O que uma
agente funerária tem a nos dizer sobre sua
experiência com a morte? No livro
Confissões do Crematório (Smoke Gets in Your Eyes), a autora, blogueira e YouTuber
Caitlin Doughty relata desde os seus primeiros contatos com a atividade profissional, suas reflexões sobre este processo que faz parte da experiência humana e como ela acabou se transformando em uma ativista da indústria funerária.
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Neste dia 02 de novembro é comemorado o Dia de Finados pelos cristãos e o Dia dos Mortos pelos mexicanos – que celebravam a morte e o renascimento e antigamente acreditavam que, nessa data, os espíritos tinham permissão para visitar seus familiares e amigos. Seja uma data triste, feliz e/ou reflexiva, conscientemente ou não, é um momento para encarar aquilo que nem sempre pensamos.
Assunto que desperta ansiedade e medo em alguns, curiosidade em outros, a morte é uma das únicas certezas da jornada humana. Com um canal no YouTube com mais de 500 mil inscritos
(Ask a Mortician) e mais de 6 anos de experiência na indústria funerária (na época da publicação do livro), Caitlin Doughty tira as curiosidades de milhares de pessoas sobre os bastidores de um agente funerário com uma dose de humor e acidez, tentando desmistificar a lucrativa indústria da morte.
Para quem está acompanhando ou já assistiu a série
A Maldição da Residência Hill e ficou com vontade de saber um pouco mais sobre o universo da Shirley, a personagem que é dona de uma casa funerária, vale a pena ler as histórias e memórias de Caitlin Doughty.
Ficou interessado? No Brasil, o livro Confissões do Crematório foi publicado pela editora
DarkSide Books, em 2016, com tradução de
Regiane Winarski.
Confira 5 trechos do livro Confissões do Crematório (Caitlin Doughty):
“A primeira vez que espiei um corpo em cremação pareceu uma transgressão abominável [...] Não importa quantas capas de discos de heavy metal você tenha visto, quantas gravuras de Hieronymus Bosch das torturas do Inferno ou mesmo a cena de Indiana Jones em que o rosto do nazista derrete – você não vai estar preparado para testemunhar um corpo sendo cremado. Ver um crânio humano em chamas é mais intenso do que os voos mais loucos da sua imaginação são capazes”
“Embora você possa nunca ter ido a um enterro, dois humanos do planeta morrem por segundo. Oito no tempo que você levou para ler essa frase. Agora, estamos em quatorze. Se isso é abstrato demais, considere este número: 2,5 milhões. Os 2,5 milhões de indivíduos que morrem nos Estados Unidos por ano. Os mortos separam esses momentos tão bem que os vivos quase não percebem que estão passando pela mesma transformação”
“No final da Idade Média, a "danse macabre", ou dança dos mortos, era um assunto popular na arte. As pinturas exibiam corpos em decomposição com sorrisos enormes, que voltam para pegar os vivos, alheios a tudo. Os corpos exultantes, anônimos pela putrefação, acenam e batem os pés enquanto puxam papas e pobres, reis e ferreiros em sua dança animada. As imagens lembravam os espectadores que a morte era certa: ninguém escapa. O anonimato aguarda”
“Se deixados em paz, os corpos humanos apodrecem, se decompõem, se desintegram e afundam gloriosamente na terra, de onde vieram. Usar o embalsamamento e os caixões pesados de proteção para impedir esse processo é uma tentativa desesperada de adiar o inevitável e monstra nosso pavor óbvio da decomposição”
“Todas as culturas têm valores de morte. Esses valores são transmitidos na forma de histórias e mitos, contados para as crianças antes de elas terem idade suficiente para guardar lembranças. As crenças com as quais crianças crescem dão a elas uma base para que suas vidas façam sentido e para que elas as controlem”
Sobre a autora – Caitlin Doughty é agente funerária, escritora e mantém um canal no YouTube onde fala com bom humor sobre a morte e as práticas da indústria funerária. É criadora da web série
Ask a Mortician, fundadora do grupo
The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade) e também autora de Confissões do Crematório. Saiba mais em
orderofthegooddeath.com.
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Para quem se interessa pelo assunto. em 2017, a editora brasileira – voltada para a publicação de livros com temática sombria, sejam ficcionais ou não – lançou o livro
O Segredo dos Corpos, do legista
Dr. Vincent Di Maio e do escritor especializado em crimes
Ron Franscell, com tradução de Lucas Magdiel.
Ainda não traduzido e publicado no Brasil, no Dia das Mulheres de 2018, a editora DarkSide confirmou em sua conta do Twitter que o livro será lançado por eles por aqui. Os leitores que gostaram de Confissões do Crematório, já estão ansiosos e curiosos para conferir o que vem por aí.
Muito interessante a temática Levar com bom humor o lado sombrio que as pessoas mais temem, a morte. Legal.
ResponderExcluirOi, Glauber. Acredito que tu ia gostar do livro. Dá para refletir um pouco sobre esse assunto que muitas vezes fechamos os olhos.
ExcluirAbraço