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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Para Toda a Eternidade: Livro explora rituais funerários diversos

Entre a naturalidade e o espanto, o tradicional e o moderno, o ocidental e o oriental, Caitlin Doughty transmite ao leitor histórias de suas visitas a espaços e profissionais envolvidos com o universo mortuário. Uma das obras pedidas por quem já tinha lido Confissões do Crematório, o novo livro foi publicado no Brasil pela editora DarkSide Books, em junho de 2019, com tradução de Regiane Winarski e ilustrações de Landis Blair.


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“Eu passei a acreditar que os méritos de um costume relacionados à morte não são baseados em matemática [...] mas em emoções, numa crença na nobreza única da própria cultura da pessoa. Isso quer dizer que consideramos os rituais de morte selvagens apenas quando eles não são como os nossos” – Caitlin Doughty, Para Toda a Eternidade

Dá para ler tranquilamente Para Toda a Eternidade sem ter lido Confissões do Crematório, mas acredito que as duas leituras são complementares. Enquanto na primeira obra Caitlin compartilha suas memórias e como ela acabou se interessando por trabalhar no universo das funerárias e crematórios, na segunda, ela apresenta ao leitor histórias de diferentes regiões do mundo, despertando nos curiosos a vontade de visitar esses ambientes peculiares e entender mais sobre o fenômeno multicultural.


Sem exagerar nas descrições dos detalhes, mas também sem deixar o texto superficial, a escrita de Caitlin é envolvente, como se um amigo estivesse te contando os melhores momentos de suas viagens e se empolgasse na hora de revelar as partes mais emocionantes. A cada linha do livro é possível experimentar o prazer e o respeito da autora pela temática.

“Em Toraja, durante o período entre a morte e o funeral, o corpo fica em casa. Pode não parecer um choque, até eu contar que esse período pode durar de vários meses a vários anos. Durante esse tempo, a família cuida do corpo e o mumifica, leva comida, troca as roupas e fala com o cadáver” – Caitlin Doughty, Para Toda a Eternidade 

Com a proposta de fazer o leitor refletir sobre sua relação pessoal com a morte e como somos influenciados pela cultura regional, Caitlin Doughty acredita que as pessoas não podem fugir da reflexão sobre o funeral. Vale lembrar que embora ela apresenta alguns casos, dentro do próprio país podem existir diferentes tradições e que do mesmo jeito que outros costumes são vistos com admiração ou estranhamento por estrangeiros, o mesmo pode acontecer quando se tratam dos ritos funerários.

Um dos capítulos que mais me chamou a atenção foi o sobre as nãnitas da Bolívia. É incrível como conhecemos tão pouco sobre a América do Sul, mesmo com a proximidade do país. Para muitos, é mais fácil conhecer as caveiras mexicanas do que saber da existência das nãnitas – crânios enfeitados que servem como guias e protetores.

“A cremação industrial em fornalhas surgiu na Europa no final do século XIX. Em 1869, um grupo de especialistas médicos se reuniu em Florença, na Itália, para denunciar o enterro como algo não higiênico e defender uma mudança para a cremação. Quase simultaneamente, o movimento pró-cremação saltou o oceano até os Estados Unidos, liderado por reformadores como o absurdamente nomeado reverendo Octavius B. Frothingam, que acreditava que era melhor para um cadáver se transformar em 'cizas brancas' do que em uma 'massa de podridão'” – Caitlin Doughty, Para Toda a Eternidade

Embora as ilustrações tornem a leitura mais envolvente, creio que seria bem interessante uma edição do livro – ou quem sabe um material bônus – com fotografias dos lugares visitados por Caitlin Doughty. Mesmo que as imagens sejam proibidas em alguns lugares, em outros, seria interessante.


Caitlin Doughty traz à tona uma visão sobre como a tecnologia, para o bem ou para o mal, transformou até mesmo nossa conexão com a morte e como essa indústria lucrativa está sempre pensando em formas diferentes de encantar o público. Para a autora, no entanto, não dá para abrir mão do processo de luto, já que alguns rituais que existem/existiam para essa finalidade estão sendo cada vez mais substituídos por métodos caros que distanciam o morto dos familiares. Para Toda a Eternidade é uma leitura que estimula a curiosidade e nos faz refletir.

Sobre a autora – Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e mantém um canal no YouTube onde fala com bom humor sobre a morte e as práticas da indústria funerária. É criadora da web série Ask a Mortician, fundadora do grupo The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade) e também autora de Confissões do Crematório.

E você, já leu Para Toda a Eternidade? E Confissões do Crematório? Comente e compartilhe a indicação de livro.

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*Ben Oliveira é escritor, blogueiro, jornalista por formação e Asperger. É autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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