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Destaques

Limites

Limites: linhas que não devem ser ultrapassadas. Espaço onde a paz permanece. Ausência de conflitos desnecessários. Deixar claro que o que incomoda deve ser respeitado. Era na falta de limite que crescia o desrespeito. Era na falta de limite que tudo ficava estagnado. Era na falta de limite que elos podem ser quebrados, sem qualquer necessidade de adeus. Os dias passavam e quanto mais se dera conta da importância dos limites, mais entendia a decisão de quem escolhera não fazer mais parte da sua vida.  Era ao dizer adeus que abria espaço para o novo. Era ao deixar para trás tudo aquilo que pesava que aceitava que algumas coisas simplesmente não eram para ser. Era ao desapegar quando percebia que o que algo fazia sentido antes, agora era indiferente. Escrevia para lembrar. Escrevia para esquecer. Escrevia na esperança de que o aqui e agora deixassem o passado no passado, sem perder tempo pensando no futuro. Escrevia como quem sabia que ciclos encerrados faziam parte da vida. Escrevia...

Happy Old Year: Filme explora a linha tênue entre o desapego e a nostalgia

O filme tailandês Happy Old Year, de 2019, nos faz pensar sobre as relações que construímos com as coisas que guardamos ao longo da vida. Com direção e roteiro de Nawapol Thamrongrattanarit, a obra está disponível na Netflix.

Chutimon Chuengcharoensukying interpreta Jean, uma mulher que deseja fazer um escritório em sua casa, mas se dá conta de que há uma pilha de objetos inutilizados pela casa. Interessada e inspirada pelo minimalismo, se dependesse só dela, ela colocaria tudo em sacos de lixo e jogaria fora, o que ela descreve como buracos negros, porém, à medida que ela coloca o seu plano em ação, Jean percebe que não será tão fácil como imaginava.

Com a resistência da família a mudar, Jean encara de frente sua missão, doa em quem doer. O que deveria ser fácil e prático para ela, cuja necessidade é vista até mesmo como egoísmo, acaba se desdobrando em várias situações, fases e etapas conforme ela mergulha nas histórias, memórias e emoções que estão vinculadas aos objetos, especialmente a um ex-namorado.

Neste ano de pandemia, no qual muitas pessoas estão adotando o home office, assim como a protagonista precisou abrir espaço, creio que muita gente vai se envolver com essa história sobre as coisas ditas e não ditas, sobre ressentimento e perdão e, acima de tudo, sobre seguir em frente, mesmo quando o passado é uma prisão confortável. No final, essas escolhas são muito subjetivas, mas suas consequências nem sempre são unilaterais, já que algumas bagagens são como teias que nos prendem às outras pessoas.

Para quem leu a história do filme e logo pensou na Marie Kondo, o livro dela é citado, bem como aparecem trechos de vídeos de suas participações ensinando o seu método de arrumação. A própria protagonista entra em conflito com suas opiniões sobre o Método Marie Kondo quando ela percebe que abrir mão de sua própria bagagem, seja daquela que remete aos momentos felizes ou aos tristes, é deixar ir uma parte de si mesma.

Happy Old Year é um dos achados internacionais na plataforma de streaming de vídeos. Para quem gosta de viajar através dos filmes, vale a pena fuçar o catálogo da Netflix, que tem apostado cada vez mais na produção e disponibilização de obras de diferentes países: um presente para quem quer se aventurar por outras culturas e quer um descanso das produções de Hollywood. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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