Pular para o conteúdo principal

Destaques

Para onde vão todas coisas que não dissemos?

Para onde vão todas coisas que não dissemos? Essa é uma pergunta que muitas pessoas se fazem. Algumas ficam presas dentro de nós. Outras conseguimos elaborar em um espaço seguro, como a terapia. Mas ignorar as coisas, muitas vezes pode ser pior. Fingir que as emoções não existem ou que as coisas não aconteceram não faz elas desaparecerem. Quando um relacionamento chega ao fim, pouco importa quem se afastou de quem primeiro. Mas há quem se prende na ideia de que se afastou antes – em uma tentativa de controlar a narrativa, como se isso importasse. O fim significa que algo não estava funcionando e foi se desgastando ao longo do tempo. Nenhum fim acontece por mero acaso. Às vezes, quando somos levados ao limite, existem relações que não têm salvação – todos limites já foram cruzados e não há razão para impor limites, somente aceitar que o ciclo chegou ao fim. Isto não significa que você guarde algum rancor ou deseje mal para a pessoa, significa que você decidiu por sua saúde mental em pri...

Cyber Hell: Documentário coreano da Netflix aborda casos de crime de exposição de garotas na internet

É preciso ter estômago forte para assistir ao documentário coreano Cyber Hell sobre investigação jornalística de uma série de crimes envolvendo garotas de escolas e jovens que eram humilhadas, assediadas e expostas para vários grupos em aplicativos de comunicação. Com direção e roteiro de Jin-sung Choi, o documentário de 2022 traz entrevistas com os jornalistas que tentaram entrar no submundo destes grupos criminosos e revelam a perversão por trás das mentes dos membros que faziam parte.

O que começou como uma investigação sobre um caso de vítimas em um colégio na Coreia do Sul, seguindo em direção a um dos suspeitos de perseguir as vítimas e ameaçá-las em troca de conteúdos pornográficos delas, acabou ganhando mais profundidade, conforme outros leitores passaram o nome de um dos responsáveis por um grupo maior, que visava jovens mulheres, as quais ele atraia com falsas ofertas de emprego.

“Não era nem um vídeo pornográfico caseiro de algum voyeur. O que eles faziam era dar missões às mulheres. Elas tinham que fazer coisas grotescas, bizarras. E todos no grupo assistiam juntos”, afirmou o jornalista que liderou as investigações.

O nível dos ataques à privacidade das vítimas era tanto que eles coletavam informações pessoais, números de documentos e endereços. No caso do grupo envolvendo vítimas do colégio, o jornalista que liderava a reportagem chegou a ser vítima e fotos dele com a família foram expostas no grupo.

A falta de controle externo sobre os gerenciadores de grupos em aplicativos de comunicação, como o Telegram, onde as humilhações e as trocas de fotos e vídeos de garotas e mulheres sendo humilhadas e expondo seus corpos dão à história um toque de filme de thriller, conforme você percebe que embora os jornalistas vão se envolvendo, o trabalho da polícia não é capaz de alcançá-los e se revela o prazer sádico de um dos líderes de grupos de mostrar ‘quem está mandando’.

Baksa, o responsável pela criação das salas e um dos vendedores de conteúdos ilegais recebia pagamentos em criptomoedas, o que para muitos, dava um senso de anonimidade. O documentário coreano nos faz refletir o quanto crimes parecidos podem acontecer em diferentes partes do mundo e passarem despercebidos, até que alguém decida investigar e denunciar.

Apesar de ter sido um trabalho que cobrou bastante da saúde mental dos jornalistas, sem o pontapé inicial muitos sairiam impunes dos crimes terríveis que cometeram. Além das chantagens e constrangimentos de serem expostas na Coreia do Sul, não dá para ter dimensões de quantas pessoas tiveram acesso aos conteúdos ilegais pagando ou não.

Uma discussão que é levantada no documentário é sobre o quanto as pessoas que estavam consumindo o conteúdo também estavam cometendo crimes, alguns se envolvendo de forma ativa também participando de comportamentos de perseguição e humilhação das vítimas. 

Conforme as investigações jornalísticas e policiais avançam e mais informações do desenrolar dos casos são fornecidas ao telespectador, embora nada apague o sofrimento e o trauma das vítimas, pelo menos bate um alívio de saber que muitos foram responsabilizados. 

*Ben Oliveira é escritor, formado em jornalismo. Autor do livro de terror Escrita Maldita, publicado na Amazon e dos livros de fantasia jovem Os Bruxos de São Cipriano: O Círculo (Vol.1) e O Livro (Vol. 2), disponíveis no Wattpad e na loja Kindle.


Mais lidas da semana