de sua identidade, já que é um distúrbio psiquiátrico sem cura. Com coragem e ousadia, Kay mostra no livro que sua própria história dá um ótimo material sobre saúde mental, abordando com sinceridade não só os momentos negativos, mas também mostrando que a doença não invalida sua personalidade, sua carreira e suas experiências. Como a autora lembra, quando se tratam de alguns transtornos, quanto mais respostas, mais perguntas aparecem e mesmo entre os colegas de profissão e amigos, Kay teve que lidar com a descrença e com a psicofobia – e a dificuldade de lidar com pessoas que não querem aceitar ou ouvir sua história, mas querem ter um relacionamento de confiança.


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*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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