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Destaques

Resenha: Tempo de Cura – Monja Coen

O livro Tempo de Cura , da autora Monja Coen , está repleto de reflexões e foi escrito no período da Pandemia de Covid-19, no período em que o Brasil e o resto do mundo estava lidando com questões como o isolamento social e o uso de máscaras respiratórias, bem como com pessoas que se negavam a seguir as orientações de saúde pública. O livro foi publicado pela editora Academia , em 2021. Compre o livro: https://amzn.to/3PiBtFO Em um período difícil, no qual as pessoas tiveram que lidar com a solidão, doenças e mortes, o livro escrito pela Monja Coen serviu como bálsamo para acalmar os corações e mentes – e pode ser lido até nos dias atuais, pois nunca estamos completamente imunes a passar por uma próxima pandemia e a doença permanece causando impactos para a saúde da população.  Compartilhando suas primeiras experiências com o zen e a meditação, Monja Coen é certeira em falar sobre a importância da paz e da cura e da preocupação com o bem-estar coletivo, dando como exemplo as orientaçõe

29 de Maio: Manifestações contra Bolsonaro pelo mundo e o silêncio da mídia que incomoda os próprios jornalistas

No dia 29 de maio de 2021, aconteceram manifestações contra Bolsonaro em diversas cidades do Brasil e de outros países. Diante da mobilização de milhares de pessoas, os atos não passaram despercebidos por jornais internacionais, mas os registros foram tímidos em alguns dos veículos tradicionais brasileiros, levantando a indignação não só do público insatisfeito com o Governo, como também de jornalistas nacionais e estrangeiros.

Passando pelo Twitter, é possível encontrar desde pessoas pedindo o cancelamento de assinaturas de alguns jornais, outras pedindo a valorização de jornais independentes por meio de doações e/ou assinaturas digitais e uma grande maioria criticando o pouco tempo e cobertura feitos por grandes veículos de comunicação – em alguns casos, as reportagens internacionais foram mais elaboradas, sejam de veículos online, cobertura de fotojornalismo e/ou audiovisual.

Não foram só nas ruas que o movimento pedindo vacinas, auxílio emergencial e o impeachment do Bolsonaro chamou a atenção. Nas redes sociais, especialmente no Twitter, os números impressionam: a hashtag da manifestação contou com mais de um milhão de publicações. Além dos protestos, a CPI da Covid também tem engajado milhares de brasileiros. 

As manifestações geram preocupações por causa da pandemia. Diferente de muitos eventos promovidos pelo Presidente e seus apoiadores, nos quais os participantes não costumam usar máscaras nem respeitam o distanciamento, houve uma tentativa de diminuir a possibilidade de contágio por meio do uso de máscaras, álcool em gel e, em alguns lugares, o respeito do distanciamento. Também é importante lembrar que existe uma diferença entre protestar e se aglomerar para apoiar Bolsonaro.

É interessante observar que o que levou os participantes à rua e têm levado a criticar o governo de Bolsonaro varia bastante e está longe de ser algo meramente partidário ou com foco exclusivo nas Eleições de 2022. As manifestações ecoaram um grito de indignação coletiva sobre diversos acontecimentos relacionados à má gestão da pandemia e problemas sociais. 

Vendo algumas entrevistas e publicações na internet, entre os principais motivos de insatisfação estão o atraso na vacinação e a recusa de ofertas de vacinas, bem como as recomendações de tratamentos sem comprovação científica contra Covid-19, como a Cloroquina – assuntos que têm sido investigados pela CPI da Pandemia –, valor do auxílio emergencial e desempregados que não conseguiram ser aprovados, diminuição do investimento na educação e pesquisas em universidades públicas, os mais de 100 pedidos de impeachment e a luta contra a fome – manifestantes carregavam cartazes como, “Vacina no Braço, Comida no Prato” e “Geladeiras vazias, Cemitérios cheios”.

Jornalistas insatisfeitos com grande parte da cobertura dos jornais brasileiros chegaram a fazer comparações com os destaques que foram dados às manifestações contra a ex-presidente, Dilma Rousseff, que com menos da metade dos pedidos de impeachment, teve a cassação do mandato de Presidente da República no dia 31 de agosto de 2016. Também comentaram que manifestações contra governo de outros países foram mais abordados do que a manifestação que, sem dúvidas, impressiona pelo número e pluralidade. 

“Dá saudades do tempo em que os jornais usavam receitas de bolo pra denunciar a censura sofrida. Agora ignoram CENTENAS DE MILHARES gritando FORA, BOLSONARO por vontade própria. Multidão nas ruas? Não tou vendo nada... Fatos, que fatos? Notícia, onde? É muito mais do que vergonhoso”, declarou no Twitter a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum.

Correspondente da América Latina para o The Guardian, Tom Phillips compartilhou no Twitter em inglês: “Eu não acho que vi um único manifestante sem máscara na marcha de hoje no Rio de Janeiro. Grande contraste com a manifestação bolsonarista da semana passada”. Ele também postou: “Por que a GloboNews não está cobrindo os protestos”. 

Colunista de vários jornais e ex-correspondente internacional de emissoras televisivas, a jornalista brasileira que mora em Nova Iorque, Lúcia Guimarães disparou no Twitter: “Por que os espectadores da BBC World e do Guardian estão assistindo a mais imagens dos protestos hoje do que os brasileiros?”. Ela também criticou o silêncio sobre a manifestação daqueles que pretendem participar da corrida eleitoral de 2022.

Milhares de brasileiros elogiaram o trabalho de veículos, como Mídia Ninja, mostrando a força do jornalismo digital independente e da cobertura colaborativa, que chegou a ser elogiada por estrangeiros. As agências internacionais de notícias, Reuters e AFP, o The Guardian e o El País também fizeram um ótimo trabalho de reportagem e fotojornalismo.

“O silêncio de parte da imprensa sobre hoje é ensurdecedor, orgulho de estarmos fazendo a nossa parte” BuzzFeed Brasil no Twitter

Para quem não entendeu as críticas de muitos jornalistas, basta lembrar que desde que Bolsonaro foi eleito, houve aumento de ataques aos jornalistas e centenas de tentativas de desacreditar a imprensa. Os ataques não vêm só dele, como também de milhares de seus apoiadores nas redes sociais, o que chegou inclusive à investigação do Gabinete do Ódio e resultou na CPMI das Fake News.

No Twitter, o analista de dados Pedro Barciela chegou a publicar que, além do impressionante volume, pela hashtag da manifestação deu para notar a diversidade de usuários engajados. 

“Fortaleçam as mídias independentes brasileiras! Elas não fogem da luta e estão bravamente ao lado da democracia e da garantia de direitos! Combatendo injustiças e desigualdades!” Mídia Ninja no Twitter

Um jornalista e escritor chegou a dizer que tinha dós dos amigos profissionais que se silenciaram no dia histórico, enquanto outro criticou a insistência em tentar esconder a crescente rejeição ao governo Bolsonaro.

Enquanto muitos jornais foram criticados, a cobertura feita lembrou da importância de valorização do jornalismo independente que, embora em muitos casos, tenha muito menos recursos financeiros, ousa mais na arte de contar histórias que costumam ser invisibilizadas pela mídia tradicional.

Além da tentativa de narrar, mas sem dar muito destaque feita por muitos veículos, vale pontuar que inúmeros jornais do Brasil nem mesmo soltaram uma nota sobre a manifestação – além de ser importante lembrar que alguns jornais ajudam a disseminar informações de tratamentos sem comprovação científica contra Covid-19 –, o que nos leva a uma espiral de silêncio e reflexões sobre a ética profissional e divergências políticas. 

Se o jornalista Alberto Dines estivesse vivo, a essas horas, o Observatório da Imprensa já tinha descido a lenha nos jornais que ignoraram as manifestações. 

24 horas depois, e alguns jornais além de não terem feito uma cobertura decente, fingem que nada aconteceu. Poderiam entrevistar e descobrir as diferentes motivações por trás da escolha de ir às ruas em plena pandemia. Difícil entender, difícil defender. 

Jornal indiano, Wion fez uma reportagem de 4 minutos sobre a manifestação, com duração maior do que a de muitos jornais brasileiros. Isso te faz refletir? 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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