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Série documental da Netflix explora caso em aberto de assassinato de francesa na Irlanda
Para quem gosta de histórias criminais internacionais e investigações problemáticas, o documentário Sophie: A Murder in West Cork apresenta o caso intrigante de Sophie Toscan du Plantier, uma francesa que foi assassinada em uma região da Irlanda e devido a inúmeras situações, pairam dúvidas sobre omissões e responsabilização do culpado pelo crime. A série documental está disponível na Netflix e foi lançada em 2021.
Dependendo do país de onde vive o telespectador, a princípio não fica tão perceptível como as diferenças culturais dos envolvidos em um crime, dos comportamentos regionais das testemunhas, da polícia e do sistema judiciário podem influenciar na resolução de um caso, mas vai se tornando mais evidente ao longo dos episódios da série documental.
De 1996, ano em que Sophie foi assassinada em West Cork, até 2021, ano em que foi lançada a série documental, muita coisa mudou, mas outras permaneceram iguais. Ao longo dos três episódios, é impossível não gerar ansiedade de que algo positivo pode ter acontecido, mas uma mistura de elementos tornou possível que o principal suspeito do crime tenha conseguido se manter livre e ainda que não fosse ele, mesmo com as limitações tecnológicas da época, como a banalização da violência contra a mulher na Irlanda e as diferenças de percepções entre a polícia e o ministério público podem ter influenciado o desenrolar do caso.
West Cork servia como um refúgio para pessoas de diferentes partes da Europa. O que levou uma mulher da França a ter uma casa lá? Como um jornalista britânico que morou na região acabou se envolvendo com o caso? Essas e tantas outras questões são levantadas pela série documental e revelam como uma região irlandesa ganhou os holofotes internacionais devido ao desenrolar problemático das investigações e a impunidade.
Enquanto em alguns lugares do mundo, o caso seria esquecido, 25 anos depois, a família de Sophie Toscan du Plantier continua buscando a justiça. Com sistemas jurídicos diferentes entre a França e a Irlanda, o próprio ministério público irlandês apontou inconsistências na investigação policial e a polícia não coletou as evidências ou teve o cuidado necessário, que poderia ajudar a encontrar o real culpado, tendo se limitado aos depoimentos da população de West Cork.
Com mais depoimentos colocados em evidência e cruzamento das informações ao longo do tempo, a família da vítima conseguiu abrir o caso, mas desta vez na França. Com o avanço da tecnologia, se a polícia irlandesa tivesse feito um bom trabalho, talvez poderiam tentar extrair DNA dos objetos da cena do crime ou ter algo mais sólido do que os depoimentos.
O documentário levanta uma série de problemas, como depoimentos confiáveis e não confiáveis, além da mudança de posicionamento diante de ameaças. Um ponto interessante do documentário foi mostrar diferentes pontos de vista que levam para a mesma direção, com exceção de um: do homem acusado pelo assassinato.
Excêntrico ou perigoso? Conforme novas informações sobre o caso chegam com esse atraso de décadas, fica cada vez mais claro que alguns depoimentos foram deixados de lado pela limitação geográfica. Diante da falta de evidências materiais, mas com tantas evidências circunstanciais, a família da vítima se revoltou com a falta de justiça no território irlandês e, embora tenha obtido um parecer diferente, ainda esbarra em questões internacionais.
Se a situação é extremamente desconfortável para quem mora na região, na possibilidade de ter um assassino tão próximo – muitas mulheres chegaram a se mudar de West Cork –, para os amigos e familiares de Sophie revelam a quebra de confiança de que a justiça será feita. Com tantas mudanças de depoimentos do suspeito, que chegou a dizer em voz alta várias vezes que teria matado a vítima, porém alegou que se tratava de sarcasmo, pela maneira que ele é retratado no documentário e que ele mesmo se apresenta, o documentário sobre o caso só cria mais polêmicas e revela a necessidade de possíveis alterações nas legislações quando se tratam de vítimas e acusados de diferentes países.
Para quem gosta de casos curiosos, sem dúvidas, o documentário Sophie: A Murder in West Cork é uma boa indicação do que assistir. Um caso em aberto durante tantos anos, com entraves internacionais e um personagem jornalista que mais se comporta como um escritor de ficção, contando e recontando suas narrativas de forma mais apropriada para ele e uma polícia que perdeu sua credibilidade por desapontar a família da vítima.
Do início ao final do documentário, fiquei esperando pelo momento em que uma reviravolta no caso faria a justiça se manifestar, mas a história termina em aberto e como aquele livro que quando chega ao final com tantas pontas soltas, ninguém sabe quando e se um dia se encerrará.
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