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Destaques

Âncora

Ancorar é encontrar um espaço seguro mesmo diante do caos. É ouvir uma música e se permitir encontrar paz, mesmo quando as coisas estão fora de controle. É pensar na sua pessoa favorita e sentir as emoções reguladas. É saber que você pode confiar em quem conversa o dia inteiro. É confiar que mesmo diante da ambiguidade, ele vai honrar a promessa que fizeram. É ressignificar o que antes poderia ser visto como algo preocupante e aceitar que era mais do que seus diagnósticos. Era saber que não havia melhor pessoa que o entendesse nos últimos tempos. Era brincar com as linhas e nossas indefinições. Era saber que de tanto ensaiar situações de possíveis crises, que ele saberia notar se algo estivesse diferente. Cada um dos seus sinais. Escrevia para lembrar e também para esquecer. Escrevia para lembrar dos ciclos fechados e agradecer o que estava aberto. Era entender o quanto estava sufocado e que, às vezes, um olhar certo bastava. Escrevia para aceitar que as coisas poderiam mudar. Que em u...

Aftermath: Filme de suspense intrigante da Netflix tem inspiração em caso real

Você teria coragem de se mudar para uma casa onde os donos anteriores morreram? Como reagiria se eventos inexplicáveis acontecessem após a mudança? O filme Aftermath é uma dessas histórias que intrigam e, ao mesmo tempo, passam um ar de trivial, ao levar em conta o envolvimento dos personagens e seus segredos. Dirigido por Peter Winther que adaptou o roteiro junto com Dakota Gorman, o suspense é um dos lançamentos de agosto de 2021 na Netflix.

Para quem gosta de filmes que brincam com as expectativas dos telespectadores e exploram as diversas coincidências, Aftermath consegue envolver nesse jogo de mistérios. Confesso que a princípio, o meu interesse em assistir se deu por causa da atriz Ashley Greene, que interpreta a protagonista Natalie Dadich, mas diante da baixa quantidade de filmes do gênero na Netflix foi uma surpresa boa.

O roteiro toca em vários pontos polêmicos relacionados ao universo dos relacionamentos e dos crimes, além de apresentar personagens com comportamentos problemáticos e questionáveis, mantendo o clima de tensão, onde as suspeitas e as narrativas que ficam nas entrelinhas levam para vários caminhos.

Kevin Dadich (Shawn Ashmore) também é um personagem curioso. Embora em muitos momentos os eventos que desenrolam no filme possam parecer artificiais, também trazem um ar de naturalidade ao retratar tanto o universo do trabalho dele como limpador de cenas de crimes e de alguém tentando manter vivo um relacionamento e recomeçar, mesmo com os problemas de confiança e com as memórias dolorosas.

É difícil sentir qualquer empatia por Kevin, mesmo sabendo da tragédia que envolveu o seu passado, por conta de sua personalidade e das oscilações de humor em relação à esposa. Além de tudo, ainda que não aprofunde tanto no assunto, a Natalie é indiretamente vítima de gaslighting, ao narrar acontecimentos estranhos na sua casa e suas suspeitas não serem apoiadas pelo marido, que acaba vendo como uma paranoia e até tenta relacionar com algum transtorno mental, pedindo para ela tomar medicamentos.

Nesses aspectos, o roteiro traz um tom realista, mas em muitos outros, acaba virando um amontoado de eventos paralelos que guiam os personagens por meio de seus vieses e os telespectadores de acordo com suas crenças.

Da dinâmica dos recomeços e dos confrontos com os passados e suas sombras, as reviravoltas surpreendem por conta das motivações em tom crescente que se misturam e criam cenários onde os personagens são jogados para dançar no escuro e o telespectador é conduzido até o ato final, onde as verdades vêm à tona e os medos que antes pareciam infundados, ganham vida.

O filme Aftermath é envolvente, principalmente, porque parte da história foi baseada em um caso real que aconteceu nos Estados Unidos – não vou citar quais eventos para não estragar a surpresa – e acaba servindo como um lembrete do lado sombrio do ser humano e como as ambições, as paixões e os desequilíbrios foram, são e sempre serão questões problemáticas na história da humanidade.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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