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Safe: Minissérie do Harlan Coben para a Netflix entretém, mas não envolve
Tom é um médico que vive em uma comunidade fechada e supostamente protegida. Quando uma de suas filhas desaparece, ele logo se dá conta de outros acontecimentos estranhos na região e desesperadamente vai atrás de respostas. A minissérie Safe é uma produção britânica criada pelo escritor Harlan Coben, lançada em 2018 pela plataforma da Netflix.
Safe poderia ir além do entretenimento, explorar as emoções dos personagens e motivações, bem como trazer críticas sociais – especialmente sobre a sociedade da vigilância e pseudosegurança, como se o perigo estivesse somente fora –, mas se mostrou uma série bem rasa, daquelas que você pode assistir enquanto faz outras coisas ao mesmo tempo.
Apostando em tramas paralelas, em vez de fortalecer a narrativa, como grande parte dos personagens age como narradores não confiáveis e suas personalidades e histórias de vida não são exploradas o suficiente, mesmo diante de possíveis injustiças e reparações, a série não desperta muitas emoções.
Focada em responder o que teria acontecido com a filha do protagonista, a série poderia ter explorado mais a presença da personagem. Ao optar por manter o mistério se a adolescente teria morrido, fugido, sido sequestrada, se escondendo, entre inúmeras possibilidades, a série perdeu a chance de explorar a fundo esse período de forma simultânea e optou pela resolução de forma linear.
Não vou citar as revelações para não tirar a graça de quem ainda não assistiu Safe, porém, por meio de flashbacks, a série tinha o potencial de dar uma carga mais dramática para os acontecimentos. Ao se focar mais no presente e deixando de lado o foco nos personagens do passado, os diretores perderam a oportunidade de dar mais consistência e profundidade para os personagens, achatando a narrativa e tirando o potencial que a série de mistério tinha de se tornar uma das melhores da Netflix.
Depois de assistir à minissérie O Inocente, adaptação espanhola do livro do Harlan Coben para a Netflix, fiquei curioso para assistir Safe e fui com muita sede ao pote. Embora o roteiro seja bom, a minissérie britânica não é tão envolvente quanto eu esperava: apesar de ter vários personagens, nenhum deles desperta empatia suficiente pelos dramas dos personagens principais.
Pesquisando no IMDB, percebi que uma informação ajuda a entender um pouco a falta de sinergia na série. Três diretores fizeram parte: Julia Ford (três episódios), Daniel O'Hara (três episódios) e Daniel Nettheim (dois episódios); E a criação de Harlan Coben foi adaptada por quatro roteiristas: Daniel Brocklehurst (quatro episódios), Mick Ford (dois episódios), Karla Crome (um episódio) e Alex Ganley (um episódio). Com essa divisão, embora a história seja boa, a maneira que foi contada e o que optaram por dar destaque e mostrar.
Se você gosta de tirar um tempo para maratonar séries, Safe tem só 8 episódios. É também uma boa maneira de matar a saudade do ator Michael C. Hall (Série Dexter, que após anos deve retornar para a 9ª temporada) – embora o sotaque britânico do norte-americano não tenha agradado tanto os telespectadores.
Eu estaria mentindo se dissesse que achei a série excepcional. Mesmo com uma pegada de mistério criminal, a experiência é bem diferente daquelas em que você não consegue despregar os olhos e fica morrendo de curiosidade para saber como termina.
Por ter sido criada por Harlan Coben, a princípio pensei que Safe fosse uma adaptação de livro e fui pesquisar se alguma editora brasileira tinha traduzido pra cá, mas descobri que não. Se em gênero Safe e O Inocente são similares, ao se tratar de intensidade, a série espanhola consegue despertar debates que extrapolam a ficção.
*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.
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