Nem sempre o silêncio significa concordar com o outro, às vezes ele vem da noção de que não importa o que será dito, você será mal interpretado. Então, tudo o que resta é deixar o outro projetar em você, coisas que sequer passam pela sua mente, te julgar e aprender internamente a não se deixar levar pelo julgamento do outro. Escutar sem reagir nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente diante de uma injustiça, mas pelo bem da sua saúde mental, muitas vezes você tem que deixar o outro pensar o que quiser de você e aceitar que uma invalidação do outro, não significa que você precisa aceitar como uma verdade absoluta. Se você está em uma posição onde há pouco espaço para a expressão, muitas vezes é inevitável que você saia de uma conversa onde um dos lados se comunicou e o outro esteve no papel de mero ouvinte. Esse desequilíbrio nas relações geram interpretações erradas e cabe a cada um validar ou invalidar a invalidação do outro. Nem tudo o que é dito sobre você precisa fazer sentido ...
Vídeo: 5 Motivos para Ler Flores para Algernon (Daniel Keyes)
Faz um tempo que não gravo vídeos para o meu canal do YouTube. Tenho dificuldade de lidar com barulhos e na hora de gravar, então, além de me desconcentrar, provoca mal-estar e atrapalha minha fala. Enfim, o vídeo deste início de fevereiro de 2019 é sobre o livro Flores para Algernon, do escritor Daniel Keyes, publicado pela Editora Aleph, em 2018. Foi uma das minhas leituras favoritas do ano passado.
Para quem não gosta de vídeos, vou comentar aqui embaixo sobre o que foi abordado.
5 Motivos para Ler Flores para Algernon:
1) A ficção e a linguagem nos mostra como a inteligência e a cognição influenciam nossa maneira de enxerga, sentir, experimentar e vivenciar o mundo e como os outros nos percebem de forma positiva ou negativa. 2) O livro aborda uma questão que deveria ser mais discutida: o preconceito contra pessoas com deficiência intelectual. Charlie, o protagonista de Flores para Algernon sofre com o preconceito e nem sempre tem consciência disso por causa da dificuldade de discernir a maldade do ser humano. Além de nem sempre ter como se defender, o livro aborda questões como abusos físicos e psicológicos, abandono e autonomia. 3) Nos faz refletir sobre as questões éticas da ciência nos experimentos e tratamentos com humanos. Charlie é convidado a participar de uma cirurgia que promete aumentar seu QI. 4) Conforme o leitor acompanha os registros da experiência e os dias de Charlie, além de perceber a mudança no tratamento interno e das pessoas ao redor dele, o rapaz se dá conta que a inteligência emocional não acompanha o desenvolvimento do seu QI. Ele abre as feridas do passado e mesmo com dificuldades diferentes, ele percebe que ainda é difícil se comunicar com as pessoas.
5) Flores para Algernon nos faz pensar na pressão que colocam em pessoas com alta inteligência e como essa busca desesperada pode ser tão destrutiva quanto o preconceito contra pessoas com baixo QI. De um lado, há o enaltecimento e supervalorização de pessoas com alto QI, do outro, a desvalorização, desumanização e infantilização de pessoas com baixo QI. Além disso, pessoas com muita inteligência também tem dificuldades de interação social e quanto mais autoconsciência, mais elas estão sujeitas à solidão, ruminação e desenvolvimento de transtornos mentais.
*Ben Oliveira é escritor, blogueiro e jornalista por formação. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.