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Algoritmos

Algoritmos. Algoritmos às vezes nos mostravam o que não queremos ver. Quando menos nos damos conta estamos diante da recomendação de um conteúdo ou recomendação para seguir de alguém que já não faz parte da nossa vida há anos. Os anos passam, mas é como se os algoritmos não se atualizassem: é quase como se ele nos prendesse ao passado. Algoritmos não eram necessariamente bons ou ruins, mas causavam impacto nos nossos comportamentos. De repente, basta um simples conteúdo para dar um gatilho sobre o que você viveu com alguém do passado. Chega a ser engraçado como os algoritmos falham. Muitas pessoas comentam: eu sei que essas pessoas estão no Instagram (ou qualquer outra rede social), eu só não quero adicionar elas. Os algoritmos seguem sem a nossa vontade. Eles não sabem as histórias que aconteceram fora dos bastidores das telas, não sabem muito sobre o contato humano. Ainda que cause um incômodo e que o algoritmo recomende alguém totalmente diferente do que você esperava: às vezes é me...

All Of Us Are Dead: Série sul-coreana eletrizante de zumbis explora questões psicológicas e sociais

Com um excelente trabalho de construção de personalidades dos personagens e como suas saúdes mentais são afetadas – especialmente na adolescência – pelos impactos causados por um vírus que transforma as pessoas em zumbis, a série sul-coreana All Of Us Are Dead tem feito bastante sucesso na Netflix e com razão: balanceando momentos de tensão e violência com questões mais dramáticas sobre sobrevivência e perdas de pessoas amadas.

Dirigida por J.Q. Lee e Kim Nam-Soo e com roteiro de Seong-il Cheon, a série lançada em 2022 ainda não tem uma confirmação de 2ª temporada, mas se continuar fazendo sucesso entre os telespectadores de várias partes do mundo, é possível que ela seja renovada, como aconteceu com a série sul-coreana Squid Game (Round 6).

Enquanto algumas séries exploram bem os personagens antes do episódio catastrófico despertando empatia por alguns deles e desprezo por outros, All Of Us Are Dead vai apresentando mais sobre as diferentes camadas psicológicas e contextos sociais dos personagens ao longo dos episódios e, de forma inteligente, sem abrir mão dos momentos eletrizantes de ação e o suspense sobre o que acontecerá a seguir, como num jogo de tabuleiro, conforme as peças se movem, há muitas críticas sociais sobre o comportamento humano em tempos de desespero e de luta pela própria vida. A série também cutuca a ferida do bullying e como parte do sistema escolar simplesmente ignora o problema.

Se a pandemia de Covid-19 já mostrou como o mundo está despreparado para lidar com doenças infecciosas – a qual, inclusive, é citada na série –, imagine como seria com um vírus mais letal, capaz de destruir vários tecidos sociais. Ao mesmo tempo em que alguns resistem e pensam no bem-estar coletivo, em situações de crises, outros pensam nos próprios interesses e acabam pagando com a própria vida. Não tão diferente do que temos visto nos dias atuais, mas pelas características peculiares do vírus da série, os desafios são maiores e os limites são testados constantemente, criando a sensação de que ninguém sobreviverá no final.

Narrativas de zumbis mais focadas nos personagens adultos já revelam o lado sombrio do ser humano, quando se tratam de adolescentes, então, a ansiedade, a raiva e a imprevisibilidade são fatores que tornam o enredo mais angustiante, principalmente quando estão limitados a um determinado espaço, como acontece com o núcleo principal de personagens, adolescentes que encaram tudo isso dentro de um colégio, tendo que lidar com rostos conhecidos e com o luto, sem perderem a esperança.

Os limites morais e éticos são questionados pelos próprios personagens e ainda que não fossem, geram ótimas reflexões aos telespectadores sobre como o pânico pela sobrevivência leva a escolhas difíceis e questionáveis sobre como humanos são tratados em períodos de reclusão, a falta de lógica de uma situação em que jovens desesperados por ajuda não são vistos como preferência e a crítica ao próprio sistema educacional e meritocrático, que os enchem de preocupações com o sucesso no futuro mesmo que o mundo esteja em chamas.

Entre sacrifícios e auto sacrifícios, seja por amizade, amor ou nacionalismo, os personagens de All Of Us Are Dead encontram segurança e apoio nos laços afetivos, lembrando que no final das contas somos animais sociais. Se passar por uma tragédia apocalíptica zumbi pode ser uma experiência infernal diante da privação de água e de alimentos, tudo pode ser mais caótico e desolador sem ter alguém por perto para compartilhar os medos, as dores e se juntar à luta.

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.

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