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Destaques

Scoop: Jornalistas da BBC e uma entrevista polêmica com príncipe Andrew

Quando um escândalo internacional envolvendo a Família Real estoura, uma jornalista tenta ser a primeira a conseguir uma resposta do príncipe Andrew para a BBC. Scoop é um filme de 2024 sem grandes surpresas para quem acompanhou a cobertura midiática da época, que mostra a importância do jornalismo não se silenciar quando se faz relevante. Um caso que havia sido noticiado há nove anos sobre a amizade de Andrew e Jeffrey Epstein estoura com a prisão do milionário e suicídio. Enquanto jornais de diferentes partes do mundo fizeram cobertura, o silêncio de príncipe Andrew no Reino Unido incomoda a equipe de jornalismo, que tenta persuadi-lo a dar uma entrevista. Enquanto obtém autorização para fazer a entrevista, a equipe de jornalismo mergulha nas informações que a Família Real não gostaria que fossem divulgadas sobre as jovens que faziam parte do esquema de tráfico sexual e as vezes em que príncipe Andrew estava no avião particular de Epstein. O filme foca mais na equipe de jornalismo do

Special: Série com toque autobiográfico traz personagem gay com paralisia cerebral, humor e diversidade

Com humor e um toque de drama, a série Special conseguiu juntar vários elementos que nem sempre ganham espaço no universo televisivo e que os telespectadores tanto cobravam: a intersecção entre diversidade sexual, deficiências, diversidade de gênero e diversidade racial. Lançada em abril de 2019 pela Netflix, a série foi criada pelo ator, diretor, escritor, comediante e ativista LGBQ e do movimento das deficiências, Ryan O’Connell, o que dá um toque autêntico para a produção. 

Para quem gosta de séries com um toque autobiográfico e personagens diversos, como Please Like Me, Special é o tipo de produção televisiva com o potencial de encantar os telespectadores que se identificam com as temáticas abordadas, mas também acabar afastando o público geral que não entenderia as inúmeras referências presentes em diferentes pautas identitárias, entre elas, o do movimento da neurodiversidade. 

Sempre me perguntei por que a Netflix não aposta em produções ousadas como Queer as Folk, que fez tanto sucesso entre o público LGBTQ que não só permanece referência, como vai ganhar um reboot. Special tem um humor mais refinado, para quem precisa saber ler as entrelinhas e corre o risco de ser mal interpretado por quem pode enxergar como ofensivo. A série traz à tona algumas coisas que acontecem nos bastidores das comunidades invisíveis, como os diferentes movimentos das pessoas com deficiência.

Outro ponto interessante em Special, é como a série dialoga com outras produções da Netflix, como Atypical e Love On The Spectrum – ambas envolvendo o universo do autismo e relações de amor e amizade entre neurodivergentes e neurotípicos e mostrando para a sociedade preconceituosa que mesmo diante de alguns desafios sociais, muitas pessoas no espectro autista também têm interesse em namorar.

A primeira temporada de Special se focou nas autodescobertas de Ryan Hayes (Ryan O’Connell) e no seu relacionamento disfuncional com sua mãe, Karen Hayes (Jessica Hecht), ora marcado pela superproteção por causa da paralisia cerebral dele e dependência emocional, ora pelos comportamentos passivos agressivos de quem tem dificuldade de lidar com o ninho vazio e aceitar a independência do filho.

Além disso, também mostra o início da amizade entre Ryan e sua colega de trabalho, Kim (Punam Patel). A atriz não só torna a série mais engraçada, como sua personagem representa alguns dos desafios de familiares de imigrantes nos Estados Unidos de mostrar uma imagem bem-sucedida e, por vezes, acabar se endividando para manter esse status. Assim como Ryan que é redator, ela também mostra tanto o sucesso como a desvalorização da profissão e também levanta discussões sobre autoaceitação do corpo e gordofobia. 

Enquanto o início da série discute o autocapacitismo de Ryan, algo bastante polêmico e discutido nas diferentes comunidades de pessoas com deficiência, bem como seu desenvolvimento sexual – mesmo gay, ele só perdeu a virgindade na vida adulta –, a segunda temporada de Special aprofunda os dilemas e as personalidades dos personagens principais, mostrando como eles amadureceram diante dos conflitos. Ryan e Kim embarcam numa jornada de amizade, sexo e amor; vale também lembrar que as origens indianas da personagem também é explorada na segunda temporada.

As participações especiais dos atores Lauren Weedman e Buck Andrews deixaram a segunda temporada de Special mais emocionante. De uma primeira temporada com aproximadamente 15 minutos, para uma segunda com o dobro do tempo, a série mostra como é possível abrir espaço para novas narrativas diversas, sem abrir mão da comédia.

Jim Parsons foi um dos produtores executivos de Special. O ator gay norte-americano é mundialmente conhecido por ter interpretado Sheldon, em The Big Bang Theory, que também participou de duas produções com personagens gays, The Normal Heart e The Boys In The Band

Segundo informações de uma entrevista do Hollywood Reporter com Ryan O’Connell, a segunda temporada de Special foi a final. Muita gente não sabe, mas a série foi baseada no livro escrito pelo protagonista-criador, I’m Special: And Other Lies We Tell Ourselves. No Brasil, o livro Especial foi traduzido e publicado pela Galera, do Grupo Editorial Record.

Questionado sobre quais seriam os próximos passos após Special, Ryan O’Connell respondeu para a Hollywood Reporter que escreveu um romance que no momento dava entrevista estava na fase de edição e que vendeu algumas produções, mas que ainda aguarda informações sobre seus destinos.

Levando em conta a ousadia da produção não só de apertar as feridas das diversidades, como de mostrar cenas de sexo gay, creio que por mais que do ponto de vista geracional a série possa conquistar a audiência, levando em conta os assinantes conservadores e homofóbicos, como a série precisa ter retorno com base na quantidade de pessoas assistindo, a produção corre o risco de ser sabotada ou não lucrar o suficiente.

Espero que a segunda temporada de Special faça tanto sucesso que a Netflix reconsidere uma terceira temporada ou que a série encontre um novo lar. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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